Busca do site
menu

Com lema em defesa da ciência, democracia e diversidade, Direção da ENSP toma posse para o quadriênio 2025-2029

ícone facebook
Publicado em:27/06/2025
Por Danielle Monteiro 

Democracia, gestão participativa, defesa da ciência, do SUS e da diversidade. Essas foram as palavras que mais ecoaram na manhã desta terça-feira (24), na cerimônia de posse da Direção da ENSP para o quadriênio 2025-2029. O auditório da Escola ficou lotado, com a presença de trabalhadores, trabalhadoras, estudantes e ampla participação de toda a comunidade institucional. Diversos dirigentes da Fiocruz prestigiaram o evento, entre coordenadoras e coordenadores de inúmeras áreas, além de vice-presidentes, diretoras e diretores de várias unidades da Fundação. 

No começo da cerimônia, o silêncio. Os ruídos que ressoavam no auditório, espontaneamente, se calaram, atraídos pela mistura de MPB, R&B, samba e jazz na voz da artista Azula Cristina. Cantora e compositora trans brasileira, ela emocionou todos os presentes com a sua música e arte travesti que abordam questões sociais e experiências pessoais relacionadas às populações negras e LGBTQIAPN+. 


Na ocasião, o diretor reeleito da ENSP, Marco Menezes, destacou que a música de Azula "traz toda a ancestralidade, a potência e a força que nos tira do lugar do qual temos que sair" e agradeceu a artista por compartilhar a sua arte, luta e força.

Menezes reforçou a importância das eleições para o processo democrático e participativo e também agradeceu aos vice-diretores de sua última gestão por todos os ensinamentos, dedicação, divergências e coletividade, os quais, segundo ele, são atributos que fortalecem a instituição.

Com participação intensa da comunidade institucional e sob o lema ‘Ciência, democracia, diversidade – Uma Escola comprometida com o SUS’, Menezes foi reeleito com 88,3% dos votos válidos. A Vice-Direção é composta por Gideon Borges (Ensino - VDE), Andréa Sobral (Pesquisa e Inovação -VDPI), Ana Carneiro (Desenvolvimento Institucional e Gestão - VDDIG), Eduardo Melo (Escola de Governo em Saúde - VDEGS) e Fátima Rocha (Ambulatório e Laboratório de Saúde Pública - VDAL). 


“É uma alegria e honra estar aqui, hoje, dando continuidade a esse trabalho, assumindo, mais uma vez, a Direção da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, marcada, profundamente, pelo compromisso coletivo, construído ao longo de minha trajetória institucional e reafirmado, fortemente, na última campanha para a eleição da Escola. Foi um momento muito participativo, plural, de diálogo, escuta, debate, divergências e honestidade política. Quero agradecer muito a vocês, que participaram desse processo”, afirmou o diretor. 


Menezes frisou que, ao longo de seus últimos quatro de gestão, houve avanços no diálogo com a sociedade e no fortalecimento da democracia. Ele também reforçou a necessidade de se fortalecer, ainda mais, a participação popular, inclusive nos processos decisórios em todas as instâncias institucionais, frente a uma conjuntura internacional marcada por crises climáticas, tensões geopolíticas, riscos de novas pandemias e crescimento da extrema direita. “A conjuntura nacional também lança um grande desafio para a nossa instituição e a democracia no Brasil. É assustador que lideranças políticas, em falas recentes, questionem se houve ou não ditadura no nosso país, colocando em risco o processo das eleições gerais. Nesse momento, mais do que nunca, precisamos nos perguntar: ‘Democracia para quem?’. E precisamos refletir sobre como devemos nos posicionar, enquanto instituição, sociedade, trabalhadores e trabalhadoras, e estudantes dessa casa”, defendeu.


Menezes enalteceu o papel desempenhado pela ENSP no fortalecimento da democracia e do diálogo com a sociedade, relembrando os diversos debates sobre temáticas atuais promovidos pela Escola ao longo de sua gestão. Para o diretor, a instituição tem potência e está preparada para contribuir com os desafios impostos pela atual conjuntura. Menezes disse que é preciso avançar, ainda mais, no debate que a Escola vem promovendo sobre temas como crise do presidencialismo de coalizão e o papel das emendas parlamentares; assim como os impactos da crise climática. 

O diretor relembrou que junho é o mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e frisou que houve avanços relacionados a essa pauta em seus quatro anos de gestão, mas que, no entanto, é necessário avançar, ainda mais, com essa Agenda. Ele reafirmou que ela permanecerá como uma das prioridades de seu próximo ciclo de gestão.


O diretor lembrou que o Programa Vivo da ENSP foi atualizado coletivamente, com a ampla participação de toda a comunidade da Escola, e reforçou que o documento vai contemplar todas as contribuições dos debates realizados diariamente, ao longo da campanha eleitoral, incluindo sugestões sobre novas formas de participação de todas e todos nos processos decisórios da Fiocruz como um todo. 

Menezes reafirmou o compromisso da ENSP na defesa do SUS, no acolhimento da diversidade, no avanço à agenda da Educação Permanente e na gestão democrática e participativa, assim como no enfrentamento a todas as formas de discriminação, como capacitismo, racismo e machismo.


“Ao longo dos seus 70 anos, nossa Escola reafirma, no dia-a-dia e na prática, nos seus cursos, pesquisas e cooperações, a luta pela saúde como direito humano e pela ciência a serviço da transformação social, contra as desigualdades do nosso país e por uma sociedade onde caibam todas as vidas. Com isso, reafirmamos o lema da nossa campanha: ‘Ciência, diversidade e democracia, de formas indissociáveis, e uma Escola cada vez mais voltada para fortalecimento do sistema público de saúde’. Recupero uma fala do Sérgio Arouca, na 8º Conferência Nacional de Saúde, em que ele diz que ‘é na diversidade e no coletivo, que vamos construir o nosso projeto. Imaginando que, na construção disso, muitas vezes vamos errar, mas, nunca vamos errar o caminho que aponta para uma sociedade brasileira mais justa’. Nessa fala, eu incluiria ‘uma sociedade mais justa sócio e ambientalmente’. Seguiremos juntos, porque a saúde é uma questão de democracia. E democracia, hoje, é um ato urgente de defesa da vida”, concluiu.

Em seguida, a representante dos discentes da ENSP, Lillian Silva, destacou, como marcas da gestão de Marco Menezes, o apoio e o canal de escuta permanente com os estudantes, além da participação estudantil como pilar fundamental da Escola. “Em um ambiente acadêmico que valoriza a nossa pluralidade de ideias, dispormos desse canal direto com o nosso diretor é muito importante. A cada gestão que entra, nós precisamos conquistar nosso espaço como estudantes e profissionais. E com o Marco, nós tivemos esse espaço a todo o momento. Isso não somente ajuda na nossa construção, como profissionais, mas também contribui para uma sociedade melhor, onde nós podemos falar e ser ouvidos, além de fortalecer a nossa academia como um todo. Esse é um valor inestimável”, celebrou.


Representando o Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc), o pesquisador da ENSP, Marcos Besserman, ressaltou a histórica trajetória sindical de Menezes e a luta do diretor por causas sociais em prol da diversidade, dos direitos humanos, da democracia e da ciência: “O Marco tem abraçado os movimentos sociais e a luta de todos os povos vulnerabilizados. Ele tem sido um parceiro espetacular de todos nós, que lutamos contra o capacitismo e o racismo, e pelos povos originários e outras populações. Ele tem comandado a democracia na instituição, de forma engajada, além de ser detentor de um caráter e honestidade impressionantes”.

Representante da Presidência da Fiocruz na cerimônia, a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fundação (VPEIC), Marly Cruz, salientou que os compromissos assumidos para a primeira gestão de Marco Menezes foram cumpridos e afirmou que as agendas definidas ao longo da gestão do diretor não apenas cresceram, como também se qualificaram. “Quando pensamos a ciência de uma forma mais colaborativa e em trazer a diversidade e pensar em processos mais democráticos, houve uma ampliação dos atores que começaram a dialogar mais de perto com essa instituição, além das entregas que a ENSP começou a fazer para a sociedade. Isso é visível”, afirmou. 


Como marcas da ENSP, Marly destacou o diálogo qualificado com a sociedade, a integração, o pioneirismo, a construção de redes na formação e o trabalho diferenciado voltado a agendas de pesquisa. “A Escola se esforça não somente em buscar um alinhamento maior entre as necessidades da pesquisa e da sociedade, mas também em construir a pesquisa alinhada à missão institucional e às atuais pautas do Ministério da Saúde, as quais precisam ter respostas e entregas mais efetivas, incluindo o controle e a participação social”, afirmou.

A vice-presidente também frisou que a Escola oferece um conjunto qualificado de programas de pós-graduação e desenvolve diversas outras iniciativas em prol do SUS e de outros sistemas de saúde da América Latina. “Na Assembleia Mundial da Saúde, foi colocada a importância da formação como eixo importante para o trabalho colaborativo e integrado, sobretudo na relação Sul-Sul. E isso a Escola já faz e só tende a ampliar cada vez mais”, disse.


Após a cerimônia de posse, foi realizada uma homenagem aos ex vice-diretores Luciana Dias, Enirtes Caetano e Alex Molinaro. O evento encerrou com mais uma apresentação musical da artista Azula Cristina.



Seções Relacionadas:
Direção Comunica Sessões Científicas

Nenhum comentário para: Com lema em defesa da ciência, democracia e diversidade, Direção da ENSP toma posse para o quadriênio 2025-2029