'Tema da covid-19 continua atual', afirma Margareth Dalcolmo no 12º EPI
Por Bruna Abinara
"O tema da covid-19 continua absolutamente atual, considerando que este é um patógeno que vai permanecer entre nós, não mais na cepa original, mas em suas variantes", afirmou a pneumologista e pesquisadora da Escola Nacional da Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) Margareth Dalcolmo, no 12º Congresso Brasileiro de Epidemiologia (12ºEPI), realizado pela Abrasco. A mesa redonda "Covid-19: desafios atuais e estratégias de controle em um novo cenário", da qual participou junto do pesquisador da Fundação Getúlio Vargas Cláudio Struchiner e da reitora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Gulnar Azevedo, abordou os desafios e as novas descobertas sobre covid longa. O 12º EPI aconteceu entre os dias 25 e 27 de novembro, no Rio de Janeiro, com atividades pré-congresso nos dias 23 e 24.
Ao Informe ENSP, Margareth contou que há uma mobilização internacional no sentido da discussão sobre covid longa. A pesquisadora, que integrou o grupo de especialistas participantes da reunião do G20 Saúde, relatou que há vários fatores a serem debatidos. "Vários aspectos precisam ser considerados à luz da situação atual: novas cepas, novas variantes, necessidade de uma política de vacinação mais ampla e a definição, sobretudo, do que seja a covid longa, porque ainda não há um consenso sobre isso", afirmou.
A pneumologista ressaltou que ainda há muitas incertezas envolvidas nos debates, já que esta é uma doença relativamente nova. "Precisamos ter um recuo histórico maior para responder a uma série de perguntas de natureza clínica e funcional, o que ainda não temos", explicou. Apesar das imprecisões destacadas, a pesquisadora reforçou a certeza da eficácia da imunização e apresentou dados que comprovam a importância da vacinação. "É muito triste, mas, hoje, 75% dos pacientes internados por covid são não vacinados". Dessa forma, Margareth apostou na manutenção de um calendário vacinal anual, para renovar a proteção contra as variantes do vírus, assim como na probabilidade da criação de uma vacina combinada para covid-19 e influenza nos próximos anos.
Além da maior regularidade na disponibilização de vacinas, Margareth defendeu o fortalecimento e a multiplicação de centros multidisciplinares para atender aos sintomas clínicos e às deficiências de qualquer natureza advindos da covid, seja por déficit respiratório, por dificuldade de retomar suas atividades, por problemas de natureza psiquiátrica, por problemas motores. "Isso não é diretamente proporcional à gravidade do caso, ou seja, há pessoas que ficam em CTI e retomam suas vidas com poucas sequelas, enquanto outras têm casos moderados e permanecem com muitas sequelas", explicou a pneumologista.
Margareth também alertou para a possibilidade, cada vez mais plausível, de haver uma nova pandemia. Por isso, defendeu a importância de preparação para esse possível cenário: "precisamos ter contingência, o Brasil não pode ser apanhado como no início da pandemia de covid-19, sem estoque, com o SUS desorganizado e sem planejamento". Segunda a pneumologista, diversas casas farmacêuticas já trabalham para a produção rápida de vacinas em um novo caso pandêmico. "Uma lógica que todos precisam entender é: virose aguda de transmissão respiratória, historicamente, se resolve com vacina", declarou. Assim, a pesquisadora defendeu a produção rápida dos imunizantes e a distribuição justa e igualitária deles como a primeira estratégia a ser adotada em casos epidêmicos.
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