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5º PPGS: pesquisadoras discutem capacitismo, racismo e desigualdades no fazer científico na saúde coletiva

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Publicado em:08/11/2024
Por Barbara Souza

“O preconceito impede as pessoas de aprenderem, de estudarem, de trabalharem e de terem uma vida”. O capacitismo, discriminação praticada contra pessoas com deficiência, foi pauta no 5º Congresso Nacional de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, da Abrasco, nesta terça-feira (5/11). Na mesa redonda “Fazer ciência na saúde coletiva: como enfrentar os desafios históricos e contemporâneos nas instituições públicas”, a pesquisadora da ENSP Laís Silveira Costa provocou a reflexão sobre o tema, com foco especialmente nas consequências na área da saúde. “Essas pessoas não são prioridade no cotidiano dos serviços de saúde. É verdade que os profissionais, muitas vezes, estão sobrecarregados e que há precarização, mas os problemas que temos no SUS não podem justificar o fato de as pessoas com deficiências não serem contempladas pelo direito universal à saúde no nosso país. O capacitismo se reproduz na saúde e há muitos reflexos”, disse. 

Coordenada pela pesquisadora da ENSP/Fiocruz e presidente da Comissão Científica do 5º PPGS, Isabela Soares, a mesa redonda contou ainda com as pesquisadoras Angela Figueiredo, da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), e Rosana Onocko, professora da Unicamp. Antropóloga, Angela atua nas áreas de pesquisa e formação sobre desigualdade de gênero e raça, feminismo negro, violência contra as mulheres e epistemologias de uma perspectiva feminista negra. Nas palestras, ela falou sobre os temas, destacando sua própria experiência e propondo uma reflexão sobre a produção do conhecimento a partir de um lugar subalternizado. Na apresentação intitulada “Política, epistemologia e práticas insurgentes: o lugar da raça na produção do conhecimento”, a professora da UFRB citou Lélia González para fazer uma crítica à “produção acadêmica sobre o outro”, afirmando que “essa produção é marcada pela posição raça e cor, de classe e gênero de pesquisadores e pesquisados, e pelo entendimento ou desentendimento deles e delas sobre o racismo em nossa sociedade”. 


Já Rosana Onocko palestrou sobre fazer ciência na saúde coletiva, ressaltando os caminhos para o enfrentamento aos desafios históricos e contemporâneos nas instituições públicas. Durante a apresentação, a professora da Unicamp provocou reflexões sobre como os pesquisadores e demais membros da academia do campo da saúde coletiva podem agir a fim de interferir positivamente no cenário marcado por desigualdades. “Nos nossos serviços públicos, de saúde, educação e assistência social, assim como o sistema de Ciência e Tecnologia, há racismo, patriarcalismo, barreiras de acesso e violência institucional, além de ‘burocratismo’. Eles impõem humilhação e submissão ao povo, criando uma sociedade na qual a diferença assusta e precisa ser segregada da vida comum”, refletiu Rosana, ex-presidente da Abrasco. 

Coordenadora da atividade, Isabela Soares salientou que a ideia da mesa era justamente questionar a ciência hegemônica e refletir sobre maneiras de incrementar a produção científica com conhecimentos, perguntas e fazeres que respondam às necessidades de quem vive nos territórios. “No fundo, quem é chamado de minoria compõem uma grande maioria. Pois, numericamente, é uma minoria que está no poder. Nós, cientistas, fomos forjados numa ciência totalmente ‘norte-centrada’. Por meio desse modelo de conhecimento, nem sabíamos da existência de saberes dos povos indígenas, da população negra, dos povos quilombolas, por exemplo. Recentemente começamos a ter uma ideia do que ainda não sabemos. E ainda falta muito. Essa mesa falou bastante disso”, resumiu.



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