INFORME ENSP

A partir de setembro, a ENSP promoverá diversos encontros para debater sobre a produção científica na Escola e a importância da avaliação da ciência. Ao todo, estão programadas seis atividades que acontecerão até o final do ano, sempre às quartas-feiras, a partir das 9h30. Os Encontros sobre Ciência, ciclo de debates idealizado pelos professores Fernando Telles e Cássius Schnell, visam refletir sobre a teoria do conhecimento junto com a comunidade da ENSP. Os debates são abertos a todos os interessados e acontecerão na sala 2 do salão internacional.

 

De acordo com Cássius, essa ideia veio sendo pensada há quatro anos a partir da necessidade de se ter na ENSP um espaço de reflexão sobre Epistemologia. “Já que aqui se faz ciência, seria interessante que alunos, professores e funcionários pudessem conversar e discutir sobre essas questões, para tentarmos encontrar um pouco mais a nossa identidade e conhecer o que produzimos. Precisamos conhecer o que a gente tem contribuído em termos de teoria do conhecimento e de que forma temos feito isso.”

 

Confira, abaixo, uma entrevista com o pesquisador do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde (DEMQS/ENSP) Fernando Telles e entenda a proposta dos Encontros sobre Ciência.

 

Informe ENSP: Quais são os objetivos desses Encontros?

 

Fernando Telles: O objetivo desse ciclo de debates é promovermos uma discussão sobre a ciência. Eu e Cássius temos um trabalho em que fazemos uma avaliação crítica da ciência produzida aqui na ENSP nos últimos dez anos, a partir de análise de artigos, usando uma metodologia pra avaliar esse tipo de produção. Essa metodologia se refere à filosofia da ciência. Então o objetivo do encontro é mostrar a importância de determinados tipos de discursos filosóficos na avaliação da ciência e a importância dessa avaliação.

A atividade é aberta a toda comunidade da ENSP e queremos que professores, alunos e demais funcionários participem, já que aqui produzimos conhecimento. Queremos mostrar pra comunidade a importância da avaliação crítica do conhecimento e a constatação de que o método para essa avaliação é um método filosófico.

Nós vamos tratar de algumas teses de filosofia basicamente construídas durante o século XX e explicaremos porque esse século foi importante nessa área de avaliação crítica da ciência. Em seis encontros nosso objetivo é estimular essa discussão.

Informe ENSP: O que se espera alcançar a partir desses debates?

Fernando Telles: Nós almejamos que a importância do discurso filosófico em uma instituição científica venha a aparecer de maneira sistemática. A nossa ideia é que a partir desses encontros possamos consolidar um núcleo de discussão epistemológica aqui na Escola, composto por professores e alunos. Esperamos que isso se consolide na ENSP como um importante e indispensável meio pra pesquisa.

Informe ENSP: Quais são os principais destaques da programação?

Fernando Telles: A ideia é que sejam encontros dialogais. Na primeira parte vamos expor a parte teórica. Para isso, selecionamos alguns tipos de discursos filosóficos de avaliação da ciência. Na segunda parte nós abrimos para discussão com o público. Vamos apresentar basicamente os discursos de avaliação da ciência produzidos no século XX.

Eles se dividem em dois tipos de discursos: um que nós chamamos da velha filosofia da ciência, muito ligada ao positivismo lógico, e os da nova filosofia da ciência que chamamos de discursos globalistas, que são visões sobre a ciência que consideram menos a lógica e mais o discurso histórico contextual.

Por fim, vamos apresentar um tipo de discurso que diz respeito a um trabalho que fiz com o Cassius que é um instrumento que elegemos pra avaliar os trabalhos da ciência, juntando o discurso lógico com o discurso histórico. Esse discurso é do filósofo húngaro Imre Lakatos. Nós vamos apresentar esse trabalho usando esse discurso filosófico e convidaremos também um professor do Instituto de Medicina Social da (IMS/Uerj) para que ele avalie criticamente esse trabalho, além de promovermos uma mesa-redonda com um grupo do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) sobre análise crítica desse discurso filosófico.