Pesquisadora da ENSP coordena debate práticas comunitárias e educação popular em saúde no 5º PPGS
Por Bruna Abinara
"A discussão das epistemologias e das práticas comunitárias é, para nós, da Rede de Atenção Primária, uma premissa básica do SUS e do modelo da estratégia de Saúde da Família". Foi assim que a pesquisadora Maria Helena Mendonça, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), se referiu ao tema da mesa redonda que coordenou no 5º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde (5º PPGS), da Abrasco. Realizada nesta terça-feira (5/11), a atividade "Epistemologias, Saberes e Práticas da Abordagem Comunitária e da Educação Popular na Atenção Primária à Saúde no Brasil" teve como expositores o pesquisador José Carlos da Silva, da Universidade Federal de Pernambuco, a pesquisadora Carla Pontes, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, e Paulo Mansan, coordenador do Movimento Mãos Solidárias e integrante do Setor de Saúde do Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Sem Terra (MST).
Segundo Maria Helena, o cenário era de perda das práticas comunitárias. No entanto, com o agravamento das crises sanitárias e econômicas atuais, especialmente, após a pandemia de covid-19, houve uma revalorização desses saberes. "É importante analisar como as instituições funcionam e como elas respondem às crises, para podermos também propor algumas ações e intervenções a partir de um diálogo com as pessoas dos movimentos sociais, com os trabalhadores de saúde e com os próprios cidadãos, que são os usuários", afirmou.
A pesquisadora reforçou que discutir essa temática significa refletir sobre iniquidades, um dos pontos centrais do 5º PPGS, cuja premissa foi "Política, Saberes e Práticas: Resistência e Insurgência no Enfrentamento das Iniquidades em Saúde". "Em outras palavras, a discussão sobre epistemologias e práticas comunitárias está intrinsecamente ligada ao combate às desigualdades em saúde, porque, na discussão da democracia, estamos sempre buscando formas melhores de diminuir as iniquidades e dar respostas as nossas necessidades sociais", explicou Maria Helena.
O expositor José Carlos da Silva destacou que as epistemologias convencionais eurocêntricas não dão conta de atender às necessidades cotidianas. Para o pesquisador, é preciso reconhecer que o cuidado centrado na unidade de APS é importante, mas não é a única forma de produzir saúde. "Podemos, a partir da educação popular, produzir experiências de gestão da unidade de Atenção Primária, podemos produzir conhecimentos na academia e, especialmente, podemos produzir, junto com os movimentos sociais, novas experiências e práticas de saúde e cidadania", elucidou.