Conheça o trabalho do Engenheiro de Saneamento e como ele ajuda a enfrentar a crise hídrica no Brasil
Por: Danielle Monteiro
No dia 13 de julho, é comemorado o dia desse profissional. A data foi criada a partir de um decreto de lei, em 1964, que estabeleceu a criação do Departamento Nacional de Obras de Saneamento.
O que faz um Engenheiro de Saneamento?
O trabalho de um engenheiro de saneamento consiste em garantir o bem-estar social, prevenir doenças, preservar o meio ambiente e reduzir os danos ambientais, visando o desenvolvimento sustentável. Seu foco de atuação é na área de exploração e uso dos recursos hídricos.
O engenheiro de saneamento elabora e coordenada os projetos de saneamento básico e obras sanitárias. É ele quem também analisa e orienta o uso dos recursos das bacias hidrográficas, assim como elabora projetos e obras hidráulicas com vistas à melhoria da qualidade de vida da população. Ainda dentro do escopo de atividades do profissional, está a elaboração de projetos de preservação ambiental e controle da poluição; além da criação de projetos de limpeza urbana e de eliminação dos resíduos sólidos.
Escassez de chuvas e crise hídrica no Brasil
O Brasil enfrenta o período mais seco dos últimos 91 anos, segundo o Ministério de Minas e Energia. De acordo com projeções do Operador Nacional do Sistema (ONS), a maioria dos reservatórios brasileiros terá menos de 10% do volume útil já em novembro de 2021. A situação é preocupante, segundo especialistas, pois os reservatórios brasileiros podem não atender a demanda ainda esse ano. Com isso, o país terá que pensar em novas alternativas à produção de energia e de água.
O problema recai não somente na qualidade de vida da população, mas também no bolso do brasileiro, que, possivelmente, será obrigado a arcar com custos mais elevados no consumo de energia elétrica. Isso porque, com a estiagem, será necessário maior acionamento das usinas termelétricas, que são mais caras, para compensar a queda de geração das usinas hidrelétricas. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a crise hídrica enfrentada pelo país neste ano pode provocar uma alta de pelo menos 5% nas contas de luz em 2022.
A crise hídrica gera ainda diversos outros problemas para o país, como diminuição de colheita nas lavouras e prejuízo no desenvolvimento dos frutos e na qualidade das pastagens, como ocorre atualmente no Centro-Sul do Brasil. E, mais uma vez, quem paga o preço é a população, já que esses fatores podem contribuir para o aumento dos preços de alguns produtos agrícolas, e, consequentemente, do valor pago pelo consumidor.
Urgência do saneamento no abastecimento de água
Em um momento de crise hídrica enfrentada por todo o país, o trabalho do engenheiro de saneamento se torna ainda mais imprescindível. Afinal, é esse profissional que faz o diagnóstico dos principais desafios na área de uso dos recursos hídricos e propõe soluções para a melhoria do bem-estar e qualidade de vida da população.
Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o protagonista da história do abastecimento de água local se chama rio Guandu, cujas águas são fornecidas para toda a região metropolitana. Todo o verão, o quadro se repete: a Estação de Tratamento (ETA) Guandu entra em crise. Isso acontece em decorrência da inexistência de esgotamento sanitário das áreas urbanas drenadas pelos Rios dos Poços, Queimados e Ipiranga, todos afluentes ao Rio Guandu. No verão, a situação se agrava devido às altas temperaturas, que provocam uma aceleração do processo de decomposição da matéria orgânica, que consome o oxigênio e libera nutrientes causadores do crescimento de algas, vegetais e micro-organismos.
O pesquisador do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP), Renato Feitosa, explica que a poluição dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga é decorrente do despejo de esgotos domésticos, resíduos industriais e lixos na rede hidrográfica. “O agravamento do problema ocorre há mais de 20 anos e vem acontecendo em função do crescimento urbano e industrial desordenado”, esclareceu Feitosa, durante o Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos da ENSP (Ceensp), realizado em 24 de junho.
A salinidade presente nas águas doces é mais um dos desafios para um melhor abastecimento de água na cidade, segundo especialistas. Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Canedo, a solução para o problema seria a realização de uma obra de remediação ambiental, com o uso de cavas como reservatório de regularização. “Essa intervenção permitirá aumentar a segurança hídrica da Zona Industrial, recuperar ambientalmente a bacia do rio da Guarda, além de criar um parque recreativo público e uma zona de expansão habitacional junto ao Porto”, defendeu o professor, durante o Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos da ENSP (Ceensp).
Somam-se aos desafios, de acordo com os especialistas, o risco de proliferação de algas no local de captação da Cedae no rio Guandu, em função da elevada carga de nutrientes dos esgotos, assim como a presença de pastagens abandonadas, grandes erosões e desmatamento, além da fiscalização e licenciamentos deficientes dos empreendimentos na Bacia do Paraíba do Sul.
Saiba mais, aqui, sobre os desafios do abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro
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