ENSP participa de debates no 14º Abrascão nesta segunda (1/12)
Foto: Lucas Moratelli (Observatório do SUS/ENSP/Fiocruz).
A presença da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) seguiu em destaque nesta segunda-feira (1/12) no 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão 2025). Pesquisadores(as), docentes, discentes e trabalhadores(as) da instituição participaram de mesas-redondas e comunicações orais, contribuindo para debates estratégicos dos diferentes eixos temáticos do evento, que este ano tem como tema 'Democracia, Equidade e Justiça Climática: saúde e os enfrentamentos dos desafios do século 21'.
Emendas parlamentares e a gestão do SUS
A pesquisadora Luciana Dias de Lima coordenou a mesa “Negociando a saúde: o poder das emendas parlamentares e seus efeitos na gestão do SUS”, que contou com a participação de Fabíola Sulpino Vieira (Ipea), Frederico Bertholini (UnB) e André Schimidt (Observatório do SUS/ENSP/Fiocruz).
O debate examinou o crescimento expressivo da despesa federal com emendas parlamentares desde 2015 e seus impactos na organização e no financiamento da atenção primária e especializada.
“Reunimos especialistas que analisam as repercussões das emendas no financiamento, no sistema político, no papel do Ministério da Saúde e na gestão local. Com isso, avançamos na construção de uma rede colaborativa de estudos sobre um tema tão relevante para a política de saúde contemporânea”, destacou Luciana.
Inteligência artificial na comunicação científica
Luciana também participou da mesa “Inteligência artificial na comunicação científica: usos, limites e desafios”, dedicada à reflexão crítica e ética sobre o emprego dessas ferramentas no cotidiano de pesquisadores, editores e revistas científicas.
A pesquisadora enfatizou que "a IA não substitui o trabalho humano, especialmente o exercício crítico indispensável à produção científica. Segundo ela, a popularização das ferramentas ocorreu antes de uma compreensão clara de seus limites.
Luciana também abordou desafios para os periódicos científicos, como garantir segurança de dados, aprimorar processos editoriais e desenvolver soluções próprias que fortaleçam a integridade da produção acadêmica.
Iniquidades, interseccionalidades e envelhecimento
A pesquisadora do Claves/ENSP, Cecília Minayo, recentemente premiada pela Academia Mundial de Ciências, participou da mesa “Iniquidades, interseccionalidades e envelhecimento”.
Minayo apresentou reflexões com base em sua trajetória de estudos sobre envelhecimento e violência contra pessoas idosas, retomando contribuições clássicas, como as de Simone de Beauvoir, para discutir dimensões biológicas, sociais, históricas e existenciais do envelhecer.
A pesquisadora destacou que o envelhecimento é um estágio natural da vida – e não uma doença – e chamou atenção para desigualdades estruturais e representações sociais que moldam a forma como sociedades tratam seus idosos.
“O existencial é mais importante que o biológico. O que comanda estar bem com a vida é seguir ativo, olhar para frente e reconhecer que o tempo presente é o nosso tempo”, afirmou.
Ativismos digitais e enfrentamento às violências
A docente da ENSP e pesquisadora da Fiocruz, Suely Deslandes, participou da mesa “Redes em disputa: ativismos digitais e enfrentamento às violências”, na qual apresentou reflexões derivadas de pesquisa financiada pelo CNPq sobre estratégias de coletivos digitais no combate às violências contra meninas e mulheres.
Segundo Suely, esses coletivos desempenham papel fundamental ao criar redes de solidariedade, formar ativistas, disseminar informação qualificada, desenvolver tecnologias digitais de denúncia e apoio, influenciar agendas públicas e produzir memória de mulheres vítimas de violência.
“Tais iniciativas acumulam competências comunicacionais, de advocacy e mobilização que dialogam diretamente com a saúde coletiva. Ampliar essa sinergia é essencial para fortalecer políticas de enfrentamento às violências”, ressaltou.
Racismo e branquitude na saúde coletiva
A pesquisadora da ENSP e integrante do Comitê de Pró-Equidade de Raça e Gênero da Fiocruz e da Comissão de Diversidade e Equidade da Escola, Roberta Gondim, participou da mesa “Como o racismo e a branquitude operam no campo da saúde coletiva?”.
Roberta discutiu como a não racialização das análises epidemiológicas e dos estudos em saúde constitui um projeto de poder, ao invisibilizar desigualdades estruturadas pelo racismo. Ela destacou a importância de reconhecer brancos, negros, indígenas, amarelos e pardos como categorias analíticas para compreender processos de saúde-doença.
“A tradição da saúde coletiva é não racializar. E essa ausência de racialização mantém estruturas de poder. A mudança só avança com pressão social e participação popular”, afirmou.
Insurgências e incertezas na saúde global
A pesquisadora colaboradora da ENSP, Laurenice Pires, coordenou a mesa “Insurgências e incertezas na saúde global: a sociedade civil, os corpos dissidentes e os embates geopolíticos”.
O debate abordou estratégias de decolonização, a inserção de juventudes e corpos dissidentes em espaços decisórios internacionais, e a importância das ações em rede e coalizões na defesa de direitos e na formulação de agendas globais.
A mesa também discutiu como desigualdades territoriais e geopolíticas se expressam nas disputas por participação e reconhecimento — inclusive em arenas internacionais como a COP.
Saúde Única e Saúde Coletiva
Encerrando as atividades do dia, a vice-presidente de Informação, Educação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) e pesquisadora da ENSP, Marly Cruz, coordenou a mesa “Saúde Única e Saúde Coletiva: convergência ou conflito”, que reuniu pesquisadores nacionais e internacionais para debater interfaces, complementaridades e tensionamentos entre os dois campos.
Ao longo de todo o dia, pesquisadores, estudantes e trabalhadores estiveram em diversas comunicações orais curtas. Políticas públicas e regulação digital, saúde nas prisões e direitos humanos, reparação de desastres ambientais, iniquidades e desafios para a formação em saúde foram alguns dos trabalhos apresentados.
ENSP nas comunicações coordenadas
Ao longo de todo o dia, pesquisadores, estudantes e trabalhadores estiveram em diversas comunicações orais curtas. Políticas públicas e regulação digital, saúde nas prisões e direitos humanos, reparação de desastres ambientais, iniquidades e desafios para a formação em saúde foram alguns dos trabalhos apresentados.
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