ENSP propõe debates estratégicos sobre saúde, clima e democracia no XVIII Congresso da Alames
Publicado em:05/08/2025
Entre os dias 4 e 8 de agosto, a cidade do Rio de Janeiro recebe o XVIII Congresso Latino-Americano de Medicina Social e Saúde Coletiva, realizado no campus da Uerj, no Rio de Janeiro. A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) participa e contribui com a organização de diversas oficinas, cursos, rodas de conversa e encontros.
Ao longo desta segunda-feira (4/8), foi realizada a atividade “RESP – Rede de Escolas e Centros Formadores em Saúde Pública de América Latina: quem somos, o que fazemos e como participar”. Foi uma apresentação institucional sobre a RESP para divulgar sua missão, seus eixos de atuação e os centros formadores e escolas que compõem a rede. Em formato de estande aberto ao público, foram distribuídos materiais gráficos e os membros da secretaria executiva da Rede ficaram disponíveis para diálogo com o público.
Outra participação da ENSP foi proposta pelo Núcleo de Gestão Urbana e Saúde (NGeUS) e coordenada pelo pesquisador Marcelo Guimarães Araújo. A atividade pré-congresso com inscrição gratuita “Saúde nas Cidades e Desafios Climáticos” também foi realizada nesta segunda-feira (4/8). A roda de conversa propôs um debate aprofundado sobre os impactos das Ilhas de Calor Urbanas (ICUs) na saúde pública, agravados pelas mudanças climáticas. Foram apresentadas evidências científicas, além de estratégias de mitigação e ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A discussão reuniu especialistas do Brasil e da América Latina em uma abordagem interdisciplinar voltada a soluções sustentáveis.Ainda na segunda-feira, o Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (Neepes/ENSP), em parceria com a Escola de Saúde Pública da Universidade do Chile, realizou uma atividade aberta com o tema “Intercâmbio de experiências rumo à justiça cognitiva em saúde coletiva: diálogo aberto a partir de saberes e territórios Mapuche/Williche de Chiloé no Chile e Complexo do Alemão (RJ) no Brasil”. O objetivo foi promover a troca de experiências e saberes em saúde coletiva entre pesquisadores acadêmicos, estudantes, ativistas indígenas e de periferias urbanas em torno dos desafios da justiça cognitiva nos territórios do Sul Global. A coordenação foi de Sebastián Medina Gay, da Universidade do Chile, Marcelo Firpo Porto, coordenador do Neepes e de Marina Tarnowski Fasanello, também do Neepes. Eles contaram com a participação do médico que atua com saúde intercultural Jaime Ibacache Burgos, da cuidadora Mapuche/Williche de Chiloé, Flor Cheuquepil Álvarez, da fundadora do Centro de Integração da Serra da Misericórdia (CEM) e ativista de agricultura urbana no Complexo do Alemão, Ana Santos e de Diana Manrique García, da Alames do Chile.
Já nesta terça-feira (5/8), durante o Congresso da Alames, será realizado o III Encontro da Rede Latino-Americana de Saúde Mental Coletiva e Bem Viver, que focará no seguinte questionamento: “quais desafios, experiências e estratégias concretas impulsionamos a partir de um olhar crítico sobre a saúde mental coletiva na América Latina?”. Pesquisador emérito da ENSP/Fiocruz, Paulo Amarante é uma das presenças confirmadas no evento, no qual também receberá uma homenagem. Será de 9h às 16h, no auditório F111.
"A Inclusão Digital como um Princípio Orientador para uma Saúde Digital Inclusiva na Atenção Primária à Saúde" é tema da oficina coordenada pelo pesquisador da ENSP Marcelo Fornazin. A atvidade busca discutir o uso atual da internet e das tecnologias digitais na APS, promovendo um debate sobre como avançar na transformação digital de forma inclusiva. A proposta é refletir sobre políticas, experiências e dados para ampliar o acesso, melhorar a conectividade e fortalecer a equidade e a democracia digital no SUS, com foco na inclusão digital como princípio central. Durante esse encontro, a também pesquisadora da Escola, Maria Helena Mendonça, fará uma apresentação sobre o "Censo das Unidades Básicas de Saúde na Perspectiva da Saúde Digital".
Lançamento de livro
Das 13h30 às 16h30 desta terça-feira, durante a Oficina de Trabalho “Emergência Climática e as Escolas de Saúde Pública na América Latina”, será lançado o livro Emergência Climática e as Escolas de Saúde Pública na América Latina: lições aprendidas e por aprender. Estarão presentes mais de 20 autores da obra, recém-publicada pela Editora Rede Unida. O livro foi organizado pelo diretor da ENSP, Marco Menezes, e o pesquisador do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), Frederico Peres. A publicação conta com contribuições de 56 latino-americanos, entre acadêmicos, atores da prática e estudantes.
A oficina tem por objetivo discutir as contribuições das Escolas de Saúde Pública da América Latina para o enfrentamento da emergência climática e seus impactos sobre a saúde de indivíduos e grupos da população. A atividade será no auditório do Instituto de Nutrição da Uerj, que fica no 12º andar.
E ainda
Na manhã desta terça-feira (5/8), o Seminário Internacional “Sistemas Universais e Redes de Atenção para a Garantia do Direito à Saúde para Todas as Pessoas” vai promover diálogos para avançar na garantia do direito universal à saúde na Região das Américas; discutir as perspectivas de construção e integração de redes de atenção à saúde como estratégia para o fortalecimento dos sistemas universais e a concretização da saúde universal; conhecer experiências de países da região na implementação desse direito por meio das redes de atenção; e identificar elementos que possam subsidiar o fortalecimento do SUS, ampliando o acesso da população aos serviços e ações de forma oportuna, integrada, integral, eficiente, com qualidade e equidade.
Com a presença do representante da OPAS/OMS no Brasil, Cristian Morales Fuhrimann, do presidente do Cebes, Carlos Fidelis, e do secretário-executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, o encontro contará também com a pesquisadora da ENSP e da Rede APS/Abrasco, Lígia Giovanella. Ela vai tratar do tema “A estratégia de Atenção Primária e a construção de redes de atenção à saúde em sistemas”. Será no auditório F9042.
No mesmo horário, mas fechado apenas para convidados, o encontro do Grupo de Pesquisa “Governança e Respostas Nacionais dos BRICS à Covid-19: caminhos, desafios e lições para os sistemas de saúde em contextos desiguais” também compõe a programação do congresso da Alames. A atividade consiste numa reunião presencial com a equipe envolvida na pesquisa, com foco no alinhamento dos produtos esperados para o terceiro ano de seu desenvolvimento e discussão dos resultados de etapas anteriores.
O projeto “Governança e Respostas Nacionais dos BRICS à Covid-19: caminhos, desafios e lições para os sistemas de saúde em contextos desiguais” é coordenado pelas pesquisadoras da ENSP Adelyne Mendes e Cristiani Machado. O estudo analisa experiências dos países no enfrentamento da Covid-19 entre 2020 e 2022, com foco na institucionalidade das respostas nacionais em contextos de desigualdades estruturais; e envolve um grupo de pesquisadores de diferentes universidades, além de colaboradores externos e alunos de pós-graduação.
Saiba mais
Um dos principais encontros da saúde coletiva na região, o Congresso Latino-Americano de Medicina Social e Saúde Coletiva enfoca a construção de sistemas de saúde universais, com discussões sobre democracia, direitos sociais e determinação social da saúde. A cada dois anos, o evento busca fortalecer as redes de colaboração, ampliar o debate acadêmico e apoiar a construção de políticas públicas eficazes. Em 2025, o tema é “por democracia, direitos sociais e saúde: retomando o caminho da determinação social e da soberania dos povos”. Conheça aqui os eixos e corredores temáticos que guiarão as discussões.
A programação inclui conferências, mesas temáticas e outros formatos de apresentação que visam aprofundar a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos, com a participação de diversos especialistas regionais e internacionais. Nesta edição, o encontro é organizado pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), representante do Brasil na Associação Latino-Americana de Medicina Social (Alames) desde sua fundação, há 40 anos.
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