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Simpósio na ENSP discute desafios e ações para o enfretamento da Tuberculose

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Publicado em:27/03/2023

Em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado em 24 de março, a Escola Nacional de Saúde Publica Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), por meio do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, realizou a segunda edição de um simpósio sobre o tema que abordou a situação epidemiológica da TB durante a pandemia de Covid-19, além do impacto dos cuidados nutricionais dos pacientes acometidos pela doença, entre outros aspectos. O evento contou com a participação de pesquisadores, dirigentes da Fiocruz e representações do Ministério da Saúde e da sociedade civil, para discutir o panorama da doença e ações para o seu enfretamento. 

A atividade fez parte do conjunto de eventos realizados durante a Semana Nacional de Mobilização e Luta contra a Tuberculose, instituída recentemente pelo MS, e no mesmo momento em que o Conselho Nacional de Saúde aprovou a resolução nº 709, marcando o esforço da pasta em promover ações que sejam capazes de rever o cenário catastrófico da tuberculose, que segue sendo uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo, com aproximadamente 30 mil casos e 4,5 mil mortes registradas todos os dias.

O 2º Simpósio Dia Mundial de Combate à Tuberculose contou com a participação do presidente da Fiocruz, Mario Moreira; do diretor da ENSP, Marco Menezes; da Vice-Diretora de Atenção à Saúde e Laboratórios de Saúde Pública (VDAL), Fátima Rocha; da consultora técnica da Coordenação Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses endêmicas e Micobactérias não tuberculosas (CGTM), do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DATHI) do MS , Nicole Menezes de Souza; do coordenador do Observatório Tuberculose Brasil, Carlos Basilia; além do chefe do CRPHF, Paulo Victor Vianna e da nutricionista do Centro de Referência, Roberta Kelly. 


Dados da Tuberculose e a atuação do Hélio Fraga 

O chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Paulo Victor Viana, iniciou o seminário destacando que o evento é um momento importante de discussão de ações para o combate e enfrentamento da doença em todo o mundo, apontando alguns dados sobre a tuberculose, que em 2021 acometeu mais de 10,6 milhões de pessoas, sendo 4,2 milhões de pessoas não diagnosticadas e que não iniciaram o tratamento. 

Segundo ele, a doença matou 1,6 milhões de pessoas em 2022, perdendo apenas para a Covid-19, em termos de morte por um único agente infeccioso.  "A pandemia reduziu substancialmente o acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento da TB, resultando em aumento das mortes pela doença e reversão no progresso global", advertiu o pesquisador. Ele destacou também, que a carga da tuberculose resistente a medicamentos, chamada Tuberculose Drograrresistente (TBDR), aumentou em 3% entre 2020 e 2021, com aproximadamente 450 mil novos casos de resistência à doença em 2021.

Paulo falou ainda, sobre a atuação do Hélio Fraga - que recebeu, em 2022, o certificado de Acreditação pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) - destacando diversas ações durante a pandemia, como o inquérito sobre Covid-19 em pacientes com tuberculose resistente, a distribuição nacional de medicamentos para tuberculose resistente e a distribuição nacional de novos medicamentos contra a TB, testes com a vacina BCG para o combate ao coronavírus, estudos clínicos, produção de levantamentos epidemiológicos e estudos sobre atualização no tratamento, ações de combate à doença, análises de relatórios globais sobre a TB, além da oferta de dois cursos de capacitação profissional que formaram mais de 250 profissionais que irão contribuir para avanço no enfrentamento da tuberculose no Brasil e com o objetivo de eliminá-la como problema de saúde pública até 2035. 

A atuação da Fiocruz e da ENSP

O presidente interino da Fiocruz, Mario Moreira, destacou o evento como um marco importante na discussão de uma doença fortemente agravada pelas condições sociais da população em o mundo todo, especialmente no Brasil, e ressaltou também, a vasta atuação da Fiocruz no combate à tuberculose, por meio de sua atuação em vários temas e áreas, como a forte atuação no campo da referência, tanto por meio do Hélio Fraga quanto do Instituto Nacional de Infectologia (INI), mas também de linhas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, com a atuação de diversas unidades da Fiocruz, além da produção de vacina. 

Ele enalteceu a importante iniciativa no combate a tuberculose, através do acordo com a Fundação Ataulfo de Paiva, para que não haja descontinuidade na produção da vacina BCG, com a Fiocruz assumindo a operação da produção da vacina. “A tuberculose é um prioridade para a Fiocruz e não podemos nos acomodar diante de uma doença que apresenta números tão alarmantes como os que estão sendo apresentados neste evento. Estamos falando de uma doença detectável e com tratamentos disponíveis. Precisamos articular esforço nacional com o Ministério da Saúde, secretarias municipais e estaduais, além das representações da sociedade civil, para que possamos de fato alterar o cenário atual que agrava de forma perversa o nosso quadro epidemiológico”, destacou o presidente.

O diretor da ENSP, Marco Menezes, parabenizou o Hélio Fraga pela realização do evento, fazendo uso das palavras do diretor do Departamento de Vigilância de IST/AIDS, Tuberculose e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do MS, Draurio Barreira, em seu discurso de posse:

“Acredito que a tuberculose possa ser eliminada no Brasil”. Menezes destacou o momento político e social especial pelo qual o país passa com a chegada de um governo que destaca como ponto central o combate à fome e a pobreza. “Esse é um momento de reconstrução de políticas com a sociedade para que possamos enfrentar os atrasos dos últimos anos e avançar no enfrentamento desta doença que apresenta números alarmantes”.

Marco Menezes pontuou a atuação da Fiocruz, em especial do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, na produção, inovação e assistência, parabenizando o HF por suas ações que integram ensino, pesquisa e assistência. O diretor citou a importância do papel da Escola na articulação com a sociedade civil organizada e com movimentos sociais para avançar no combate à TB. “Neste momento de repactuação de agendas em todos os níveis, precisamos pensar em ações que integrem o ensino e a pesquisa com a sociedade e no fazer com os movimentos”. 

Por fim, destacou atividades da ENSP que contribuem para essa articulação, como a participação da ENSP no Grupo de Trabalho do Conselho Nacional de Saúde que trabalhou na reformulação da resolução nº 444 e na aprovação da nova resolução nº 709, além da realização do Ceensp sobre cuidados paliativos, nesta quarta-feira (22/3), como uma forma de articular pesquisa e movimentos. Complementando a fala pela direção da ENSP, a Vice-Diretora de Atenção à Saúde e Laboratórios de Saúde Pública, Fátima Rocha, trouxe para a discussão o estigma e descriminação em torno da doença e falou sobre a importância da discussão das questões relativas aos direitos humanos, ética e moral, em relação a tuberculose. 

Pelo fim da Tuberculose até 2035

A consultora técnica da Coordenação Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses endêmicas e Micobactérias não tuberculosas (CGTM), do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DATHI) do MS, Nicole Menezes de Souza, que atua no âmbito do Plano Nacional pelo fim da Tuberculose como problema de saúde pública, apresentou algumas ações do MS neste novo cenário e as perspectivas para 2023, além de pontuar os objetivos da pasta em atingir as metas de eliminação da tuberculose como problema de saúde pública. 

De acordo com ela, o Brasil integra a lista dos 30 países com maior número de casos de TB e casos de coinfecção de TB-HIV. "Os países do BRICS são responsáveis por 46% dos casos de TB no mundo, e o Brasil concentra 1/3 de todos os casos da região das Américas”, expôs. A consultora afirmou que o país está comprometido com a agenda pelo fim da tuberculose, seguindo a estratégia global de reduzir em 90% a incidência e em 95% o número de mortes pela doença até 2035 e também em zerar o número de famílias afetadas pelos custos catastróficos até lá. 

Observatório Brasil TB uma demanda dos movimentos sociais 

Representando os movimentos sociais na composição do 2º Simpósio, o coordenador do Observatório Tuberculose Brasil, Carlos Basilia, falou brevemente sobre a criação do Observatório -  vinculado à ENSP/Fiocruz - que tem o objetivo de fortalecer o Sistema Único de Saúde e contribuir para o controle da tuberculose no país, por meio do monitoramento das políticas públicas de saúde e promoção do controle social. Segundo ele, a criação foi uma demanda dos movimentos sociais, em busca de participação ativa de movimentos sociais e da sociedade civil no que se refere à execução dos compromissos assumidos oficialmente pelo governo. Atualmente, o Conselho Estadual de Tuberculose do RJ conta com representação do Observatório TB Brasil/ENSP


Situação epidemiológica da TB durante a pandemia e impacto dos cuidados nutricionais dos pacientes

Encerrando o simpósio, a nutricionista do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Roberta Kelly, fez uma apresentação sobre o impacto dos cuidados nutricionais dos pacientes acometidos por tuberculose que foram atendidos no ambulatório do Centro. Segundo ela, é comum que paciente com TB apresentem baixo peso e desnutrição por terem falta de apetite, além de emagrecimento devido ao desconforto em se alimentar por causa da tosse. "Pacientes desnutridos sofrem alterações nos mecanismos imunológicos podendo contribui para a evolução da doença", explicou ela.

Em sua última fala, o chefe do Hélio Fraga, Paulo Victor Viana fez uma apresentação sobre a situação epidemiologia da TB durante a pandemia de Covid-19. De acordo com ele, o Relatório Global da Tuberculose - produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - apontou que a pandemia de Covid-19 ainda está afetando negativamente o diagnóstico e o tratamento da tuberculose, aumentando a carga da doença, além de causar desaceleração, interupção e reversão do progresso feito até 2019 no combate a tuberculose.

Assista, no vídeo abaixo, o 2º Simpósio Dia Mundial de Combate à Tuberculose na íntegra!





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