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Gestão Integrada: encerramento do curso destaca a importância do aprendizado vivenciado

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Publicado em:23/10/2025

*Por Isabelle Ferreira

Temáticas como pensamento sistêmico, comunidades de prática e diálogo mútuo entre os participantes foram destacadas ao longo do evento.

Comunidades de prática, pensamento sistêmico e metodologias ativas foram alguns dos temas centrais abordados na cerimônia de encerramento do curso “Gestão Integrada: Processos, Riscos e Indicadores”, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), realizada pela coordenação do curso em parceria com o Laboratório de Inovação em Gestão Pública (Pólen/ENSP). O evento, realizado na última quinta-feira (16/10), celebrou com entusiasmo o encerramento da formação profissional. Voltado a trabalhadoras e trabalhadores da ENSP e da Fiocruz, o curso teve como finalidade fortalecer uma atuação estratégica na gestão integrada de processos, riscos e indicadores no serviço público.

A formação em Gestão Integrada ofereceu sua segunda turma e passa a integrar a programação anual de capacitações da Escola.

+ Assista na íntegra a cerimônia pelo canal da ENSP pelo Youtube.

A palestra 'Constelações de aprendizagem situada na ação' foi ministrada por Beatriz Quiroz Villardi, professora do curso de graduação em Administração Pública e do Mestrado Profissional do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Estratégia (PPGE) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A mediação da cerimônia foi conduzida pelos coordenadores-gerais do curso, Carlos Reis e Murilo Salles, que agradeceram a participação e a contribuição de cada trabalhador presente. Já o coordenador-geral do Pólen/ENSP, Márcio Feitoza, também presente, ressaltou a importância de cada projeto desenvolvido, destacando que, além de suas particularidades, essas iniciativas contribuem positivamente para o aprimoramento da gestão pública em saúde. 


Transformação na gestão pública

O coordenador do Pólen/ENSP, Márcio Feitoza, iniciou sua fala elogiando o comprometimento, o engajamento e o contato contínuo dos participantes, à medida que o curso passou por remodelagens e transformações ao longo do processo. “Os participantes desenvolveram atividades práticas e aprimoraram seus conhecimentos e aptidões. Por isso, o desenvolvimento constante não ficou restrito ao curso, mas também terá repercussão no serviço público”, destacou.

Para ele, a evolução e a entrega de cada projeto resultam do aprendizado obtido a partir da criatividade, da análise de riscos, da verificação de indicadores e da formulação de processos. “Os projetos foram desenvolvidos com base em situações-problema, o que resultou em práticas constantes durante as oficinas e ao longo do curso”, afirmou. Feitoza também enfatizou a importância da difusão dos conhecimentos e técnicas desenvolvidas na formação.

“O objetivo central da formação foi alcançado, de maneira que os participantes foram instigados a produzir conhecimento por meio da criação de uma comunidade ativa, dentro dessa perspectiva de integração entre processos, riscos e indicadores”, concluiu. Feitoza encerrou sua fala destacando que o processo contribui significativamente para a melhoria do serviço público e para o atendimento à população da Escola e aos demais cidadãos. 


O coordenador do curso, Carlos Reis, reforçou a relevância da metodologia ativa, que permite aos participantes aprenderem não apenas o conteúdo, mas também o método. “É um desafio para nós, da coordenação, ‘sair’ do papel de professor e nos tornarmos facilitadores desse processo”, ressaltou. Ele explicou que a mudança de um modelo clássico de ensino para um mais participativo foi inspirada em Paulo Freire, que defende que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. 

Reis finalizou destacando que, no desenvolvimento do processo de aprendizagem, a escolha do que cada participante queria aprender foi individual, e que ensinar exige pesquisa. Segundo ele, a coordenação do curso criou as questões de pesquisa a partir de um “disparador” para estimular o processo de construção do conhecimento. “Ensinar exige reflexão crítica. Por isso, introduzimos a parte teórica e, em seguida, a prática com as oficinas, nas quais há possibilidades de aplicabilidade”, concluiu. 

A construção de comunidades de prática

A professora da UFRRJ, Beatriz Quiroz, iniciou sua palestra afirmando que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) se constitui como uma comunidade de prática em construção. “Mesmo que as unidades estejam dispersas geograficamente, elas estão unidas no sentido de comunidade de prática, que se tornou uma constelação, pois está se expandindo”, destacou.

Segundo ela, todas as unidades da Fiocruz compartilham um objetivo comum: a busca pela excelência em saúde pública, voltada para o cidadão e para as pessoas em situação de vulnerabilidade social. Quiroz explicou que a comunidade de prática dos participantes do Curso de Gestão Integrada não se baseia em estruturas hierárquicas e verticais, mas sim em uma construção de heterodoxias. “É fundamental fortalecer essa rede para que possamos recuperar o protagonismo e não nos sentimos limitados pelas restrições, mesmo diante das condições que nos cabem, como o contingenciamento”, exemplificou.

Ela ressaltou ainda que, por meio das comunidades de prática, os participantes se conectam com o que desejam aprender, buscando aprimorar e executar seus projetos. Ao abordar o pensamento sistêmico, Quiroz citou o autor Peter Senge, que propõe o aprendizado a partir da experiência prática, seguida da abstração e da teorização. “O indivíduo busca a ação, realiza, e depois constrói as bases teóricas. Com isso, participa de uma comunidade de conhecimento viva e em contínua construção”, observou.


A professora relacionou esse conceito à formação do Curso de Gestão Integrada, destacando que os participantes se conectaram, criaram vínculos e mantiveram uma participação ativa. “Em cada área de atuação, é essencial buscar a criação de soluções a partir de uma aprendizagem situada numa comunidade de prática, o que resulta em aprendizado coletivo. Isso gera as primeiras conexões entre pessoas dispostas a melhorar, que reconhecem não saber tudo e estão decididas a mergulhar nessa incerteza produtiva”, afirmou.

“Somos todos cidadãos, e todos se comunicam e reconhecem que sua capacidade de refletir e de agir gera valor para si, para o grupo e para o local onde atuam — é assim que se forma uma comunidade de prática. Ela também se constrói quando seus membros buscam fazer a diferença”, acrescentou.

Por fim, Quiroz ressaltou que a inteligência artificial pode ser utilizada como ferramenta de apoio em uma comunidade de prática, mas nunca como substituto da ação e da reflexão. “Sem reflexão e ação, o indivíduo tende a agir por impulso, e não com base no tempo e na análise crítica”, concluiu. 


*Estagiária sob supervisão da equipe de jornalismo do Informe ENSP.

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