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40 anos Cesteh: especialistas alertam para efeitos da violência da Indústria da Mineração

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Publicado em:16/04/2025
Por Danielle Monteiro

Os efeitos da violência da Indústria da Mineração e a atuação do sanitarista em regiões acometidas por crimes ambientais corporativos deram o tom à mesa ‘As expressões territoriais das relações produção-trabalho, ambiente e saúde’, realizada na tarde desta terça-feira (15), na ENSP, como parte da programação do seminário ‘Cesteh Rumo aos 40 Anos de Formação na Ação: Raízes e Sementes’. 

Moderador da mesa, Jorge Mesquita, da Fiocruz Brasília, abriu o encontro afirmando que a integração da saúde com ambiente e trabalho é uma abordagem fundante da saúde coletiva. Ele defendeu, ainda, uma discussão mais organizadora da determinação social da saúde. “O Cesteh está, há 40 anos, nessa construção”, destacou.


Integrante do GT Saúde e Ambiente da Abrasco, Lia Augusto Giraldo falou sobre a violência na Indústria da Mineração, chamando a atenção para o modelo de mineração que visa o lucro e explora a população e o meio ambiente. “A violência é uma das ferramentas usadas contra os processos de solidariedade e resistência entre os trabalhadores nas minas e as comunidades atingidas pelas atividades de mineração”, lamentou. Segundo ela, entre 2022 e 2023 houve aumento de mais de 300% no número de afetados por conflitos ligados à mineração.

Lia atentou para o excessivo número de barragens em situação de alerta em Minas Gerais e para a apropriação da pauta das mudanças climáticas pelo Capital, com o seu perigoso discurso de necessidade de transição energética para a dominação de territórios com grande biodiversidade. 

Ela também chamou a atenção para os impactos negativos provocados pela indústria extrativa mineral no ambiente e nas condições de trabalho, o que leva à ocorrência de muitos acidentes e doenças. Segundo Lia, é comum, entre os trabalhadores da área, a ocorrência de adoecimento mental e o uso exacerbado de medicamentos controlados. As taxas de suicídio, por exemplo, sobem significativamente entre essa categoria profissional, assim como a contaminação por metais pesados, somada à ausência de apoio da indústria para solucionar o problema. 

No entanto, segundo Lia, apesar do grave quadro, existem importantes contribuições da população organizada dos territórios minerados e afetados pela mineração em busca da formulação de proposta de um novo modelo de mineração. Para Lia, a reorganização da população é fundamental e, apesar de difícil, não é impossível.  

Em seguida, a integrante do Movimento pela Soberania Popular da Mineração (MAM), Marta Freitas, discorreu sobre as lições aprendidas a partir de sua atuação como sanitarista em áreas afetadas por crime ambiental corporativo. Um dos aprendizados adquiridos, segundo ela, diz respeito à necessidade de o sanitarista agir na integralidade do problema, sem se limitar diante dos diversos setores espalhados pelo território. Outro ponto que ela observou em suas experiências foi a importância da participação social, especialmente dos atingidos, em todo o processo, assim como o respeito à autonomia dos sujeitos, que tiveram seus corpos afetados. 

Ela defendeu, ainda, o resguardo do pensamento crítico, a intersetorialidade e a interdisciplinaridade, assim como a documentação oficial de todo o processo e a entrega dos documentos pertinentes aos trabalhadores. O trabalho em rede, o apoio ao Ministério Público e o setor jurídico nas ações de reparação, assim como a aplicação dos princípios da precaução e da primazia da realidade dos fatos sobre a forma também foram defendidos pela sanitarista.

+ Assista à transmissão completa da mesa 


+ Assista à transmissão completa da mesa “Os desafios teórico-metodológicos e políticos frente às mudanças climáticas nas relações saúde-trabalho e ambiente”, realizada na manhã desta terça-feira (15)




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