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ENSP se associa à editora de periódicos eletrônicos de acesso livre

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Publicado em:27/11/2009

A ENSP acaba de se associar à BioMed Central (BMC), editora de periódicos eletrônicos em biomedicina, de acesso livre. Entre títulos genéricos e especializados, a BMC publica 205 periódicos, em diversas áreas da biomedicina. Com a associação, a ENSP passa a arcar com os custos da publicação em periódicos BMC, pois, embora o acesso aos artigos seja gratuito e livre, a BMC cobra dos autores uma taxa de publicação. Vários periódicos BMC estão indexados em bases de dados, como a Thomson Scientific – ISI e Journal Citation Reports.

A publicação de artigos em periódicos de acesso livre na Internet vem alterando a lógica da difusão da ciência: muda o financiamento da publicação – quem paga é o autor, e não o leitor, que, na publicação em papel, arca com os custos da assinatura do periódico – e muda o tempo de publicação – o acesso é livre e praticamente imediato após o aceite da publicação e a revisão pelos pares. “Publicar é parte fundamental do trabalho acadêmico. Melhor ainda quando a publicação é feita em revistas com alto fator de impacto, como algumas publicações da BMC. Também é importante destacar que a BMC mantém o rigor científico de revisão dos artigos pelos pares”, comenta Margareth Portela, vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da ENSP, que deu a entrevista ao Informe ENSP, a seguir.

Informe ENSP: Qual foi a motivação para a ENSP se associar à BioMed Central (BMC)?

Margareth Portela:
Publicar é parte fundamental do trabalho acadêmico. Melhor ainda quando a publicação é feita em revistas com alto fator de impacto. Tudo isso é desejado porque a Escola é avaliada nesses termos, todo pesquisador quer dar visibilidade à sua pesquisa. Portanto, o interesse da ENSP é fortalecer a publicação em veículos com alta circulação. Além disso, as revistas eletrônicas são hoje uma realidade importante. Primeiro, porque essas revistas, na medida em que são de livre acesso, conseguem atingir um público imenso. Em qualquer lugar do mundo com o acesso à Internet é possível obter qualquer um desses artigos. Outro aspecto importante é que, geralmente, o processo de publicação nessas revistas é mais ágil, ainda que passe pelo processo clássico de revisão pelos pares. A credibilidade e a seriedade também estão presentes. Muda também quem paga pela publicação. Enquanto numa revista tradicional quem paga é quem consome, ou seja, as universidades, as instituições e usuários, em geral, que pagam pela assinatura, no caso das revistas eletrônicas de livre acesso quem paga é o autor. A lógica é outra. Por outro lado, uma vez aprovado, o artigo é automaticamente publicado. O processo é muito mais dinâmico. Numa revista de papel, o autor espera cerca de um ano e meio para obter o aceite do artigo. Uma vez aceito, com sorte, ainda leva cerca de três meses para ver seu artigo publicado. Na revista eletrônica esse processo é muito mais rápido. Uma vez aceito e pago, na mesma semana o artigo pode estar disponível online.

Informe ENSP: Qual é o impacto que a publicação em revistas eletrônicas representa para a publicação científica?

Margareth Portela:
A mudança é muito grande. A publicação online é mais rápida – embora também conte com o processo de revisão de pares – e o acesso livre amplia enormemente o público leitor. Além de estar em um meio que pode ser acessado de qualquer lugar do mundo, o acesso é livre, gratuito para o público leitor. Trata-se de uma quebra de paradigma, uma ruptura importante para a publicação científica. Por tudo isso, temos a expectativa de aumentar o índice de citações, o que é um aspecto que pesou muito na nossa decisão de nos associar à editora. São publicações indexadas, dentro da nossa área de atuação.

Informe ENSP: Quantos periódicos fazem parte da base do BioMed Central?

Margareth Portela:
São 205 periódicos indexados. Destacamos 46 títulos com maior afinidade com as linhas de pesquisa da Escola, como BMC Public Health, Epidemiologic Perspectives & Innovations, Globalization and Health, entre vários outros. São títulos variados e que dão conta de enorme diversidade das atividades da ENSP. O fato dessas revistas serem indexadas é uma credencial importante, pois a indexação se dá em cima de vários critérios de qualidade. No documento que preparamos para divulgação entre nossos pesquisadores (em anexo), também destacamos os fatores de impacto de algumas revistas. Algumas com fatores de impacto oficiais e outras com fatores de impacto ainda não divulgados porque são revistas novas, com pouco tempo de circulação. Com tudo isso, esperamos facilitar a publicação nessas revistas de acesso livre.

Informe ENSP: Quanto custa publicar um artigo em uma das revistas da BioMed Central?

Margareth Portela:
A publicação é cara: cerca de mil libras cada artigo, dependendo da revista escolhida. O artigo é pago pelo autor depois que a revista aceita publicá-lo. No caso da ENSP, compramos cotas para publicação no valor de 10 mil libras. Por causa da opção, o pacote ganha desconto de 30%. Calculamos que esse valor possa cobrir a publicação de 13 artigos. Caso o sistema seja bem aceito pelos pesquisadores e nos dê o retorno desejado, estamos prevendo novo investimento em breve.

Informe ENSP: Quantas instituições brasileiras estão associadas à BioMed Central?

Margareth Portela:
Além da ENSP, a Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita Filho (Unesp) também consta na listagem da editora como instituição associada. Para nós, instituição pública, é grande a burocracia para nos associarmos a este tipo de iniciativa. É longo o trâmite para a aprovação da proposta. Levou mais de um ano e meio para conseguirmos a associação. Agora, a ENSP terá uma área dentro da página eletrônica da BioMed Central, com visibilidade para o público externo.

Informe ENSP: Todas as revistas da editora tem boa classificação?

Margareth Portela:
A editora tem algumas revistas novas, portanto, possivelmente ainda sem classificação. Algumas tem fatores de impacto muito interessantes para área: 3 ou 4, o que é muito interessante. O sistema Qualis, no entanto, não é mais baseado apenas no fator de impacto. Conta também o chamado índice H, um pouco mais abrangente. Por uma questão política, no caso da saúde coletiva, busca-se valorizar revistas nacionais e da América Latina, com impacto regional importante, ainda que não sejam revistas de elevado impacto do ponto de vista internacional.

Informe ENSP: De que forma é assegurado o direito autoral do pesquisador que publica em uma das revistas da editora BioMed Central?

Margareth Portela:
Todos os autores que publicarem em um periódico da BioMed Central tem seus direitos assegurados. Os artigos são licenciados mediante licença Creative Commons Attribution License, que permite que artigos sejam acessados e descarregados livremente, reutilizados e redistribuídos, sem quaisquer restrições, desde que os trabalhos originais sejam corretamente mencionados. A publicação científica já funciona desta maneira. Por isso, neste aspecto, acredito que pouca coisa muda.


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