Pesquisadora da ENSP participa da 1ª Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública dos Brics
Entre os dias 15 e 17 de setembro, foi realizada, no Rio de Janeiro, a 1ª Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (INSP) dos Brics, organizada pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde (MS). Coordenadora da Rede de Pesquisa em Saúde Pública e Sistemas de Saúde dos Brics, a pesquisadora da ENSP/Fiocruz Adelyne Mendes Pereira participou como palestrante, relatora e representante da Fiocruz no painel que tratou do fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde.
A palestra abordou as estratégias colaborativas para resiliência dos sistemas de saúde sob as perspectivas dessa Rede. Ao destacar que a iniciativa foi desenvolvida durante a presidência brasileira dos Brics em 2025, ela apresentou o Programa de Trabalho desenvolvido a fim de promover o fortalecimento dos sistemas de saúde dos países membros por meio da cooperação Sul-Sul.
A pesquisadora afirmou que três estratégias colaborativas foram delineadas pela Rede para a construção de sistemas de saúde mais resilientes. “A primeira é apoiar a cooperação Sul-Sul por meio do desenvolvimento de um portfólio de boas práticas e políticas prioritárias em sistemas de saúde. A segunda, ampliar a produção e a disseminação de evidências sobre os sistemas de saúde dos BRICS por meio do livro abrangente atualmente em elaboração. Por fim, promover pesquisas conjuntas e atividades de capacitação em áreas estratégicas, tais como atenção primária à saúde, saúde digital, vigilância epidemiológica, envelhecimento e mudanças climáticas”, listou.
Segundo Adelyne Mendes, a proposta é inovadora devido ao processo participativo. “Cada país elaborará projetos de acordo com seus interesses e, uma vez validados pela Rede, serão formados subgrupos para o desenvolvimento de iniciativas de pesquisa e de formação”, explicou a pesquisadora.
Ainda no encontro, ela apresentou diversas propostas para o fortalecimento dos sistemas de saúde dos Brics: reafirmar a saúde como direito humano fundamental; reforçar os sistemas universais tendo a atenção primária à saúde como base; reduzir desigualdades sociais, territoriais, raciais e econômicas; expandir a cooperação Sul-Sul e o multilateralismo; consolidar mecanismos conjuntos de preparação e resposta a emergências; produzir e disseminar conhecimento científico e tecnológico acessível; investir em formação institucional e capacitação; e desenvolver bens públicos globais em saúde, garantindo acesso a vacinas, medicamentos e tecnologias.
No momento das contribuições dos INSPs de cada país do bloco, Adelyne Mendes Pereira enfatizou que a Fiocruz é a principal instituição do país em pesquisa em saúde pública, com um mandato que integra pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, inovação em saúde, formação profissional e apoio à formulação de políticas públicas. Ela destacou as contribuições do Centro de Relações Internacionais (Cris) e da ENSP, que abriga um grupo de pesquisa sobre sistemas de saúde dos Brics, coordenado por ela, com a participação de outros pesquisadores da instituição e de universidades brasileiras e estrangeiras. “A Fiocruz considera a cooperação no âmbito dos Brics uma oportunidade para reforçar os princípios dos sistemas universais de saúde, da equidade e da solidariedade. O fortalecimento dos sistemas de saúde por meio dessa parceria contribui não apenas para a resiliência nacional, mas também para uma governança global em saúde mais equilibrada e multipolar.”
Rede dos Institutos Nacionais de Saúde Pública dos Brics é criada em Conferência
Um dos principais legados da 1ª Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (INSP) dos Brics, organizada pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde (MS), é a criação da Rede permanente dos INSPs do bloco, uma forma de dar continuidade aos diálogos iniciados esta semana no evento. O objetivo é que sejam constituídos grupos de trabalho e novas parcerias que fortaleçam os sistemas de saúde dos países, incluindo o Brasil. A criação da Rede é um dos diversos compromissos dos INSPs, que ainda irão compor a Declaração da Conferência. O documento foi consensuado pelo grupo ao longo do evento e será divulgado em breve.
A proposta da Rede foi acolhida pelo representante da Índia (país que assume a presidência dos Brics no próximo ano), Rajan Das, no último dia do evento, que ocorreu entre 15 e 17 de setembro no Rio de Janeiro. Representantes dos INSPs dos países que compõem o Brics e de parceiros, além de representantes diplomáticos, das Nações Unidas, do Governo Federal e da Fiocruz, debateram a temática da cooperação técnica e científica para o fortalecimento dos sistemas de saúde pública. A partir de painéis com tópicos estratégicos (vigilância e resposta a emergências, mudança climática e saúde, e combate à fome e pobreza, dentre outros), os participantes indicaram compromissos comuns, como a criação da rede e sugeriram recomendações aos seus governos.
E ainda:
No primeiro dia de conferência, representantes de nove países que compõem o bloco e parceiros estiveram presencialmente e cinco de forma remota. “É com enorme satisfação e responsabilidade que me dirijo aos colegas, representantes de alto nível dos INSPs e de seus países. É uma honra para a Fiocruz organizar essa importante conferência, acolhida e apoiada na Declaração dos Ministros da Saúde do bloco”, disse o presidente da Fiocruz, Mario Moreira. Ele lembrou que a Declaração foi assinada durante a reunião ministerial, em junho deste ano em Brasília, que destacou as prioridades do bloco na área.
Moreira ressaltou o compromisso da Fiocruz, enquanto Instituto Nacional de Saúde Pública do Brasil, com o desenvolvimento da saúde pública a nível nacional e internacional, especialmente no Sul Global. Ele destacou ainda o êxito do Governo Federal em pautar a Saúde em fóruns recentes de alto nível, como durante a presidência brasileira do G20, quando a Fundação organizou a conferência dos INSPs do grupo, do Brics e na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025
(COP 30). “No momento em que o mundo testemunha uma crescente resistência ao multilateralismo, nós, como Brics, precisamos ser uma voz forte em defesa da cooperação”, disse Moreira.
*Com informações de Ana Paula Blower (Agência Fiocruz de Notícias)
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