Pesquisadora da Fiocruz depõe na Comissão da Verdade da Unicamp
Nesta quinta-feira, 14 de agosto, às 9h30, a presidente da Comissão da Verdade da Reforma Sanitária Abrasco-Cebes (CVRS), Anamaria Testa Tambellini, que é pesquisadora aposentada da Fiocruz e da UFRJ, juntamente com o pesquisador da Universidade de São Paulo, Nelson Rodrigues dos Santos darão seus depoimentos à Comissão da Verdade e Memória Octávio Ianni da Unicamp sobre a trajetória de Sérgio Arouca, particularmente sobre suas atividades na universidade. O depoimento poderá ser acompanhado em tempo real, em transmissão pela internet pelo link http://socializandosaberes.net.br/.
O objetivo de investigar eventuais arbítrios e violações de direitos humanos praticados contra docentes, alunos e funcionários da Unicamp durante a ditadura militar levou o reitor José Tadeu Jorge a assinar portaria instituindo a Comissão da Verdade e Memória Octavio Ianni, que iniciou seus trabalhos em outubro de 2013, com previsão de concluí-los em um ano. A presidência é da professora Maria Lygia Quartim de Moraes (IFCH), tendo como membros titulares seus colegas Ângela Maria Carneiro (IFCH), Yaro Burian Júnior (FEEC) e Wilson Cano (IE), e o advogado Eduardo Garcia de Lima.
Na primeira audiência pública desta Comissão, destacou-se a presença do jornalista Ivan Seixas, coordenador da Comissão da Verdade Rubens Paiva, da Assembleia Legislativa de São Paulo. Ele foi preso em 1971, aos 16 anos, na companhia do pai, o metalúrgico Joaquim Alencar de Seixas, que acabou assassinado por torturas na Oban (Operação Bandeirantes). “Por conta de muitas bobagens escritas, pensou-se que a luta contra a ditadura foi feita por estudantes, da classe média, brancos. Mas o perfil dos mortos e desaparecidos aponta que pouco mais de 20% eram estudantes e mais de 50%, trabalhadores de todos os segmentos (operários, comerciantes, médicos, advogados); e mais de 20% de militares que também se empenharam na luta. Os estudantes eram parte da história.”
Ressaltando que falava com base em documentos aos quais se teve acesso após a abertura dos arquivos dos órgãos de segurança, e não em interpretações, Ivan Seixas observou que a visão que se tem repressão é a mais aparente: a tortura, os mortos, os desaparecidos e os torturadores. “O fato é que tivemos no Brasil a atuação de um serviço de repressão absolutamente completo, uma ampla rede que se estendia a todos os cantos da sociedade. Ao mesmo tempo, a ideia que se faz do DOI-Codi é de uma entidade única, restrita às ruas Tutoia em São Paulo e Barão de Mesquita no Rio de Janeiro, quando a rede de repressão era muito maior, monumental.”
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