ENSP lança guias que estimulam a comunicação acessível
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) celebra, neste mês de julho, o lançamento de dois guias voltados para comunicação acessível. O acervo se une ao já lançado Guia de acessibilidade para as ações educativas na Fiocruz, e reflete o compromisso institucional com o respeito à diversidade humana e o desenvolvimento de ações para inclusão das pessoas com deficiência, criando condições para que protagonizem seus processos de saúde e doença. Os dois guias foram desenvolvidos com o apoio do Programa de Políticas Públicas, Modelos de Atenção e Gestão do Sistema e Serviços de Saúde (PMA), da Vice-presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz).
Segundo Laís Costa, coordenadora da pesquisa que desenvolveu os guias, com atuação de vanguarda, a VPPCB ampliou os critérios de inclusão em seu último Edital - lançado em 2020 - em reconhecimento às condições desiguais de acesso a recursos para a pesquisa para grupos e temas cuja histórica invisibilização tem perenizado uma estrutura social excludente e materializado o acesso iniquo ao SUS. "A impressão dos guias contou com apoio adicional do Vice-Presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Oliveira, e do diretor da ENSP, Marco Menezes.
A pesquisa que originou os guias é coordenada por Laís Costa, pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da ENSP, junto com o pesquisador do IdeiaSUS, Annibal Amorim, além da doutoranda da ENSP - lotada na Coordenação de Gestão de Pessoas (Cogepe/Fiocruz) - Sonia Gertner, e tem como coordenadores locais Alisson Azevedo, da UFG; Anna Feminella, da ENAP; Cinthya Freitas, da UERJ; e Luciana Lindenmeyer, da Fiocruz-Ceará.
Os coordenadores ressaltam que há um sem-número de guias e orientações voltadas para a eliminação de barreiras comunicacionais que na saúde têm impedido o diagnóstico fidedigno, comprometido a adesão ao tratamento e inviabilizado o encontro intersubjetivo, necessário ao cuidado em um conceito de uma APS forte e ampliada. Ressaltam, também, que os guias lançados inovam ao serem acessíveis para todas e todos as/os brasileiras/os. "Os guias impressos contam com versão digital depositada no ARCA, com áudio descrição, linguagem simples, tradução em Libras e arquivo em PDF acessível. E uma versão em braile está sendo validada no momento. Tudo isso graças a várias parcerias e ao apoio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro", destacou Laís.
Sobre os guias
O guia em linguagem simples traz orientações objetivas e simples, porém cruciais para a efetivação de um SUS que de fato seja “de” e “para” todas as pessoas. Traz também orientações sobre o uso correto de palavras para se referir às pessoas com deficiência. É um produto de bolso que demanda não mais de dois minutos para acessar orientações voltadas à eliminação de barreiras à participação das pessoas com deficiência em reuniões virtuais ou presenciais, em documentos escritos digitais, na apresentação de slides ou ainda em grupos de mensagem, além de prover o letramento sobre terminologia não capacitista. Por ser em linguagem simples, não somente é acessível a pessoas com deficiência intelectual mais severa, como tende a beneficiar aproximadamente 90% da população brasileira, dada a precariedade do sistema público educacional nacional. É um produto desenhado para favorecer a democratização da informação.
"Há ainda outra versão desse guia publicada em literatura de Cordel, e produzida com o apoio da Fiocruz do Ceará, unidade em que está lotada uma das coordenadoras locais do projeto, a pesquisadora Luciana Lindenmeyer. Há relatos na literatura científica da utilização do cordel como uma ferramenta para letramento em saúde por parte da população. De fato, o Guia em cordel, desenvolvido pelo cordelista Edson Oliveira, com xilogravuras do Nonato Araújo, já se encontra na sua segunda tiragem e tem se disseminado em público que tradicionalmente não costuma atentar para as questões relativas à exclusão da pessoa com deficiência - dado o capacitismo ser um preconceito estrutural em nossa sociedade e como tal, ser naturalizado", explicou Costa.
Segundo Laís, os guias foram desenvolvidos a muitas mãos e instituições, de autoria compartilhada, o que favorece a apropriação de seu conteúdo. Assim, inovam não somente no formato, como na forma em que foram produzidos, a partir de uma série de parcerias que têm otimizado recursos públicos diversos, valendo menção especial ao acordo de parceria estabelecido junto à Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, por meio de sua Secretaria da Pessoa com Deficiência (SMPD-Rio). Em conjunto as instituições (Fiocruz e Prefeitura) reuniram seus recursos para produção desse produto final, cuja acessibilização e validação contou com o apoio político, o trabalho e a excelência dos técnicos da SMPD-Rio.
"Importante destacar o fato de a prefeitura do Rio contar com uma Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência na sua estrutura, o que pontua seu compromisso político com o combate à intolerância e à discriminação, e instrumentaliza o fortalecimento de uma cultura de inclusão e de valorização da diversidade humana, comprometida com a promoção da autonomia e efetiva inclusão da pessoa com deficiência em todos os espaços da sociedade", concluiu a pesquisadora.
Os guias estão disponíveis no ARCA, em acesso aberto. Acesse!
O lançamento dos guias é motivo de orgulho para a Escola Nacional de Saúde Publica, pois está em conformidade com o Compromisso 11 do Programa Vivo da ENSP (Programa de Gestão da direção ENSP 2021-2025), que dispõe sobre o avanço na luta antirracista, pela equidade de gênero, por acessibilidade e diversidade. Acesse aqui o Programa Vivo e saiba mais.
Crédito foto: acervo pessoal Laís Costa.
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