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Especialistas alertam para urgência do saneamento no abastecimento de água

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Publicado em:29/06/2021
A urgência do saneamento no abastecimento de água foi a pauta do último Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos (Ceensp/ENSP), realizado no dia 24 de junho. Na ocasião, especialistas discutiram a importância do saneamento sustentável e os principais desafios do abastecimento de água no Rio de Janeiro. Eles também propuseram diversas soluções para o abastecimento de água na cidade.

Coordenadora do encontro, a chefe do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP), Clementina Feltmann, atentou para a importância da água para a sociedade e do cuidado aos nossos mananciais. “Costumamos reclamar muito da escassez de água, somos muito críticos, mas, hoje, o convite é pensarmos de que forma podemos atuar para proteger nossos mananciais. Esperamos contribuir, com esse evento, para a construção de um futuro melhor”, disse.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Canedo, centrou sua apresentação na questão da água para o abastecimento tanto público quanto do setor produtivo, com enfoque nos problemas enfrentados pelo rio Guandu, cujas águas abastecem toda a região metropolitana do Rio de Janeiro. Entre os desafios destacados por Canedo, estão as frequentes crises da Estação de Tratamento (ETA) Guandu durante o verão, assim como a falta de saneamento da cidade de Seropédica e adjacências. “A solução definitiva desse problema exige investimentos da ordem de R$ 100 milhões e obras por um período em torno de quatro anos. Enquanto as obras de saneamento da região não chegam, resta-nos adotar uma solução emergencial com eficácia e custos baixos”, afirmou. 

Uma solução definitiva, segundo ele, seria o saneamento das cidades existentes na bacia dos rios Poços, Ipiranga e Queimados. Outro desafio relatado pelo professor foi a salinidade presente nas águas doces. Como solução para o problema, ele propôs uma obra de remediação ambiental, com o uso de cavas como reservatório de regularização. Segundo ele, essa intervenção “permitirá aumentar a segurança hídrica da Zona Industrial, recuperar ambientalmente a bacia do rio da Guarda, além de criar um parque recreativo público e uma zona de expansão habitacional junto ao Porto”.

Em seguida, o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Adacto Ottoni, atentou para a qualidade moderada da água do rio Guandu, consequência da degradação da bacia do rio Guandu. “Isso é algo preocupante, pois estamos trabalhando com o manancial que abastece a cidade. Agua é saúde, nós temos que trabalhar com os mananciais como se fosse um tesouro, e isso não vem acontecendo”, observou. Ele lembrou que 90% das águas do rio Guandu vem por transposição do rio Paraíba do Sul, sendo que aproximadamente 70% da bacia do Paraíba do Sul sofre com pastagens abandonadas, grandes erosões e desmatamento. Soma-se ao problema, segundo ele, a fiscalização e licenciamentos deficientes dos empreendimentos da região. “Estamos em plena crise hídrica, com o nível reservatório bem baixo das hidrelétricas e, consequentemente, de vários reservatórios no Brasil, que abastecem a população”, alertou. 

Segundo o professor, a solução para o problema está em um saneamento sustentável, que proteja o meio ambiente, seja economicamente possível e socialmente desejável, além de proteger a saúde da população e gerar empregos, com vistas à recuperação ecológica e da qualidade da lagoa do rio Guandu . Nesse sentido, ele defendeu uma produção que, ao invés de descartar, reaproveite continuamente os resíduos, de forma que não haja poluição. 

Para enfrentar os desafios, Adacto propôs o uso de soluções alternativas, rápidas e baratas para o saneamento dos esgotos sanitários nas áreas periféricas e rurais das bacias hidrográficas dos rios Queimados e Ipiranga, onde a densidade populacional é menor. Ele também defendeu a utilização de um Sistema Separador Absoluto nos municípios de Queimados e Nova Iguaçu, onde poderiam ser aproveitadas as estações de tratamento de esgotos da fase anterior do desvio do rio, assim como a implantação de vegetação ciliar nas faixas marginais de proteção dos rios Queimados e Ipiranga, em áreas não consolidadas. 

Para finalizar, o pesquisador do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP), Renato Feitosa, focou sua apresentação em torno da física da poluição do complexo lagunar da cidade. Ele também falou sobre as causas dessa degradação e demais problemas envolvidos nessa questão. “Primeiro se urbaniza, depois se saneia. Não é assim que funciona, não é assim que deveria ser”, atentou. Feitosa explicou que a poluição dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga acontece devido ao despejo de esgotos domésticos, resíduos industriais e lixos na rede hidrográfica. “O agravamento do problema ocorre há mais de 20 anos e vem acontecendo em função do crescimento urbano e industrial desordenado”, esclareceu. 

Outro problema citado pelo pesquisador foi o risco de proliferação de algas no local de captação da Cedae no rio Guandu. Segundo ele, isso acontece em função da elevada carga de nutriente dos esgotos, principalmente de fósforo. “É também considerável o risco de acidentes com cargas tóxicas industriais, tanto na rotina operacional das indústrias, como no transporte desse material pelas rodovias que atravessam as sub-bacias”, alertou. 

Assista abaixo à transmissão completa do Ceensp A urgência do saneamento no abastecimento de água:



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