Seminário de Ensino discute impacto da pandemia na Educação
Na tarde do dia 19 de abril, como parte da programação da abertura do ano letivo da Escola, aconteceu o Seminário de Ensino ENSP 2021, com o tema 2020: Ano perdido para a Educação?
Em seguida, a reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Carvalho, fez uma apresentação sobre a atuação da instituição frente à pandemia de Covid-19 em um contexto em que o Brasil precisa cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no que diz respeito ao alcance do ensino de qualidade. “O ano de 2020 não foi um ano perdido para a Educação. Mas foi um ano atípico e distópico”, disse. Entre os principais desafios do país na Educação, Denise citou o pequeno número de doutores no país e o baixo percentual de indivíduos com nível superior, em comparação com alguns outros países. “A população não vai melhorar em emprego e renda, se não houver melhora no ingresso e formação em nível superior”, alertou.
Coordenadora-geral de educação da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (Vpeic/Fiocruz), Cristina Guilam chamou a atenção para as desigualdades sociais no Brasil, que se refletem em vários níveis da vida da população, inclusive nas oportunidades de Educação e na questão do isolamento social. “A Fiocruz tomou diversas iniciativas no sentido da manutenção da Educação na pandemia, mas também na produção de vacinas, de forma que o país tenha autonomia e soberania”, frisou. Segundo ela, a pandemia tem aspectos que transcendem, em muito, os fatores biológicos, pois evidencia questões de desigualdades sociais que vêm de longo tempo.
Cristina também citou o isolamento social como importante medida de proteção social, associada à vacina, o qual, segundo ela, também repercute nas classes sociais de maneira extremamente heterogênea. A coordenadora da Vpeic ainda chamou a atenção para o surgimento da dicotomia artificial e inútil entre Economia e Saúde, que criou conflitos entre os diversos níveis da Federação, contribuindo para o clima de incerteza, segundo ela. “A pandemia atualiza velhas subjetividades, buscam-se responsáveis: o ‘vírus chinês’, a ‘variante brasileira’, a culpabilização de pessoas que adquiriram a doença, a criação de discursos mentirosos”, destacou.
A representante do Fórum de Alunos da Pós-Graduação da ENSP, Amanda Amorim, trouxe ao debate as dificuldades enfrentadas por professores e alunos com a imposição do modelo de ensino remoto pela pandemia. Entre elas, a falta de acesso à internet nas casas de alguns alunos, o desgaste emocional, o prejuízo na relação entre docentes e discentes, além do aumento do volume de disciplinas em função da readaptação da ENSP ao diferente modelo de ensino.
“Soma-se a tudo isso, a falta de espaços próprios para estudos e de momentos de exclusividade sem interrupção externa. Sem contar que os colegas que atuam na linha de frente no combate à Covid-19 precisavam assistir às aulas em seus espaços de trabalho e os que tinham filhos precisavam dividir seu tempo”, comentou. Ela também destacou o apoio da Escola no suporte aos alunos menos favorecidos, levando acesso à internet e computador aos que não tinham.
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