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Pesquisadora da ENSP integra força-tarefa da OMS para tuberculose

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Publicado em:23/03/2012

O grupo de força-tarefa para tuberculose – constituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o propósito de atuar no desenvolvimento de um plano estratégico para o tratamento da doença –, a partir de agora, conta com a colaboração da pesquisadora Margareth Dalcolmo, do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga (CRPHF/ENSP/Fiocruz), como membro efetivo para um mandato inicial de três anos. Entre os objetivos do grupo estão: auxiliar a OMS a reformular as recomendações terapêuticas para tuberculose, estabelecer critérios para guiar os países na introdução e no uso de novos fármacos e regimes de tratamento para as formas sensíveis e resistentes da doença, além de rever as atuais recomendações.

A força-tarefa da OMS foi criada em junho de 2006 e inclui especialistas em epidemiologia da tuberculose, representantes de instituições acadêmicas e de pesquisa, organizações da sociedade civil, parceiros técnicos e financeiros e representantes de países com alta carga de tuberculose. Em junho de 2011, em Genebra, ocorreu a décima primeira reunião do grupo. Segundo Margareth, entre os objetivos específicos do grupo estão aferir o impacto da tuberculose e produzir uma avaliação mais rigorosa na redução da prevalência e mortalidade em nível global e, com isso, fortalecer o monitoramento no controle da doença.




Atualmente, dez moléculas estão em estágios de testes

Para Margareth Dalcolmo, vivemos um momento especial, após longo período de quatro décadas –  depois da descoberta da rifampicina. “Atualmente, temos dez moléculas novas em diversos estágios de testes, pré-clínicos e clínicos. Dessas, dois compostos farmacológicos se mostraram os mais promissores para uso clínico em formas resistentes da doença: a diarilquinolina e um derivado nitroimidazólico, estando o primeiro aprovado pelo FDA, em 2011, para 'compassionate use'. O mais crucial agora será assegurar que os órgãos regulatórios dos países, bem como as recomendações técnicas nacionais, restrinjam o uso desses novos fármacos para casos estritamente indicados, a fim de evitar a emergência de resistência a eles”, explicou a especialista.

Para ela, o importante, neste momento, é que os países operem seus programas com normas nacionais adotadas tanto pelos serviços de saúde pública, como pela academia, universidades e sociedades de especialistas. “Nesse sentido, o Brasil é um bom exemplo, dado que as Normas Nacionais são 100% adotadas e chanceladas tanto pelo Ministério da Saúde, quanto pelas sociedades médicas e a sociedade civil”, destacou.

Entre as expectativas para mudança de paradigma na tuberculose estão os testes de diagnóstico molecular, que, segundo Margareth Dalcolmo, permitem que o paciente sintomático tenha seu escarro colhido numa unidade de saúde e o diagnóstico liberado algumas horas depois. “Considerando que a OMS já recomenda sua adoção, o Brasil inicia um estudo de implementação (roll out) em duas capitais, Rio de Janeiro e Manaus, com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates e o Ministério da Saúde, e condução pelas Secretarias Municipais da Saúde desses municípios. O objetivo é produzir dados que permitam à Citec (Câmara de Inovação Tecnológica) aprovar a tecnologia para uso nos serviços da rede do Sistema Único de Saúde”, comentou.

Segundo Margareth, o Brasil começa a controlar a doença e apresentar redução consistente na incidência e na mortalidade nos últimos dez anos. “Apesar de ainda haver 70 mil casos novos a cada ano, com incidência média de 38/100 mil habitantes e 4.300 mortes por tuberculose anualmente, colocando o Brasil entre os países considerados de alta carga de tuberculose, ele é um bom exemplo no controle da tuberculose, por operar com normas nacionalmente adotadas, que incluem a estratégia DOTS para o tratamento da doença, aliada à experiência que adquirimos em tratar sob protocolo as formas resistentes da doença já há quase duas décadas. Soma-se, ainda, como ponto positivo, o sistema de monitoramento de dados on-line, que propicia a notificação e o conhecimento do desfecho de todos os casos de retratamento ou de qualquer forma de resistência à doença”, concluiu a especialista.


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1 comentários
LEDA MARIA DE CASTRO DIAS
04/04/2012 14:45
Super interessante o trabalho da Pesquisadora. Sou uma voz anônima na melhoria da prevenção e tratamento da tuberculose, sendo assim, só tenho a aplaudir a Dra. Margareth pela sua incansável busca por um mundo melhor livre do paradigma da tuberculose. Parabéns!