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Encontro de iniciação científica traz dados sobre impactos da violência armada e suicídio infantil

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Publicado em:25/05/2022

A Reunião Anual de Iniciação Científica da ENSP (RAIC), que aconteceu em 16 de maio, iniciou com uma roda de conversa com a turma de Iniciação Científica de Manguinhos. O encontro teve a participação do diretor da ENSP, Marco Menezes, da coordenação da Vice-Presidência de Pesquisa da Fiocruz e da equipe de coordenação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). A RAIC é determinada pelo CNPq e realizada pelas instituições que se incluem no Programa de Iniciação Científica e no Programa de Iniciação Tecnológica, e que recebem cotas de bolsas PIBIC ou PIBITI. O encontro é organizado com a finalidade de acompanhar o progresso dos bolsistas e avaliar o seu rendimento, sendo uma atividade obrigatória daqueles Programas.

Ao abrir o evento, o diretor da ENSP, Marco Menezes, deu as boas-vindas aos alunos e ressaltou a importância da Inovação e da parceria com a presidência da Fiocruz no projeto envolvendo o território de Manguinhos.

Vice-diretora de Pesquisa e Inovação da ENSP, Luciana Dias ressaltou o papel da ENSP na Reforma Sanitária e origem do SUS e disse que a RAIC é uma oportunidade para os alunos se aproximarem das áreas de Saúde Pública e Coletiva e se inserirem em diferentes projetos, o que, consequentemente, abre possibilidades para diversas formas de problematização.  

Coordenadora adjunta do Pibic e Pibiti/ENSP, Liana Wernesbach relembrou a história dos Programas na ENSP e destacou a importância do projeto com o território de Manguinhos. 

Em seguida, a coordenadora de pesquisa do Núcleo de Assistência Farmacêutica/ENSP, Ângela Esher, destacou a importância de ter o território de Manguinhos ocupando a posição de pesquisadores, dada sua relevância para se pensar as políticas de saúde para a população. 

Analista de gestão da Vice-Direção de Ambulatório e Laboratório de Saúde Pública (VDAL/ENSP), Pedro Lima explicou que a Escola tem grande interesse no desenvolvimento de pesquisas para aplicação nos serviços, a fim de que possa, de fato, ajudar em melhorias efetivas nos serviços e sistema de saúde. 

A coordenadora do Pibic e Pibit/ENSP, Patrícia Constantino, falou da importância da realização do evento como a primeira atividade presencial dos alunos após a fase mais crítica da pandemia e destacou que a RAIC é fruto de um árduo trabalho. 

Impactos da violência armada em Manguinhos

Em seguida, a egressa do PIBIC e mestranda do Programa de Saúde Pública da ENSP, Camila Athayde, apresentou aos alunos seu projeto de pesquisa Conflitos armados e saúde - investigando os sentidos e os impactos da violência entre moradores e trabalhadores da saúde e da educação em Manguinhos/Rio de Janeiro/RJ - estudo de caso, realizada entre 2019 e 2020. O estudo objetivou produzir evidências científicas sobre os impactos da violência armada (VA) na saúde da população moradora e trabalhadora da educação, saúde e organizações da sociedade civil de Manguinhos, assim como sobre o funcionamento dos serviços, e promover debates acerca de estratégias de enfrentamento à VA e de proteção e cuidado à saúde.

A pesquisa produziu informações sobre a ocorrência de VA em Manguinhos por meio de registro semanal de notícias veiculadas através de e-mail institucional da Fiocruz e em redes sociais, entre 2019 e 2020. Os dados revelam que é grande a frequência de operações policiais, ocorridas predominantemente pelas manhãs e, em seguida, tardes e noites. No que diz respeito à VA, as forças policiais são referidas como o principal agente envolvido nos confrontos.

Os resultados também revelam a percepção de risco iminente permanente relacionado à VA no território. Essa percepção é associada às frequentes operações policiais ostensivas de combate ao tráfico de drogas. “A pesquisa mostra que a violência armada no território impacta o cotidiano das pessoas e é difícil para elas lidar com a sensação iminente de conflito”, contou Camila. 

O estudo ainda aponta que os impactos da VA sobre as pessoas e as estruturas dos equipamentos de Manguinhos incluem questões que vão desde a produção de obstáculos ao pleno funcionamento dos serviços e danos aos equipamentos, até uma série de efeitos nocivos na saúde física e mental de quem vive tais situações.  

Conheça os resultados e saiba mais sobre a pesquisa

Prevenção ao suicídio na infância e adolescência

O encontro também contou com a apresentação do projeto de pesquisa Prevenção ao suicídio na infância e adolescência, do egresso do PIBIC e mestrando do Programa de Saúde Pública da ENSP, Pedro Henrique Sampaio. Por meio de levantamento bibliográfico, projetos de intervenção, análise de artigos, manuais e entrevistas com profissionais de saúde, o estudo visa investigar sobre o tema do suicídio e da tentativa de suicídio entre crianças e adolescentes no Brasil. A pesquisa será transformada no capítulo de um livro, intitulado Prevenção ao suicídio na infância e adolescência: estratégias, diretrizes e lacunas.

Entre 2010 e 2019, ocorreram 11.230 mortes por suicídio no Brasil, o que representa aumento em 43% na taxa anual, com destaque para as regiões Sul e Centro-Oeste. As taxas de suicídio na Região das Américas subiram 28% no período de 2000 a 2019. Já na Europa, houve 40% de declínio, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo Pedro, a redução ocorreu em função de medidas de prevenção na região. 

“Sou psicólogo e nenhuma faculdade de psicologia aborda o suicídio na graduação, nem quando existem casos de suicídio na própria instituição. O suicídio, na verdade, só é abordado como o fim: por exemplo, se a pessoa tem uma depressão muito severa, pode acontecer de terminar em um suicídio. O suicídio sempre vem como fator de risco ou fator final. Mas ninguém fala mais que isso, ninguém fala em como prevenir”, alertou Pedro. 

Em relação ao suicídio de crianças e adolescentes, existe uma série de questões envolvidas, conforme relatou o mestrando. Segundo ele, nesse caso, o lúdico precisa ser levado em consideração. “Isso envolve a questão de se a criança sabe o que é a morte ou se, para ela, a morte é se encontrar com ‘papai do céu’, como muitas relatam. É preciso analisar até que ponto se pode considerar um suicídio infantil no sentido de sair de um sofrimento ou como uma tentativa de ir ‘para o outro lado’ como fruto de um luto mal resolvido, como, por exemplo, a tentativa de se encontrar com um avô falecido ou outro ente querido”, explicou Pedro.

Sobre a RAIC

Na Fiocruz, por decisão da Câmara Técnica de Pesquisa, as RAICs são descentralizadas, sendo realizadas de maneira independente nas Unidades Científicas e Tecnológicas, a partir do Regulamento anualmente publicado, a partir de um calendário pactuado em conjunto, e divulgado pela Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas. Atividades centralizadas e coletivas, como abertura e encerramento, são também programadas pela Fiocruz.

Na ENSP, a RAIC é realizada através de uma programação que inclui apresentação dos trabalhos na modalidade oral para bancas constituídas por três avaliadores, sendo: um pesquisador Doutor da ENSP, um pesquisador Doutor externo à ENSP, e um aluno de doutorado da ENSP. As avaliações das apresentações, bem como dos relatórios e demais documentos apresentados pelos bolsistas, é feita em sistema eletrônico próprio e sigiloso, sendo depois encaminhados ao CNPq, desta forma ficam disponíveis para a avaliação ao final do período de concessão da bolsa, justificando sua aprovação e eventual renovação.

A participação dos bolsistas que recebem pelas cotas institucionais dos programas PIBIC e PIBITI é obrigatória, sendo facultativa para outros bolsistas de IC tais como os de balcão, para os do Programa de Estágio Curricular e para outros. A não participação em um mínimo de atividades da RAIC, ou a ausência de apresentação oral leva ao cancelamento automático da bolsa.






 



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