Cesteh relembra três décadas da área de saúde do trabalhador

Cerca de 45% da população mundial e aproximadamente de 58% da população acima de 10 anos de idade faz parte da força de trabalho, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. O trabalho da população mundial sustenta a base econômica e material das sociedades, que por outro lado são dependentes da sua capacidade de trabalho. Sendo assim, a saúde do trabalhador e a saúde ocupacional são pré-requisitos cruciais para a produtividade e são de suma importância para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável.
Para a OMS os maiores desafios para a Saúde do Trabalhador atualmente e no futuro são os problemas de saúde ocupacional ligados com as novas tecnologias de informação e automação, novas substâncias químicas e energias físicas, riscos de saúde associados a novas biotecnologias, transferência de tecnologias perigosas, envelhecimento da população trabalhadora, problemas especiais dos grupos vulneráveis (doenças crônicas e deficientes físicos), incluindo migrantes e desempregados, problemas relacionados com a crescente mobilidades dos trabalhadores e ocorrência de novas doenças ocupacionais de várias origens.
A Saúde do Trabalhador e um ambiente de trabalho saudável são valiosos bens individuais, comunitários e dos países. A saúde ocupacional é uma importante estratégia não somente para garantir a saúde dos trabalhadores, mas também para contribuir positivamente para a produtividade, qualidade dos produtos, motivação e satisfação do trabalho e, portanto, para a melhoria geral na qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade como um todo.
Panorama atual da Saúde do Trabalhador no Brasil: alguns pontos para reflexão
Proferida pelo professor, especialista em medicina do trabalho há 43 anos, René Mendes, a palestra Panorama atual da Saúde do Trabalhador no Brasil abordou alguns pontos para reflexão. René iniciou falando sobre a introdução da Saúde do Trabalhador no Brasil nos anos 80, que se deu a partir de um processo sócio-político - atrelado ao movimento da Reforma Sanitária - de mudanças de conceitos e práticas de saúde. Nos anos 80 foi elaborada a Política de Saúde do Trabalhador e realizada a 1ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador (1986). Já nos anos 90 aconteceu a institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) e foram criados os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador. Em 2004 foi realizada a 2ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador. “Já construímos muito e obtivemos muitos avanços na área. A partir do que já foi construído é preciso repensar ações para continuar num processo continuo de construção da Saúde do Trabalhador”, aconselhou.
O especialista citou também alguns exemplos de rupturas nos paradigmas ocorridas na Saúde do Trabalhador, entre elas, a introdução da pergunta ‘Qual é a sua profissão?’ durante a consulta médica. Trazida pelo médico Bernardino Ramazzini, a questão passa a ser perguntada aos trabalhadores no intuito de ajudar no diagnóstico. “Passou-se a perceber que a pergunta sobre a profissão do indivíduo realmente poderia contribuir para o diagnóstico do paciente”, explicou René. Outra ruptura de paradigma foi trazida por Percival Pott, ao introduzir um histórico ocupacional na consulta clínica de homens estigmatizados, que tinham em comum o fato de terem trabalhado na infância como limpadores de chaminé.
“Saber que a doença daqueles homens estava relacionada ao trabalho mudou a referência da época. Percebeu-se que apenas perguntar a profissão do paciente não era o suficiente. Era fundamental fazer um histórico da trajetória do trabalhador, um histórico ocupacional”. Houve também uma ruptura nos paradigmas da Saúde do Trabalhador, com a revisão dos limites de tolerância para substâncias químicas neurotóxicas. A partir de então os efeitos neurocomportamentais passaram a ser critérios para uma revisão rigorosa dos limites de referência e para redução dos níveis da exposição ocupacional.

A abertura, com menos preconceito, para outros saberes e outras áreas profissionais, e seus respectivos paradigmas, visando a abordagem de temas complexos, também foi citada por René como uma ruptura necessária para a Saúde do Trabalhador. “Dor, incômodo, sofrimento mental, vulnerabilidade, subjetividade, passaram a ser entendidos como categorias de um processo de diagnóstico com o objetivo de melhorar o entendimento da ‘causa das causas’ sobre o adoecimento dos trabalhadores”, apontou ele.
Por fim René Mendes deixou para o público presente vários pontos para reflexão como: quem são os trabalhadores? Há equilíbrio entre trabalho e vida? Quais os critérios para a jornada de trabalho? Onde estão as fronteiras e os limites dos locais de trabalho? O que é adoecimento e adoecimento relacionado ao trabalho? Essas questões foram colocadas pelo professor como desafios atuais para a área.
“Os convido a pensar em cadeia produtiva e ciclo de vida para buscar compreender alguns conceitos sobre Saúde do Trabalhador. De acordo com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) cerca de 2 milhões de trabalhadores, de janeiro a dezembro de 2011, se afastaram mais de 15 dias do trabalho devido a lesões e traumatismos, doenças do sistema osteomuscular, transtornos comportamentais, doenças do aparelho digestivo e circulatórios, entre muitas outras causas. Ainda precisamos rever muitos conceitos para avançarmos cada vez mais em prol dos trabalhadores”, finalizou René.
*Com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O especialista citou também alguns exemplos de rupturas nos paradigmas ocorridas na Saúde do Trabalhador, entre elas, a introdução da pergunta ‘Qual é a sua profissão?’ durante a consulta médica. Trazida pelo médico Bernardino Ramazzini, a questão passa a ser perguntada aos trabalhadores no intuito de ajudar no diagnóstico. “Passou-se a perceber que a pergunta sobre a profissão do indivíduo realmente poderia contribuir para o diagnóstico do paciente”, explicou René. Outra ruptura de paradigma foi trazida por Percival Pott, ao introduzir um histórico ocupacional na consulta clínica de homens estigmatizados, que tinham em comum o fato de terem trabalhado na infância como limpadores de chaminé.
“Saber que a doença daqueles homens estava relacionada ao trabalho mudou a referência da época. Percebeu-se que apenas perguntar a profissão do paciente não era o suficiente. Era fundamental fazer um histórico da trajetória do trabalhador, um histórico ocupacional”. Houve também uma ruptura nos paradigmas da Saúde do Trabalhador, com a revisão dos limites de tolerância para substâncias químicas neurotóxicas. A partir de então os efeitos neurocomportamentais passaram a ser critérios para uma revisão rigorosa dos limites de referência e para redução dos níveis da exposição ocupacional.

A abertura, com menos preconceito, para outros saberes e outras áreas profissionais, e seus respectivos paradigmas, visando a abordagem de temas complexos, também foi citada por René como uma ruptura necessária para a Saúde do Trabalhador. “Dor, incômodo, sofrimento mental, vulnerabilidade, subjetividade, passaram a ser entendidos como categorias de um processo de diagnóstico com o objetivo de melhorar o entendimento da ‘causa das causas’ sobre o adoecimento dos trabalhadores”, apontou ele.
Por fim René Mendes deixou para o público presente vários pontos para reflexão como: quem são os trabalhadores? Há equilíbrio entre trabalho e vida? Quais os critérios para a jornada de trabalho? Onde estão as fronteiras e os limites dos locais de trabalho? O que é adoecimento e adoecimento relacionado ao trabalho? Essas questões foram colocadas pelo professor como desafios atuais para a área.
“Os convido a pensar em cadeia produtiva e ciclo de vida para buscar compreender alguns conceitos sobre Saúde do Trabalhador. De acordo com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) cerca de 2 milhões de trabalhadores, de janeiro a dezembro de 2011, se afastaram mais de 15 dias do trabalho devido a lesões e traumatismos, doenças do sistema osteomuscular, transtornos comportamentais, doenças do aparelho digestivo e circulatórios, entre muitas outras causas. Ainda precisamos rever muitos conceitos para avançarmos cada vez mais em prol dos trabalhadores”, finalizou René.
*Com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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