Cedipa promove encontro sobre diversidade e inclusão na Fiocruz
O diretor-executivo da Fiocruz, Juliano Lima, destacou a urgência de fortalecer as lutas por direitos e igualdade frente à disseminação de discursos de ódio no mundo. Ele celebrou os avanços, como o estabelecimento de políticas institucionais e a maior presença de pessoas com deficiência nos espaços e atividades da Fundação, mas enfatizou que “ainda há um longo caminho até uma sociedade verdadeiramente igualitária. A Fiocruz deve ser um espaço de inclusão, oferecendo oportunidades para qualquer pessoa, especialmente pessoas negras, com deficiência, trans e egressas do sistema prisional”.
Para a coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas, Hilda Gomes, o encontro foi um momento importante de construção, problematização e afeto coletivo. “Não temos alternativa, senão sermos otimistas. Esse otimismo nos conecta, nos move e nos coloca na linha de frente contra violências cotidianas como capacitismo, racismo, misoginia, etarismo, intolerância religiosa e outras discriminações. A partilha, o trabalho coletivo e o respeito são inegociáveis e sustentam nossa luta por mudanças fundamentais e urgentes na instituição”, afirmou.
O diretor da ENSP/Fiocruz, Marco Menezes, reforçou esse posicionamento, destacando a importância de eventos como o REDEquidade: “A construção de uma sociedade mais justa e igualitária começa pela valorização da diversidade, e a Fiocruz tem um papel central nesse movimento”. Já a integrante da Coordenação colegiada do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da instituição, Luciana Lindenmeyer, ressaltou o compromisso firmado com o Ministério das Mulheres e a criação da Política de Equidade Étnico-Racial e de Gênero, lançada em 2023 na Fundação. "A equidade exige uma transformação profunda nos processos, que só será possível com a participação ativa de todas as pessoas", disse.
O REDEquidade teve o apoio da Fiocruz Pernambuco; das vice-presidências de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) e de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB), por meio do Programa de Políticas Públicas, Modelos de Atenção e Gestão do Sistema e Serviços de Saúde (PMA); do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN); do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos); e da Coordenação-Geral de Planejamento Estratégico (Cogeplan). O encontro contou ainda com a parceria da Coordenação de Comunicação Social (CCS) e do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz.
Políticas institucionais
Como parte da programação, representantes de diversas unidades e escritórios da Fiocruz compartilharam as ações, desafios e expectativas de seus coletivos na atuação pela equidade. Entre os grupos presentes estavam: a Comissão Permanente de Diversidade e Equidade da ENSP; o Núcleo de Acessibilidade e Pró-Equidade de Gênero de Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos); o Grupo de Trabalho sobre Acessibilidade do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict); o Núcleo de Equidade, Diversidade e Políticas Afirmativas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF); e a Comissão Interna de Respeito à Diversidade do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (CIRD/INCQS).
Também compartilharam suas iniciativas representantes do Núcleo Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz Bahia, o Coletivo de Acessibilidade e Inclusão e o Coletivo Pró-Equidade da Fiocruz Brasília, a Comissão de Equidade e Diversidade da Fiocruz Ceará e o Núcleo de Diversidade e Inclusão da Fiocruz Pernambuco. Apesar de não possuírem coletivos formalmente constituídos, unidades como o Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB), o Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Fiocruz Piauí, Fiocruz Mato Grosso do Sul, Fiocruz Amazônia e Fiocruz Paraná também participaram da rodada de apresentações. “É essencial construirmos uma instituição diversa, onde não só haja espaço para pessoas trans, negras e com deficiência, mas um espaço onde se sintam pertencentes e valorizadas,” afirmou a bolsista da Fiocruz Piauí Jessyka Rodrigues.
Plano de ação
Os grupos de trabalho propuseram, entre as ações, a ampliação da presença de pessoas negras em cargos de decisão, visando fortalecer a representatividade na gestão. Também foi proposta a criação de programas para aumentar a empregabilidade trans e de pessoas com deficiência como uma questão urgente para reduzir desigualdades na Fiocruz, destacando a importância de formações permanentes antirracistas e anticapacitistas e adequações de infraestrutura para acolher todas as pessoas.
A analista de gestão e saúde da Fiocruz Bahia Daniela Cerqueira, enfatizou que a atividade foi uma oportunidade de troca entre as unidades espalhadas pelo Brasil. “Muitas vezes, nem sabemos o que acontece nas outras unidades. Foi uma chance de conhecer o trabalho de cada uma, dar visibilidade ao nosso e fortalecer as ações de diversidade na Fiocruz como um todo,” comentou.
Diálogo pela humanidade
O I Encontro REDEquidade: Fiocruz pela Diversidade e Inclusão também foi marcado pela intensidade das manifestações artísticas. O arte-educador da Fiocruz Ceará, Ricardo Wagner, transformou os diálogos em imagens que traduziram as ideias e reflexões dos participantes, a partir do desenho "falado". As apresentações culturais da programação trouxeram momentos marcantes ao evento: no primeiro dia, Paulo de Andrade, homem negro, surdo e bolsista do Museu da Vida Fiocruz, apresentou um slam que provocou o público a refletir sobre os desafios da comunicação com uma pessoa surda. No segundo dia, a cantora, compositora e ativista negra e trans, Azula Palmares, trouxe sensibilidade à programação, com um repertório autoral e de músicas nacionais.
Ao final do encontro, o som dos tambores dos Discípulos de Oswaldo, bloco de carnaval formado por integrantes da comunidade Fiocruz, marcou simbolicamente um novo ciclo de trabalho e transformação, buscando repactuar mudanças já em curso, fortalecendo e renovando o compromisso político para as construções ainda necessárias e urgentes pela diversidade e inclusão na instituição.
Galeria de fotos:
Confira as fotos dos principais momentos do evento em galeria publicada no Portal Fiocruz.
*Fotos: Peter Ilicciev (CCS).
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