*Por Isabelle Ferreira
Com o objetivo de ampliar o acesso à saúde para a comunidade da Fiocruz e seus associados, o servidor Vinicius Santos Soares, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), foi eleito conselheiro fiscal da FioSaúde. O resultado da eleição foi divulgado em 21 de março. Vinicius recebeu 767 votos, de um total de 1.026 válidos — um número expressivo que garantiu sua escolha como presidente do Conselho Fiscal, conforme estabelece o artigo 37, §4º, do Estatuto da FioSaúde.

Vinicius Soares, analista de Gestão em Saúde Pública da ENSP, aborda nesta entrevista a importância de sua presença no Conselho, suas atribuições e as medidas que considera essenciais para garantir que os trabalhadores da Fiocruz tenham acesso à saúde de qualidade.
Ele também atuou como assessor da Diretoria na equipe de transição durante a cisão do Fioprev com a FioSaúde, em 2011. Já em 2007, trabalhou como consultor de Saúde Suplementar do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU), com foco na melhoria dos processos das operadoras de saúde suplementar.
O papel de um Conselho Fiscal
“A competência do Conselho Fiscal é acompanhar a administração da FioSaúde e verificar se todas as obrigações exigidas pelo segmento de saúde suplementar estão sendo cumpridas”, comentou Vinicius Soares. De acordo com o presidente, o Conselho Fiscal pode contribuir na busca por caminhos alternativos para o fortalecimento da FioSaúde.
Segundo Vinicius, o Conselho Fiscal anseia por um plano de saúde acessível para todos os trabalhadores da comunidade Fiocruz. Embora essa não seja uma atribuição direta do Conselho, ele afirma que o grupo está disposto a colaborar dentro dos limites de sua competência. “Queremos um plano que caiba no bolso do servidor e que ofereça o suporte de uma rede ampla e de qualidade”, enfatizou ele.
Importância da ENSP no Conselho
Ao destacar a importância da ENSP no Conselho, o conselheiro explicou que sua formação em Gestão em Saúde Pública — abrangendo áreas como fiscalização, planejamento e administração de recursos financeiros, gestão de pessoas, produtos, edificações, entre outros — contribuiu para sua experiência profissional.
“Recebi várias críticas por não ter formação médica (equipe de cisão do Fioprev com a FioSaúde). Entretanto, com meus conhecimentos, conseguimos transformar um plano deficitário (com prejuízo) em superavitário (com lucro). Desse modo, com essa experiência, posso contribuir com um olhar estratégico e focado na efetividade dos resultados, mas também humanizado, pois estamos lidando com vidas”, ressaltou ele.
Medidas urgentes da FioSaúde
O conselheiro fiscal Vinicius Soares destaca a urgência em apoiar a FioSaúde para evitar que a instituição “entre na UTI”. Segundo ele, o Relatório Anual de 2024 da FioSaúde aponta um déficit da ordem de R$ 24 milhões, em contraste com o ano anterior, que registrou um superávit de R$ 477 mil.
“Essa oscilação é preocupante, porque, se observarmos os outros anos — como 2022, com R$ 1,6 milhão; 2021, R$ 1,6 milhão; 2020, R$ 21 milhões; e 2019, R$ 6 milhões — é prudente e responsável manter os recursos (resultados) integrais dentro da FioSaúde”, destacou ele.
Vinicius relata que os planos de saúde da Fiosaúde estão com aumentos sucessivos nas mensalidades, em contraposição aos salários dos trabalhadores da Fiocruz, que sofreram uma perda salarial de 63%. De acordo com o presidente do Conselho Fiscal, esse fato é preocupante, pois compromete a capacidade de contribuição do trabalhador.
“É necessário um esforço conjunto de todos: Presidência da Fiocruz, Conselho Deliberativo da Fiocruz, Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública (Asfoc-SN), mas, principalmente, da Diretoria Colegiada e do Conselho Deliberativo do Fiosaúde”, afirma Vinicius Soares. Como solução, ele propôs a constituição imediata do Fórum Consultivo de Beneficiários, previsto nos artigos 48 a 50 do Estatuto da Fiosaúde.
O analista em Gestão em Saúde Pública complementa que a FioSaúde atua em um mercado regulado pela ANS, o que impõe à instituição o cumprimento de diversas obrigações. Segundo ele, é fundamental compreender que, embora a FioSaúde seja uma empresa privada sem fins lucrativos, ainda assim precisa apresentar resultados positivos (superávit), a fim de garantir seu equilíbrio econômico-financeiro e atender às exigências regulatórias.
“A FioSaúde foi criada como um benefício constituído pelo servidor e para o servidor, ou seja, deve ser um conforto — e não um pesadelo”, declarou ele.
Sobre a FioSaúde
No dia 5 de agosto de 1991, foi criada a FioPrev Saúde — atualmente conhecida como FioSaúde — com o objetivo de atender às demandas dos trabalhadores da Fiocruz, oferecendo uma alternativa de atendimento médico e hospitalar de qualidade.
*Estagiária sob supervisão da equipe de jornalismo do Informe ENSP