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A Era Trump: especialistas debatem negacionismo e recorrentes ataques à Ciência

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Publicado em:30/04/2025
Por Danielle Monteiro

As mudanças geopolíticas e a expansão neoliberal podem ser alguns dos motivos por trás da construção do processo de desinformação e dos recorrentes ataques à Ciência. A afirmação é dos palestrantes que participaram do Centro de Estudos da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ceenp), promovido nesta quarta-feira (30). 



Moderador da atividade, o coordenador executivo do Núcleo de Ciência Aberta da ENSP, Leonardo Castro, abriu o encontro reforçando a relevância do tema debatido. Em seguida, foi realizada uma homenagem ao pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Igor Sacramento, e ao vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, falecidos recentemente.

A pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Cristina Pecequilo, chamou a atenção para as mudanças geopolíticas ocorridas no século 21 e para a construção do processo de desinformação a partir da desconstrução do conhecimento e da cultura, os quais são marcos da Era Trump. Ela explicou que a fragmentação do tripé Universidades – Indústrias Privadas - Complexo Militar provocou uma terceirização prévia da Ciência, Tecnologia e Inovação para o setor privado, o que fez surgir uma nova elite. “Da parte do Trump, existe um negacionismo científico, mas, ao mesmo tempo, um investimento cada vez mais pesado no desenvolvimento de vacinas e patentes associadas aos EUA. É algo bem contraditório”, observou. As ameaças de cortes de financiamento, por trás das quais existe todo um interesse político, também são marcos da Era Trump, conforme atentou a palestrante.

Como propostas para o enfrentamento à desinformação, Cristiana defendeu um Projeto de Estado Nacional para o Desenvolvimento, caracterizado por fatores como educação de base de qualidade; formação abrangente; modelos políticos e econômicos inclusivos; e sustentabilidade do financiamento público para a Ciência, Tecnologia e Inovação.

Posteriormente, em sua apresentação sobre ‘O ataque de Trump 2.0 à Ciência’, o pesquisador do Instituto de Medicina Social da UERJ, Kenneth Camargo Jr. chamou a atenção para as políticas concretas que estão sendo implantadas pelo governo norte-americano, fortemente marcadas pelo negacionismo. 

O pesquisador citou inúmeros exemplos de ataques do governo norte-americano à ciência, entre eles, a restrição a pesquisas sobre crise climática e os cortes a institutos de pesquisa. “Há poucos anos, em uma escala inimaginável, tem ocorrido um ataque a todas as frentes da Ciência”, lamentou. Segundo Kenneth, entre as possíveis causas por trás desse grave quadro geopolítico, está a reação à expansão neoliberal nos últimos 40 anos, que fez diversas promessas que não foram cumpridas. 



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