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Solenidade de formatura abre comemorações aos 67 anos da ENSP

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Publicado em:01/09/2021
A tradicional cerimônia de formatura dos alunos das turmas de lato e stricto sensu 2020/2021 abriu as comemorações dos 67 anos da ENSP, que, este ano, tem como tema Que país será este? Reconstruindo e construindo agendas e trajetórias. A atividade, transmitida on-line pelo canal da ENSP no Youtube, contou com a presença da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, do diretor da Escola, Marco Menezes, e da vice-diretora de Ensino da ENSP, Enirtes Prates.



Ao abrir o evento, o representante do Fórum de Estudantes da ENSP, Jairly Suplício, destacou que a ENSP nasceu como espaço de diálogo crítico, reflexivo e de aprendizado. Ele lembrou que a Escola, por ser laica, privilegia a construção de um saber dialético, racional, científico, reproduzível e verificável. “Há 67 anos, a ENSP existe para formar uma inteligência capaz de pensar de forma crítica e analítica a Saúde em escala e dimensão nacional, em um país como o Brasil. Seu desafio é complexo, plurifacetado e, ao mesmo tempo, singular, pois sua vocação é olhar o todo considerando uma abordagem que leve em conta as peculiaridades regionais, étnicas, culturais, religiosas e ambientais. A ENSP é branca, parda, amarela, preta e indígena”, ressaltou.

Em seguida, a vice-diretora de Ensino da ENSP, Enirtes Prates, enfatizou que o momento é de luto e perdas no país, mas também de conquistas, as quais estão marcadas pelo trabalho de formação da Escola. “Nós formamos gestores, docentes e técnicos. O nosso trabalho de formação se mantém, e nós nos reinventamos ao longo desses quase dois anos. Quando tivemos que suspender as aulas presenciais, redobramos nossos laços e braços em atividades remotas para alguns e na manutenção de atividades presenciais para outros. Essa é uma instituição de renovação que nos emociona. Somos parte do povo brasileiro e mostramos essa potência quando aqui estamos, presentes, mostrando esse momento de alegria”, disse. Segundo ela, tal renovação fez com que a ENSP mantivesse a qualidade de seu trabalho e seu compromisso com a ciência, a pesquisa, o ensino e as atividades de extensão.

O diretor da ENSP, Marco Menezes, destacou que o ano de 2021 foi de muitos esforços, potencializados pela pandemia, e, por outro lado, esse processo também foi marcado pelo companheirismo, eterno aprendizado e troca constante dos corpos docente e discente da Escola. “Este ano, em especial, foi de uma pandemia que acabou com todas as perspectivas de trabalho e convívio, mas soubemos superar. É uma pandemia que, hoje, podemos chamar de uma grande crise econômica, sanitária e humanitária mundial, a qual, em nosso país, avança muito fortemente sobre as populações em situações de vulnerabilidades, da qual temos dado conta de resistir e avançar por meio do nosso Sistema Único de Saúde,” afirmou. Segundo ele, dois pontos marcaram a atuação da ENSP ao longo dos dois últimos anos: a capacidade de reinvenção das práticas pedagógicas e a própria formação em Saúde Pública, que possui quadros qualificados, os quais se mostram como importante estratégia para se enfrentar o atual momento imposto pela pandemia. “Uma certeza temos aqui na nossa Escola: essa crise será superada com o protagonismo dos profissionais da Saúde Pública”, ressaltou.

A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, destacou que educação e saúde são campos movidos por pessoas e valores éticos, de respeito e amor ao próximo, de solidariedade, coletividade, reconhecimento de direitos e de democracia. Valores esses que, segundo ela, muitas vezes, são ameaçados em tempos difíceis por conta da pandemia e da crise multidimensional que se configura atualmente. “Nós sabemos o país que nós queremos? Então, temos que olhar para a frente, pois utopia é movimento, é estarmos sempre buscando nossos ideais, o projeto em que acreditamos e pelo qual lutamos. Então, vamos lutar pelo SUS, pelo direito à saúde e uma sociedade mais justa e igualitária”, concluiu.

A cerimônia contou também com uma homenagem a alunos, profissionais, amigos e familiares que foram a óbito em decorrência da Covid-19. 
Após a homenagem, a professora da Escola, Tatiana Wargas, reforçou que a pandemia trouxe uma série de desafios a todos, docentes, discentes e instituições. Ela destacou que encerrar esses processos também foi um desafio não somente maior, como de honra a si mesmo. “A pandemia também trouxe, para nós, a percepção de uma indignidade de vidas no país e tem mostrado que nossos caminhos precisam ser retraçados, e precisamos construir ainda muita coisa. Nós somos de uma área que luta, já há muito tempo, por uma saúde que não é só a presença e a produção de serviços assistenciais, mas a capacidade de gerar qualidade de vida, com condições de vidas plenas. Isso faz com que olhemos para este momento como uma oportunidade de renovar nossa capacidade de lutar e encontrar caminhos e diálogos entre nós”, disse. 

Discursos dos discentes e docentes

Em seguida, a professora Elvira Maciel, escolhida como madrinha das turmas de formandos, instigou o público com a seguinte indagação: “Sem políticas públicas adequadas, o que seria de nosso trabalho? Se a escolha foi pela Saúde Pública, isso nos obriga a nos posicionarmos diante das políticas e dos governantes deste país. Esse posicionamento é inseparável, condicionado ao nosso curvar-se diante da dor dos outros em nome da Saúde Pública universal e igualitária”, defendeu.

Dando seguimento à solenidade, o professor Wellington Araújo reforçou que o compromisso de todos foi o fator de superação dos momentos difíceis impostos pela pandemia. Ele também discorreu sobre sua visão acerca dos saberes na ENSP: “Há uma expressão do senso comum que diz que ‘Saber é poder’. E poder é algo que leva muito à competição, entre outras coisas. No entanto, há outra forma de se encarar o saber: saber uma coisa é ‘saboreá-la’. Esse é um conceito de Roland Barthes. E, como professor, me baseio muito nele em sala de aula. Nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria e o máximo de sabor possível: é o que desejo aos formandos”, concluiu.

Iniciando o discurso dos discentes, a formanda representante das turmas dos cursos de especialização, Nathália Zille, salientou que, há 67 anos, a ENSP se dedica à formação de profissionais e pesquisadores para o SUS, assim como à assistência à população, proporcionando um rico encontro entre conhecimento acadêmico e os saberes dos diferentes atores da prática, como gestores, profissionais da Atenção Primária à Saúde, da Vigilância em Saúde, entre tantos outros que constroem e lutam por um SUS universal e de qualidade. “É por ser esta instituição de excelência e criticidade que nós, os egressos do lato sensu, a escolhemos para chamar de casa”, afirmou.

Representante da turma de Residência Médica e Medicina da Família, Rafaela Rodrigues recitou um poema de Carlos Drummond de Andrade e afirmou que, para muitos dos formandos, o processo formativo profissional se estendeu para o processo de autoconhecimento, tornando-se uma constante construção e desconstrução do SUS pelo qual lutamos. “Foi um saber que se expandiu para uma realidade nunca antes vista por muitos, para vidas antes invisíveis. E não foi fácil; convivemos com dores enormes que são dos outros, mas também são nossas”, disse. “A Medicina da Família é uma escolha, não um título. E segue sendo uma escolha diária”, complementou.

Já a representante das turmas de mestrado, a formanda Thauanne Gonçalves, lembrou que o SUS enfrenta seu maior desafio desde sua criação. “Nesse contexto, reforçamos sua importância e necessidade considerando nosso país de dimensão continental, de profundas desigualdades e realidades tão distintas. É essencial fortalecer o Sistema Único de Saúde para garantir saúde a toda a população brasileira. Nesse contexto, também vimos a relevância da pesquisa, da ciência, da Saúde Pública e Coletiva”, disse.

Em seguida, encerrando a cerimônia, o representante das turmas de doutorado, o formando Jarbas Ribeiro, relembrou os momentos turbulentos vivenciados pelo país durante os anos de doutorado: “Durante todo esse tempo, lutamos. Nossa luta se trava tanto na teoria como na prática. Nossos professores, coordenadores e diretores foram fundamentais nesses momentos, contribuindo com a reflexão e a análise, de forma a não deixar a chama da esperança apagar e nos desanimar”, afirmou. 



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