Brumadinho: tragédia do rompimento da barragem faz cinco meses

Na opinião da pesquisadora Ana Flávia Quintão, da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), “até acontecerem os recentes grandes desastres, enfrentar a mineração era uma questão muito mais difícil do que é hoje”.
A revista Radis divulgou uma matéria sobre as diversas aulas inaugurais da Fiocruz. Na aula inaugural do ano letivo da ENSP, com o tema A vida vale mais: megamineração, crimes ambientais, justiça social, ela alertou que, além dos riscos gerados pelas barragens, a atividade ameaça os recursos hídricos que garantem inclusive o abastecimento de grandes cidades na região do Quadrilátero Ferrífero.
"Preferimos chamar de aquífero. No mesmo horizonte geológico onde está o itabirito (minério de ferro), estão os reservatórios de água. Minerar ferro em Minas Gerais é minerar água", declarou a pesquisadora e docente da área de Saúde Coletiva, que também participa do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Para ela, discutir o modelo de desenvolvimento e a atividade mineradora é urgente. “Já perdemos dois grandes e importantes rios [o Doce e o Paraopebas]. Agora, mais do que nunca, é preciso fazer uma escolha. Ou segurança hídrica ou extração de minério. Tem uma terceira via, que é beber água contaminada. É esse o cenário que está sendo colocado para nós”, afirmou.
“Outras atividades econômicas são possíveis, e temos que discutir esse tema. Ninguém é irresponsável ao nível de dizer que vai parar tudo amanhã. Acontece que o Estado continua licenciando novos empreendimentos de mineração”, chamou a atenção. Ela se referiu especialmente à aprovação recente da expansão da mineração na Serra da Piedade, na região de Belo Horizonte. “Proteger as águas é importante num contexto de mudança climática. A projeção que se tem, com todos os dados de clima, é de que a precipitação vai se reduzir em todos os municípios de Minas, e essa também é uma área de recarga hídrica”, explicou Ana Flávia, que desenvolveu um índice de vulnerabilidade humana às mudanças climáticas durante seu doutorado na Fiocruz Minas.
Para ler a matéria da Radis na íntegra, clique aqui.
O Informe ENSP também publicou uma reportagem sobre a aula inaugural realizada em 20 de março de 2019.
O diretor da ENSP, o médico pneumologista, Hermano Castro, e a chefe do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), Kátia Reis, foram entrevistados pelo Núcleo Audiovisual da Escola sobre a saúde do trabalhador e as consequências do acidente. Confira aqui.
Fonte: Radis
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