Fascículo de março em CSP destaca revistas predatórias, exposição pré-natal ao metilmercúrio e consumo de álcool
O Editorial deste mês em CSP debate os perigos das revistas predatórias, situa exemplos de má prática e aponta ferramentas como checklists e guias elaborados por instituições científicas que podem ajudar na avaliação. “Não podemos deixar de lado a essência do problema: a indústria em si. Esse ramo de negócio é obviamente atrativo para todo o tipo de negociata e negociante sem escrúpulos”, destacam as coeditoras-chefe de CSP.
Um dos textos da seção Revisão deste número analisa o cuidado materno com bebês prematuros durante a pandemia de COVID-19, com base em 14 estudos. Os resultados indicam impactos significativos na saúde mental das mães, no vínculo com os filhos e no acesso a serviços e redes de apoio. Foram mapeadas quatro áreas críticas e reforçada a necessidade de políticas públicas que apoiem emocionalmente essas mães e fortaleçam suas habilidades parentais.
O fascículo conta ainda com o Ensaio que propõe um modelo teórico inédito para entender os fatores que afetam o neurodesenvolvimento de crianças indígenas da Amazônia nos primeiros mil dias de vida. A exposição pré-natal ao metilmercúrio (MeHg), associada ao consumo de peixes contaminados, é agravada por fatores como desnutrição, pobreza e acesso precário à saúde. A proposta contribui para orientar pesquisas e políticas públicas voltadas à saúde materno-infantil em contextos vulneráveis e reforça a importância de ações intersetoriais e da proteção dos territórios indígenas.
Os autores do artigo Trabalho subordinado de entregadores em empresas-plataforma de entrega e acidentes nas ruas: magnitude e fatores associados revelam que 44,1% dos entregadores de mercadorias sofreram pelo menos um acidente de trabalho em 2022 — número ainda maior entre jovens, quem trabalha todos os dias e por mais de dez horas. A maioria dos acidentes foi no trânsito, agravados por conflitos com clientes e pela falta de apoio das plataformas. Os autores destacam a urgência de políticas públicas para garantir condições de trabalho seguras e dignas para essa categoria.
Os resultados do estudo Consumo excessivo episódico de álcool no Nordeste do Brasil segundo raça/cor revelam o consumo foi mais prevalente entre homens, jovens, pessoas com maior renda, fisicamente ativas, fumantes e com hábitos alimentares inadequados. Embora as taxas entre brancos e negros tenham sido semelhantes, os fatores associados variam: entre negros, pesaram escolaridade e autoavaliação negativa da saúde; entre brancos, doenças crônicas e sobrepeso foram mais relevantes.
A pesquisa A violência oculta na sola do chinelo: punição corporal, violência intrafamiliar e os modelos de autoridade em São Paulo, Brasil realizada com 800 crianças de 11 anos em São Paulo investigou punição corporal e violência intrafamiliar. Foram identificados três perfis de autoridade familiar — dos mais leves aos mais violentos, sendo este último mais comum em famílias de baixa renda. O estudo mostra que a punição física integra um padrão de convivência violenta e traz subsídios importantes para políticas de proteção da infância.
Leia esses e outros artigos no fascículo de março em Cadernos de Saúde Pública.
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