‘Dispositivos eletrônicos para fumar também matam’, alerta Inca
O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) acaba de publicar um alerta sobre os riscos do uso dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), também conhecidos como cigarros eletrônicos. Com a nota, o Inca reafirma seu total apoio à manutenção da RDC, da Anvisa, nº 46 de 2009, que proíbe a comercialização, importação e propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar. A cada dia, mais países registram mortes relacionadas ao uso do cigarro eletrônico. O Observatório sobre as Estratégias da Indústria do Tabaco, do Cetab/ENSP, adverte, ainda, que os DEF são um engano das indústrias, uma tática para manter seus produtos no mercado, em especial porque eles são diferentes, coloridos e com vários aditivos que mascaram o sabor e o odor da fumaça, sendo porta de entrada para um público formado por jovens e crianças. Confira a publicação do Inca e algumas pesquisas da ENSP sobre o tema.
O texto do Inca indica que, em 2019, os Estados Unidos começaram a noticiar o surgimento de casos de uma doença pulmonar grave relacionada ao uso de dispositivos eletrônicos para fumar. O crescimento do número de casos foi reconhecido como epidemia e nomeada com a sigla Evali (Electronic or Vaping Acute Lung Injury). O Centro de Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, relatou, até o momento (dezembro de 2019), 2.291 casos de pessoas hospitalizadas com Evali, e 48 mortes pela doença foram confirmadas. Ressalta-se que 77% dos casos da doença foram em pessoas com menos de 35 anos, sendo 15% menores de 18 anos.
No Brasil, até o início de dezembro de 2019, foram relatados três casos suspeitos. Todas as pessoas identificadas com essa doença fizeram uso de cigarros eletrônicos. A maioria delas relatou ter usado THC (tetrahidrocanabiol, componente da maconha), acompanhada ou não de nicotina.
Na visão da pesquisadora do Cetab Silvana Turci, é muito importante ressaltar que o uso de cigarros eletrônicos em nosso país está proibido e isso foi uma grande decisão, pois o que se tem visto é uma nova doença surgindo a partir do uso de DEF. "Por conta dessa nova doença, vários estados americanos estão revendo suas posições sobre a autorização do uso de tais dispositivos. Eles são um grande engano na tentativa para parar de fumar. Até hoje não existiu nenhum documento, artigo ou estudo consistente que mostre que o uso de DEF ajudem as pessoas a aparerem de fumar. Portanto, esse é mais um egano da indústria, mais uma estratégia para manter seus produtos no mercado", defendeu ela.
Os DEF funcionam usando bateria para aquecer a solução líquida — composta, principalmente, de nicotina, propilenoglicol ou glicerol e aditivos com sabores —, produzindo um aerossol que é inalado pelo usuário.
O Inca listou as substâncias tóxicas utilizadas nos DEF e os riscos para a saúde:
Nicotina: substância que constitui o princípio ativo do tabaco. É uma droga psicoativa e causa dependência. Quando utilizada durante a gravidez, traz riscos para a mãe e o bebê (parto prematuro, natimorto, danos ao cérebro durante o desenvolvimento fetal). Além disso, causa danos ao desenvolvimento cerebral do adolescente, aumenta as chances de doenças cardiovasculares, diminui respostas imunológicas, pode acelerar o crescimento de um tumor maligno e reduzir a resposta ao tratamento oncológico;
Formaldeído: substância carcinógena (que causa câncer);
Acetaldeído: substância possivelmente carcinógena (que possivelmente causa câncer);
Acroleína: elemento que pode causar irritação na cavidade nasal e danos no revestimento dos pulmões;
Nitrosaminas específicas do tabaco (carcinógenas);
Metais pesados, como níquel, cromo, manganês e chumbo (associados a alguns tipos de câncer, danos em órgãos e danos aos sistemas imunológico e cardiovascular);
Flavorizantes, como o dyacetil, associado a danos pulmonares;
Compostos orgânicos voláteis que causam irritação nos olhos, nariz e garganta; dores de cabeça frequentes; náuseas. Também podem danificar o fígado, os rins e o sistema nervoso central.
Combinações desconhecidas: uma revisão de estudos sobre emissões dos dispositivos eletrônicos para fumar mostrou que mais de 80 compostos foram identificados em seus aerossóis. Os pesquisadores observaram que não há conhecimento suficiente sobre as possíveis interações entre todos esses produtos químicos, ressaltando que um composto que se registre em uma concentração inofensiva pode, não obstante, interagir com outros compostos em baixas concentrações para aumentar o risco de danos à saúde.
No caso dos cigarros aquecidos inclui-se o tabaco, classificado pela International Agency for Research on Cancer (IARC) como cancerígeno para os humanos (Grupo 1) e a liberação de monóxido de carbono, amônia e benzeno.
Leia aqui o alerta na íntegra.
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