Seminário de Psicanálise da ENSP/Fiocruz realiza aula aberta nesta quinta-feira (26/9)
O Seminário de Psicanálise da ENSP/Fiocruz, coordenado pela pesquisadora Clarice Gatto, do Cesteh/ENSP, vai realizar uma atividade aberta nesta quinta-feira (26/9), às 9h30. A aula com o tema “A Carta Roubada nos escritos de Lacan” será ministrada pelo convidado Caio de Mattos Filho, psicanalista em Salvador (BA) e doutorando em Teoria Psicanalítica (UFRJ/Paris VIII). A aula será via Zoom. As inscrições foram encerradas em 23/9.
A coordenadora da atividade comenta a temática. Confira abaixo o texto de Clarice Gatto:
“A carta roubada” de Edgar Allan Poe comentada no “Seminário 2: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise” ressurge em versão reescrita (Seminário sobre “A carta roubada”) na abertura dos Escritos de Lacan em 1966. N’O título da letra, Philippe Lacou-Labarthe e Jean-Luc Nancy observam que essa carta, tomada a Poe para sua plateia de analistas, Lacan coloca em sua ‘Instância’ (da letra ou a razão do inconsciente desde Freud) para um público universitário: os estudantes da Sorbonne que o convidaram em 1957. Nesse instante em que Lacan não se dirige mais somente aos analistas, seu discurso é especificado por sua “qualificação... literária”, alcançando o campo da cultura como literatura a elaboração lacaniana da “letra” por seus ouvintes. Mas também conferindo legitimidade na ordem do saber... a universitas literarum, onde se comunica um certo “saber das letras”, lugar que Freud quis para a formação prévia dos analistas, quando em 1919 indagava “Deve-se ensinar a psicanálise na universidade?” A poesia e o teatro pelo recurso cênico e a pintura pela analogia com as imagens oníricas transformam-se em esferas privilegiadas de reflexão, especialmente no que estas concernem à criação artística e à sublimação, temas que Freud e Lacan seguiam de perto, propondo uma aproximação dessas expressões culturais com a experiência psicanalítica. Sabemos o quanto o príncipe Hamlet (Shakespeare), como Freud gostava de dizer, e Édipo Rei (Sófocles) foram tragédias amplamente utilizadas por ele para abordar a realidade psíquica. Realidade repleta de fantasias e conflitos, de mal-entendidos, desejos e transgressões, dissabores, desgraças, mau agouro... de onde o pai, a morte, a lei, o gozo, o desejo incestuoso pela mãe e a verdade desfilam como figuras universais, e quando solicitadas a se apresentarem reabrem a cena à chaga de cada época.
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