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‘Por uma Epidemiologia que melhore a qualidade de vida da população’: 12º EPI chega ao fim e deixa diversas contribuições para a Saúde Coletiva

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Publicado em:29/11/2024

O 12º Congresso Brasileiro de Epidemiologia (12º EPI) movimentou a cidade do Rio de Janeiro (RJ) de 23 a 27 de novembro de 2024. Os encontros, que mobilizaram quase 3 mil pessoas, começaram já no pré-congresso, nos dias 23 e 24, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com cursos, reuniões e oficinas. A partir da segunda-feira (24), a comunidade da Saúde Coletiva passou a se reunir no centro de convenções EXPO MAG para debater e construir na área da Epidemiologia sobre a “Epidemiologia e a complexidades dos desafios sanitários”, tema principal do evento. 

Fotos: Kio Lima e Roan Nascimento

Nesta quarta-feira (27), último dia do 12º EPI, aconteceram 61 atividades: 21 mesas-redondas; 20 rodadas de pôster dialogado; 13 comunicações coordenadas; 3 encontros intergeracionais; 2 palestras e 2 conferências. Ao somar as atividades do primeiro e segundo dias de congresso, segunda (25) e terça-feira (26), chega-se ao total de 221 atividades.  

O 12º EPI contou com ampla participação da comunidade científica. Ao longo do congresso, foram 2.670trabalhos enviados, que foram apresentados em 65 sessões de comunicação coordenada e 60 rodadas de pôster dialogado, além dos pôsteres virtuais, que ficaram disponíveis para acesso e consulta durante o evento. 

Além de conferir os 12 estandes montados na área de exposição, os congressistas acompanharam as atividades da Tenda Paulo Freire, espaço voltado para pensar e produzir saúde além do modelo convencional e que, pela primeira vez, marcou presença nos congressos de Epidemiologia organizados pela Abrasco. 

Uma outra novidade, importante para o campo da Epidemiologia, foi o  lançamento do 5º Plano Diretor para o desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil (2025-2029), documento que irá orientar tanto a formação acadêmica, quanto diretrizes para a atuação dos profissionais do campo no país.

Entre os temas debatidos com ênfase ao longo das atividades do 12º EPI estiveram racismo e saúde; desenvolvimento sustentável e os desafios para o campo da Epidemiologia; Vigilância em Saúde; formação em Epidemiologia; meio ambiente; vacinação; iniquidades em saúde e Ciência Aberta. 

Crises climática e de saúde: identificando os desafios e possiblidades para superá-las (tradução livre)

A primeira conferência desta quarta-feira (27), às 8h30, foi coordenada pela vice-presidente da Abrasco, Rosely Sichieri. Com o tema “Crises climática e de saúde: identificando os desafios e possibilidades para superá-las” (tradução livre), foi ministrada pelo epidemiologista Robert Wallace. 

O pesquisador abordou como o capitalismo transforma animais, recursos naturais e até a saúde em commodities. Ele ressaltou que a exploração desenfreada do meio ambiente e a produção em massa de alimentos criam um ciclo de doenças emergentes, como os patógenos mortais associados à manipulação genética e reprodutiva de espécies para atender demandas de mercado.

Wallace também destacou o papel do Brasil na produção de insumos e alimentos para exportação, mas apontou que o país não controla os recursos naturais nem retém o capital acumulado. “Quem financiou o desmatamento em primeiro lugar?”, questionou. 

A conferência enfatizou a necessidade de reintegrar a biodiversidade à agricultura, por meio de práticas como a agroecologia, e de promover justiça alimentar. Para Wallace, é essencial superar a dicotomia entre ecologia e economia, além de reparar as desigualdades de gênero e raça. Ele concluiu com uma mensagem inspiradora: “Não apenas outro mundo é possível, mas também outra ciência é possível”.

Epidemiologia e vigilância em saúde: sinergias e desafios em um mundo em transformação

O diretor do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o professor e epidemiologista Guilherme Loureiro Werneck, foi o responsável por ministrar a última conferência do 12º EPI. O tema do encontro foi “Epidemiologia e vigilância em saúde: sinergias e desafios em um mundo em transformação”. 

O pesquisador iniciou a conferência com um destaque para a definição de Epidemiologia que considera os diferentes contextos e o compromisso com as questões sociais. A Epidemiologia, na corrente de autores da qual Werneck é filiada, entende essa área da Saúde Coletiva como o estudo da ocorrência e distribuição de eventos, estados e processos relacionados com a saúde de populações, com potencial para controlar problemas de saúde.

O conferencista abordou ainda a importância de se desenvolver uma Epidemiologia que permita sistematizar teorias epidemiológicas consistentes para explicar os mecanismos que causam eventos de saúde, mas comprometida e socialmente engajada. “Precisamos de uma Epidemiologia consistente metodologicamente que permita explicar os mecanismos que causem eventos de saúde e sua distribuição, mas também implicada com a geração de conhecimento que possa ser traduzido e aplicado para provocar mudanças que melhorem a saúde e a qualidade de vida das populações e, assim, reduzam as desigualdades sociais em saúde”, detalhou. 

O pesquisador abordou ainda durante a conferência as ações que desenvolve como diretor do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O compromisso da atual gestão, liderada pela ministra da Saúde, a abrasquiana Nísia Trindade, é com a implementação da Política Nacional de Vigilância em Saúde (PNVS), um um guia para as ações de vigilância em saúde no Brasil, que auxilia no monitoramento da saúde da população.

Cerimônia de Encerramento, premiações e homenagens 

As presidentes do Congresso, Claudia Leite de Moraes e Enirtes Caetano, e a presidente da Comissão Científica, Tânia Maria de Araujo, fizeram a fala de encerramento do evento. As pesquisadoras agradeceram aos congressistas pela participação e aos profissionais que contribuíram com a realização do 12º EPI 

“Esse congresso foi uma construção coletiva mobilizada por muitos afetos. Agradecemos a todos envolvidos nesse processo. Vivia o 12º EPI!”, declararam. 

Além da entrega de prêmios para os melhores trabalhos apresentados no Congresso, também houve uma homenagem aos grandes nomes da Epidemiologia: Ligia Kerr; Cesar Victora; Rosely Sichieri; Celia Landmann; Antônio Augusto Moura da Silva; e José Eluf Neto. Uma performance do grupo de jovens promotores da saúde RAP da Saúde também cativou o público. A despedida dos congressistas foi regada a muito samba, com a apresentação do grupo Samba Que Elas Querem .

Rumo ao Abrascão! 

Após o 12º EPI, o próximo evento da Abrasco será o 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o nosso Abrascão, que será realizado em Brasília, de 28 a 3 de dezembro de 2025.


Fonte: Abrasco
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