Busca do site
menu

Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana completa 21 anos

ícone facebook
Publicado em:30/11/2006

O Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da ENSP (Cesteh/ENSP/Fiocruz) está prestes a completar 21 anos. Junto com a maioridade, vem a responsabilidade em dar respostas ao SUS na implantação de políticas em prol da saúde do trabalhador e responder às grandes demandas da população na área. Para explicar o surgimento, as atividades desenvolvidas, o futuro e as comemorações do Centro, que serão realizadas nos dias 5 e 6 de dezembro, o chefe do departamento, Hermano Albuquerque de Castro, falou ao Informe ENSP.


Informe ENSP: Como surgiu o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador na ENSP e qual era o cenário da saúde pública brasileira?

Hermano Albuquerque de Castro:
O Cesteh surgiu no esteio da reforma sanitária brasileira, em 1985, quando as questões da saúde do trabalhador começam a emergir no cenário nacional a partir das demandas dos próprios trabalhadores. Com isso, os pesquisadores e sanitaristas da época assumiram essa questão como um problema da saúde pública. Passou, então, a haver uma construção conceitual sobre a saúde do trabalhador, deslocando-o de um mero objeto de pesquisa para o papel de sujeito das transformações nos ambientes de trabalho. Essa foi uma mudança significativa na época, e aí surgem os estudos para a formação do Cesteh com a pesquisadora Anamaria Tambellini, que assumiu essa responsabilidade na primeira gestão de Sergio Arouca, e trouxe para a Fiocruz a possibilidade de construir um campo de estudos da saúde, do trabalho e do ambiente.

Informe ENSP: Fale um pouco da trajetória do Centro e das atividades que desenvolveu ao longo desses anos.

Hermano de Castro:
O Cesteh, ao longo de 21 anos, trabalhou com três grandes áreas dentro da instituição. A área de pesquisa, ensino e serviços. Na pesquisa, desenvolvemos estudos epidemiológicos importantes, relacionados ao adoecimento dos trabalhadores em seus ambientes de trabalho. Muitos projetos geraram produtos importantes e seus resultados fizeram com que leis nacionais e estaduais fossem modificadas. Nossas pesquisas interferiram diretamente nos ambientes de trabalho, na retirada do chumbo da gasolina, na proibição do jato de areia no Brasil e outros. Com relação ao ensino, que sempre acompanhou a pesquisa, o nosso principal curso lato sensu, que é o de Especialização em Saúde do Trabalhador, já formou mais de 500 especialistas na saúde do trabalhador. Além do mais, formamos em torno de 1.400 profissionais em outros cursos, como o de Especialização em Direito e Saúde, o de Especialização em Toxicologia Ambiental e outros descentralizados. No stricto sensu, a área de saúde do trabalho e ambiente vem formando diversos profissionais no mestrado e no doutorado, com vários deles atuando na própria academia e nos serviços. Devo ressaltar que o ensino a distância está coroando a importância do Cesteh no cenário nacional. Temos uma proposta inicial de formar oito mil profissionais na área da saúde do trabalhador no Brasil inteiro em um prazo curto, de um a dois anos. Já iniciamos a formação na Região Norte, com a aplicação do curso em quatro estados. Isso coroa esses 21 anos, com o esforço dos diversos professores do departamento.

Informe ENSP: E com relação aos serviços?

Hermano de Castro:
Na área de serviços, o Cesteh vem se tornando referência nacional em vários setores. Na área de atendimento à população ambulatorial, somos referência em epidemiologia ocupacional, dermatologia ocupacional, audiologia ocupacional, dentre outras. Temos o ambulatório de ler/dort, que atende trabalhadores com lesão de esforço repetitivo e, ao longo desses anos, tornamo-nos referência regional e nacional para algumas doenças específicas dos trabalhadores, atendendo uma média de três mil por ano. Também temos o laboratório de Toxicologia como referência, assumindo a demanda de outros estados na avaliação de riscos, na avaliação ambiental, em desenvolvimento de metodologias e técnicas laboratoriais e repassando tecnologias para outros estados e laboratórios. Portanto, é um laboratório reconhecido nacionalmente na área de trabalho e ambiente.

Informe ENSP: O que representa para o centro completar a maioridade? Essa idade aumenta as responsabilidades do departamento?

Hermano de Castro:
Essa idade traz mais responsabilidade para o departamento e para a ENSP. Aumentamos nosso raio de ação e o Cesteh está inserido na política estratégica de implantação de uma Rede Nacional da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana. Além do mais, aumenta nossa responsabilidade em dar respostas ao SUS na implantação das políticas, na construção da rede de acesso à saúde do trabalhador, na vigilância ambiental em saúde, e em relação a responder às demandas da população. Cada vez mais surgem demandas dos trabalhadores para o Cesteh responder, e essas respostas não podem ficar apenas no entorno da fábrica. É necessário entendê-las junto com o ambiente como um todo. Esse é um caminho que precisa ser mais trabalhado e é uma demanda para nossos próximos vinte anos.

Informe ENSP: Como serão as comemorações dos 21 anos?

Hermano de Castro:
Comemoraremos o aniversário do Cesteh nos dias 5 e 6 de dezembro. Realizaremos uma mostra fotográfica com situações de trabalho no dia 5 e, à tarde, teremos uma mesa-redonda que irá discutir questões da saúde do trabalhador com a Associação dos Servidores da Fiocruz (Asfoc), em uma atividade sobre a saúde do trabalhador da saúde. No dia 6 de dezembro, quarta-feira, às 14h, teremos um Centro de Estudos com um tema de debate nacional, que envolve processo produtivos e ambiente, que é a Transposição do Rio São Francisco. Convidamos o vice-presidente de Serviços de Referência e Ambiente da Fiocruz, Ary Carvalho de Miranda, que irá coordenar a mesa, o professor da UFMG, Apolo Herninger Lisboa, e o Dr. João Suasssuna, da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife. Eles vão trazer as implicações e os impactos da transposição do Rio no meio ambiente e na população.

Informe ENSP: E o Futuro do Centro?

Hermano de Castro:
O futuro do Cesteh é um futuro promissor, que vai depender da vontade dos pesquisadores e professores do departamento. O centro tem uma tradição de dar liberdade aos pesquisadores para realizar parcerias com instituições públicas, e isso nós vamos continuar estimulando. Precisamos aumentar nosso raio de ação junto aos Ministérios do Meio Ambiente e do Trabalho. Além do mais, queremos completar um ciclo de formação de profissionais da rede, e estamos fazendo isso no Rio Janeiro, com um projeto de incubadora que está em fase inicial e se concretizará no ano que vem, com o recebimento de 30 profissionais do Estado do Rio de Janeiro, que terão sua formação Cesteh. Temos convênios com a Uerj em residência médica e parcerias dentro da própria instituição como o Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas aos quais queremos dar continuidade. O Laboratório de Toxicologia deve aumentar sua rede de parcerias com as secretarias dos estados, recebendo seus profissionais para a formação. Na área do ensino, queremos dar continuidade a esse processo de formação a distância e, no stricto sensu, apoiar o momento de discussão pelo qual a Escola está passando. O Cesteh está inserido nos dois programas de pós-graduação da ENSP (Saúde Pública e Saúde Pública e Meio Ambiente) e acreditamos que essas mudanças irão fortalecer o stricto sensu da Escola. Também pretendemos iniciar uma formatação para o Mestrado Profissional em Saúde do Trabalhador, uma demanda nacional que só o Cesteh e a ENSP têm condições de construir.


Fonte:
Seções Relacionadas:
Entrevistas

Nenhum comentário para: Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana completa 21 anos