O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras
Busca do site
menu

Encontro Nacional da RedEscola debate desafios contemporâneos da educação e do trabalho na saúde

ícone facebook
Publicado em:29/11/2024
Por Barbara Souza

Quais são os principais desafios contemporâneos para a Educação na Saúde? A pergunta guiou as apresentações e debates das atividades que abriram o Encontro Nacional RedEscola 2024, realizado nesta quarta-feira (27/11) na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). A primeira mesa redonda focou nos desafios das políticas de formação, nas competências necessárias para sistemas de saúde inclusivos e nos impactos das mudanças nas relações de trabalho na saúde. Assista na íntegra no canal da ENSP no YouTube
 
Nos dias 27 e 28 de novembro, o evento reuniu representantes de instituições formadoras que integram a Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola), além de especialistas e parceiros da área. Orientados pelo tema "Educação na Saúde e articulação interinstitucional: caminhos estratégicos para o fortalecimento do SUS", os participantes se debruçaram sobre os desafios e possibilidades na formação em saúde pública e o papel da educação na consolidação do Sistema Único de Saúde. 

Mesa redonda “Educação na Saúde na Contemporaneidade”
A mesa “Educação na Saúde na Contemporaneidade” foi caracterizada pelo mediador, o vice-diretor da Escola de Governo em Saúde da ENSP, Eduardo Melo, como uma atividade que reuniu “ângulos diferentes, mas muito complementares e oportunos”. Pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (DAPS/ENSP), Márcia Teixeira abriu as apresentações falando de marcos contemporâneos no mundo do trabalho e suas implicações nos sistemas universais de saúde. 

A professora expôs um diagnóstico sobre as relações de trabalho nos modelos de gestão alternativos à gestão direta do Estado no SUS. A pesquisa que ela apresentou explora esses modelos organizacionais visando à construção de estratégias de defesa do trabalho decente. Além disso, avalia os aspectos jurídicos dos modelos alternativos. Ela mostrou como fenômenos recentes, como a chamada plataformização, transformaram as relações de trabalho nos últimos anos, contribuindo com a precarização, enfraquecendo a organização coletiva dos trabalhadores e alterando o funcionamento de instituições públicas de saúde. “Estamos entrando num novo ambiente, que é o da falsa economia do compartilhamento, da plataformização do trabalho no mundo. Assim, podemos falar do conceito de uberização, já incorporado pelas pessoas. O contexto de plataformização do trabalho está em diversos setores e a saúde não ficou imune”, disse Márcia. 


Em seguida, a pesquisadora do IFF/Fiocruz Tatiana Wargas abordou os “desafios sócio-sanitários contemporâneos e competências profissionais necessárias para a conformação de sistemas de saúde comprometidos com a inclusão social e a garantia do acesso ao cuidado integral”. A convidada fez uma breve análise da complexidade do mundo atual, olhando para a saúde marcada pela desigualdade. Após relembrar a mobilização de diversos setores da sociedade, nas décadas de 1970 e 1980, que culminou na criação do Sistema Único de Saúde, Tatiana ressaltou a importância das articulações na luta por direitos. “Se o SUS existe ainda hoje, não é por outra coisa se não pela capacidade dessa miudeza de pessoas que estão nas redes, nas escolas, nos serviços de saúde, e que sustentam uma ideologia e uma vontade de ser e de mudança porque também se veem como espelho dessas pessoas que elas estão ali atendendo”, analisou. 

Para fechar a mesa, o professor da Unifesp Nildo Alves Batista tratou dos “Desafios para as políticas de formação na saúde”. O palestrante relacionou educação e saúde a partir de três dimensões: “o suporte para formar futuros profissionais de saúde - ou seja, as escolas e universidades; a formação no serviço - um processo contínuo no exercício profissional; e a educação na saúde - que ocorre na promoção da qualidade de vida das pessoas”. O professor analisou a contemporaneidade do SUS enquanto um “projeto ético-societário”, também destacando em desigualdade social. “Temos desafios de promover educação antirracista, discussão sobre igualdade e equidade, políticas para as pessoas com deficiência e para a valorização da diversidade”. Nildo Batista falou ainda sobre a importância das epistemologias plurais e decoloniais, o agravamento das mudanças climáticas e de problemas específicos da formação. “Há incompatibilidade entre o perfil profissional e as necessidades sociais, dificuldades de trabalho em equipe, formação excessivamente técnica, distanciam da prática do cuidado na integridade”, listou. 

Mesa solene de abertura
Uma oportunidade de fortalecer laços, compartilhar experiências e reafirmar a missão da RedEscola de contribuir para a educação e a saúde pública no Brasil. Isso foi ressaltado por todos os participantes da cerimônia de abertura deste Encontro Nacional da Rede. A diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES), da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS), Lívia Milena Barbosa de Deus e Méllo, celebrou a “retomada da agenda da gestão do trabalho da educação”, destacou o papel da rede no “tripé governança, educação permanente e pesquisa” e disse que “isso tem muita consonância com a própria linha e opção política deste governo”. A Conselheira Nacional de Saúde Elaine Junger Pelaez enalteceu a formação na saúde no que incorpora ancestralidade e os saberes tradicionais populares. “Saúde para nós é condições de vida e de trabalho. É o resultado dessa formação de sociedade, dessa conformação social. Assim sendo, só podemos falar em defender o SUS e saúde pública, em informar pessoas dentro do SUS, pensando esse diálogo com a pluralidade e a diversidade”. 

Vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Cristiani Vieira Machado, elogiou o processo de regionalização e participação das atividades da RedEscola ao longo do ano de 2024, com a realização das oficinas regionais. “Isso renovou as energias, deu outro vigor e uma articulação maior. Juntas, as escolas podem ser mais fortes para cumprir seu papel social de contribuir para o fortalecimento do SUS”, afirmou. Representando a Direção da ENSP, Eduardo Melo também destacou o “espírito de cooperação que marca fortemente a lógica de trabalho da rede” e comentou o tema do encontro nacional. “Se tem uma área que precisa ser interinstitucional, é campo da educação na saúde”, disse.

A coordenadora da Secretaria Técnica e Executiva da RedEscola, Marcia Fausto, também relembrou os encontros regionais que antecederam o evento nacional nesta semana, que considera ser um momento de consolidação. “Tem sido muito importante não só para discutir esses desafios e pensar as proposições, mas também para o nosso reconhecimento e sentido de pertencimento, gerando a possibilidade de um trabalho mais articulado. É a partir dessas interações que reconhecemos os desafios comuns, as possibilidades de encontrar saídas a partir da experiência do outro e trocar”. Representante do Grupo de Condução da RedEscola e diretora da Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE), Célia Maria Santana também considerou o tema do encontro representativo e afirmou que a relevância da rede como instância marcada pela diversidade das instituições públicas. “É um coletivo para o diálogo e construção de lutas de movimentos de resistência. Neste sentido, é um lugar privilegiado, é uma instância do SUS”. 

Confira no canal da ENSP no YouTube
Na tarde do primeiro dia, o tema em debate foi “Dispositivos de Gestão Interinstitucional para a Educação na Saúde”, que abordou experiências práticas de atuação e gestão nas Escolas do SUS e seus desafios no cenário atual. Mediada por Lívia Barbosa, a mesa contou com o diretor do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), Fabiano Ribeiro dos Santos, da coordenadora da Escola de Saúde Pública de Florianópolis, Alessandra de Quadra Esmeraldino, e da professora Márcia Silveira Ney, do Instituto de Medicina Social da Uerj. A mesa redonda está disponível na íntegra no canal da ENSP no YouTube

Esta quinta-feira (28/11) foi dedicada especialmente ao planejamento colaborativo entre as instituições formadoras da RedEscola. Confira a programação completa do Encontro Nacional aqui.


Nenhum comentário para: Encontro Nacional da RedEscola debate desafios contemporâneos da educação e do trabalho na saúde
Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.