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Inovação Aberta e Conexão de Impacto: evento une ciência, gestão pública e sociedade em diálogo transformador

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Publicado em:16/10/2025

Realizado nos dias 9 e 10 de outubro, de forma híbrida, o encontro reuniu especialistas, pesquisadores e gestores para debater políticas públicas e práticas de inovação voltadas ao bem comum.


O Laboratório de Inovação em Gestão Pública (Pólen/ENSP/Fiocruz) promoveu, na última semana, o seminário 'Inovação Aberta: Conexão de Impacto', reunindo ciência, empreendedorismo e gestão pública em um ambiente voltado à construção de soluções reais para desafios coletivos. O encontro integrou diferentes atores do ecossistema de inovação - universidades, instituições públicas, startups e sociedade - fortalecendo conexões e estimulando a aplicação prática do conhecimento acadêmico. Ao reunir especialistas, pesquisadores e gestores, o evento buscou aprofundar o debate sobre o papel do Estado como indutor de inovação e promover a troca de experiências voltadas à melhoria da gestão pública e das políticas de saúde.



A abertura contou com Izabela Gimenes, coordenadora da célula de Inovação Aberta do Pólen, e Márcio Feitosa, coordenador do Laboratório, que destacaram a importância do encontro como espaço de celebração da trajetória dos cientistas da inovação e de estímulo à troca de saberes entre diferentes setores da sociedade.

Izabela ressaltou o caráter simbólico e afetivo do seminário, pensado para valorizar os profissionais que constroem o ecossistema de inovação. Ela apresentou a identidade visual criada para o evento e lançou o pin do “Zé Gotinha da Inovação”, lembrança que simboliza a importância de conectar ideias, ciência e propósito. Já Márcio Feitosa agradeceu o envolvimento da equipe e reforçou o papel do Pólen como espaço de escuta e aprendizagem coletiva. “O Pólen está disponível para aprender com vocês. Vamos trocar e aprender juntos”, afirmou.

Zé Gotinha da Inovação.

Fundamentos dos Ecossistemas de Inovação

Entre os destaques da programação, o curso “Ecossistema de Inovação”, ministrado por Luiz Izycki, da Diretoria de Inovação da Escola Nacional de Administração Pública (GNova/Enap), trouxe uma abordagem aprofundada sobre a estrutura, os atores e os desafios da inovação aberta no setor público.

Izycki, engenheiro e mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento pelo IPEA, apresentou os fundamentos teóricos dos ecossistemas de inovação, destacando que eles dependem da integração entre governo, universidades, empresas e sociedade civil. “A inovação é a força motriz do desenvolvimento econômico. Entender seus mecanismos é essencial para formular políticas públicas eficazes e construir um país mais competitivo”, afirmou.

Ele destacou que a inovação vai além da invenção, exigindo aplicação prática e valor agregado. “Inovação é transformar conhecimento em valor, e isso muitas vezes não é feito por quem inventa, mas por quem consegue colocar no mercado”, explicou.

Ao apresentar conceitos como destruição criativa e hélice tríplice e quíntupla, Izycki reforçou que países que mais investem em P&D são também os mais desenvolvidos. “Há correlação direta entre investimento em inovação e qualidade de vida, competitividade e riqueza nacional”, pontuou.

Governo: parte da solução, não do problema

Questionando a visão de que o Estado seria um entrave à inovação, Izycki destacou seu papel central como regulador, indutor, financiador e articulador. “Sem um governo forte e comprometido, a inovação sustentável, especialmente em países em desenvolvimento, simplesmente não acontece”, afirmou.

Ele ressaltou ainda a importância dos ambientes físicos e institucionais criativos, que favorecem a colaboração e o surgimento de novas ideias. “Um espaço acolhedor e dinâmico pode fazer toda a diferença no processo criativo”, observou.

Empresas públicas e o poder de compra do Estado

Ao abordar as políticas públicas de fomento à inovação, o professor destacou a relevância das empresas estatais como agentes estratégicos. “Nenhum país do mundo abre mão de ter soberania sobre setores considerados estratégicos”, afirmou, citando Petrobras e Embrapa como exemplos emblemáticos.


Segundo ele, a Petrobras se consolidou como referência mundial em pesquisa e tecnologia graças ao investimento contínuo em P&D&I. Já a Embrapa é considerada um modelo internacional de inovação institucional induzida. “A cada real investido, há um retorno social estimado em R$ 34. Esse é o chamado lucro social, que representa o benefício coletivo das inovações produzidas”, destacou.

Izycki também chamou atenção para o poder de compra do Estado como instrumento de política de inovação. “O setor público brasileiro movimenta cerca de 12% do PIB nacional. Esse volume pode, e deve, ser usado de forma estratégica para induzir o desenvolvimento”, disse.

Ele explicou que instrumentos como as encomendas tecnológicas e as compras públicas para inovação permitem que governo, instituições científicas e empresas compartilhem riscos e desenvolvam soluções conjuntas. “É uma forma de conectar inovação, desenvolvimento econômico e melhoria da gestão pública”, observou.

Inovação pública: desafios e perspectivas

Na parte final da palestra, o professor apresentou instrumentos legais que sustentam a inovação no setor público - como a Lei de Inovação (10.973/2004), a Lei das Estatais (13.303/2016) e o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (13.243/2016). Segundo ele, o arcabouço é sólido, mas ainda subutilizado. “As instituições públicas precisam aprender a lidar com a incerteza, que é inerente ao processo inovador”, afirmou.

Izycki também destacou as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) do Ministério da Saúde como exemplo bem-sucedido de política pública de inovação em saúde. “Foi graças às PDPs que o Brasil passou a produzir medicamentos estratégicos para o SUS, combinando soberania sanitária e fortalecimento da indústria nacional”, lembrou.


Para o professor, o desafio da inovação pública é tanto técnico quanto cultural. “Inovar exige romper com a lógica da mera conformidade. É preciso criar ambientes seguros para o erro e o aprendizado, porque sem experimentação não há inovação”, defendeu.

Ele encerrou destacando o papel da Fiocruz e da ENSP como instituições estratégicas para promover a inovação pública voltada ao bem comum. “A Fiocruz reúne ciência, tecnologia, formação e compromisso social. Tem todas as condições para ser protagonista nesse processo”, concluiu.

Assista na íntegra o curso Ecossistema de Inovação!


Conexão de saberes e impacto coletivo

O segundo dia do evento contou com uma apresentação cultural do Quinteto de Sopros do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, seguida por mesas de debate sobre empreendedorismo e inovação pública, o fomento à inovação no Estado do Rio de Janeiro, Ecossistemas de Impacto e Mulheres na Ciência, com a participação de pesquisadoras da Fiocruz compartilhando suas trajetórias, liderança e inspiração.


"Mais do que um seminário, o evento foi um espaço de troca, inclusão e colaboração entre pesquisadores, startups e gestores públicos, reafirmando o compromisso da ENSP/Fiocruz com uma inovação que conecta, inclui e transforma", celebrou Izabela Gimenes no encerramento. 


+ Confira o segundo dia do evento!





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