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Controle do tabaco é estratégico para redução das DCNT

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Publicado em:26/03/2013

Isabela Schincariol

 

Controle do tabaco é estratégico para redução das DCNTDisseminação da informação e vigilância foram apontadas como ações estratégicas – e que devem ser contínuas – na luta contra o tabagismo pelo presidente da Academia Nacional de Medicina e do Conselho de Curadores da Fundação do Câncer, Marcos Moraes, durante a palestra Os desafios do Controle do Tabagismo no Brasil. O encontro ocorreu em virtude da inauguração do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab/ENSP), coordenado pela pesquisadora da ENSP Vera da Costa e Silva. Segundo Moraes, o controle do tabaco é a medida mais custo-efetiva para deter o crescimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que matam cerca de 36 milhões de pessoas por ano no mundo. Acesse, na Biblioteca Multimídia da ENSP, a apresentação do convidado.


Na ocasião, o palestrante Marcos Moraes citou a pesquisadora Vera da Costa e Silva como uma das pioneira na guerra contra o hábito de fumar. “A inauguração deste centro marca o início de uma nova força nessa luta mundial, pois atuará no âmbito da pesquisa, ensino e cooperação técnica para áreas de controle do tabagismo, promoção da atividade física e alimentação saudável e do uso abusivo do álcool”, definiu ele.

Apesar de sabermos que o tabagismo mata, a indústria do tabaco utiliza estratégias para angariar cada vez mais adeptos. De acordo com Moraes, mais de 1 bilhão de pessoas consomem produtos de tabaco, e a cada dia 100 mil jovens começam a fumar. O palestrante explicou que, apesar da diminuição do tabagismo no Brasil e no mundo, seus números ainda são muito preocupantes. O foco das ações das empresas é a população com idade média de 15 anos. "O tabagismo é considerado uma doença pediátrica", alertou.

“Quase 90% dos fumantes desenvolvem o hábito antes dos 19 anos”, comentou ele, ressaltando ainda que 80% do total de fumantes mundiais estão concentrados em países de baixa ou média renda, e apenas 25% desse total têm 60 anos ou mais. “A grande questão é que cada aumento de 10% no percentual de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) reduz em 0,5% o crescimento econômico mundial”, detalhou.

“O controle do tabaco é uma das medidas mais custo-efetivas para deter o crescimento das DCNT”, disse Moraes. Ele está à frente da alimentação não saudável, inatividade física e do uso abusivo de álcool, comentou Moraes. Ele disse também que o tabagismo tem custo global de 200 bilhões de dólares por ano. No Brasil, esse custo gira em torno de 10 bilhões de dólares por ano. Porém, a arrecadação com seus impostos fica perto de 3 bilhões de dólares anuais.

A reunião dos chefes da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2011 gerou um documento final que reconhece como fundamental o conflito de interesse entre a indústria do tabaco e a saúde pública. “Somos, sim, inimigos de uma indústria que causa danos ao país e vende uma droga que gera hábito e dependência. Nós vendemos saúde, e eles querem vender a morte. A declaração da ONU afirma que reconhece a redução substancial do consumo de produtos de tabaco como uma importante contribuição para diminuição das DCNT”, ressaltou Moraes comentando ainda que esta redução deve ser uma política de estado.

Ele comentou que o eixo principal da Política Nacional do Controle do Tabaco deve ser o avanço da implementação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). “O Brasil tem hoje 24,5 milhões de fumantes e 26 milhões de ex-fumantes. Desde 1989, esses números vêm caindo. Eram 32% da população e, em 2008, chegamos a 17%. Mas, apesar de tudo isso, não podemos esquecer jamais que temos inimigos muito importantes capazes de atacar fortemente nossa política."

Marcos Moraes encerrou dizendo que, com certeza, a inauguração do Cetab/ENSP contribui com a vida dos brasileiros, pois ele representa o compromisso de cidadania da ENSP e das outras instituições envolvidas. “O dia em que conseguirmos alcançar juridicamente a proibição do fumo, economizaremos um incontável número de vidas ceifadas pelas doenças relacionadas ao tabaco”, concluiu ele. 

A inauguração do Cetab/ENSP

A mesa de inauguração do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab/ENSP) contou com a presença de diversas autoridades. Além da pesquisadora da ENSP e coordenadora do Centro, Vera da Costa e Silva, do diretor da Escola, Antônio Ivo de Carvalho, e do presidente da Academia Nacional de Medicina, Marcos Moraes, também estiveram presentes no encontro o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção à Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Alves, o coordenador de Ações Estratégicas do Instituto Nacional do Câncer, Cláudio Noronha, e o coordenador de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Lenildo Moura.

Segundo Vera da Costa e Silva, este é um momento muito feliz, em especial porque o Cetab/ENSP está dentro da Fiocruz. De acordo com ela, a Fundação é uma instituição que mostra a grandeza do Brasil e recebeu esse projeto de braços abertos. O Centro tem foco na pesquisa, ensino, assistência e cooperação técnica e visa desenvolver uma plataforma que atue de maneira transversal. “Na área da pesquisa, trabalharemos não só com o tabagismo, mas também com os fatores de risco para câncer e para as DCNT. Teremos a função de vigilantes, fiscalizadores e estaremos com a atenção voltada para o que o mundo científico e a academia nos oferecem. O passo seguinte é pensar em como podemos nos articular com os diversos grupos que trabalham com DCNT, ajudando e sendo ajudados para assim potencializarmos os esforços”, garantiu ela.


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