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Pesquisador da ENSP participa de curso nas Filipinas sobre novo tratamento contra tuberculose drograrresistente

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Publicado em:19/09/2024
Por Barbara Souza

O chefe do ambulatório de tuberculose do Centro de Referência Professor Helio Fraga (CRPHF), da ENSP/Fiocruz, Jorge Luiz da Rocha, participou da ‘Capacitação no Manejo da Tuberculose Drogarresistente’ realizada nas Filipinas na última semana de agosto. O país asiático foi um dos primeiros a implantar com sucesso os novos esquemas de tratamento para as versões resistentes a medicamentos da doença (TB-DR). Realizado entre os dias 26 e 30 de agosto, na cidade de Makati, região metropolitana da capital Manila, o evento foi promovido pela organização PeerLINC e financiado pela TB Alliance. O programa intensivo de uma semana incluiu treinamento didático e prático. Os conhecimentos adquiridos no curso serão aplicados no Brasil a fim de acelerar a implementação de um novo tratamento contra tuberculose resistente a medicamentos, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

A delegação brasileira foi composta por representantes do Ministério da Saúde, com a Coordenadora Geral de vigilância da Tuberculose Micoses endêmicas e MNT, Fernanda Costa, acompanhada pelas médicas e assessoras técnicas Denise Arakaki e Gisela Unis, além da farmacêutica assessora da área de diagnóstico e farmácia Nicole Souza. E ainda participaram quatro especialistas assessores técnicos do Ministério da Saúde nas áreas de tuberculose resistente, capacitações de profissionais e sistemas de informação, tendo entre eles o médico pneumologista do CRPHF/ENSP/Fiocruz Jorge Luiz da Rocha. Os outros participantes foram Ana Angélica Portela, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Carlos Albério, do Hospital João de Barros Barreto (Pará) e Francisco Magalhães, da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná.


O novo esquema de combate à TB-RD detalhado na capacitação é a chamada ‘BPaL/M’, uma combinação dos antibióticos Bedaquilina, Pretomanida e Linezolida, com ou sem Moxifloxacina. É um tratamento que dura seis meses e resulta numa taxa de sucesso que pode passar de 90%. “A combinação desses fármacos com capacidade bactericida e esterilizante permitiu a redução do tempo de tratamento da tuberculose multirresistente/resistente à Rifampicina de dezoito para seis meses. São todos medicamentos de uso oral. Após a conclusão dos estudos clínicos, a OMS vem recomendando aos países que adotem esses novos esquemas, seguindo as orientações e critérios para a adequada inclusão de pacientes e acompanhamento rigoroso, com o monitoramento dos eventos adversos”, explicou Jorge Luiz da Rocha.

Além do potencial de melhorar os resultados e as experiências do tratamento da TB-DR no Brasil, o novo esquema deve ainda reduzir os custos para os sistemas de saúde e para as pessoas. “Há décadas, usamos esquemas longos, de 18 meses, com medicamento injetável nos primeiros seis meses e menos de 60% de sucesso terapêutico. A experiência das Filipinas com a implantação desses novos esquemas aumentou progressivamente a taxa de sucesso e reduziu descontinuidade do tratamento e as mortes. Temos a expectativa de ver o mesmo acontecer com os nossos indicadores”, conta otimista o chefe do ambulatório do Hélio Fraga.

Ainda de acordo com Jorge Luiz, o Grupo de Trabalho da Coordenação Nacional de Tuberculose - do qual faz parte - atualizará as recomendações nacionais para o tratamento da tuberculose resistente, além de promover capacitações dos profissionais para a implantação dos novos esquemas de tratamento no Brasil. “A expectativa é que a Pretomanida, único componente desses esquemas que ainda não temos no país, chegue nos próximos meses. Após a sua chegada, a novidade estará disponível para uso pelas unidades de referência terciária de tuberculose, ofertados gratuitamente às pessoas com a doença pelo Sistema Único de Saúde”.

Durante as atividades em Manila, houve uma programação externa, com visitas às seguintes instituições: Departamento de Saúde das Filipinas, Departamento de prevenção e Controle de Doenças, Unidade de Saúde de pacientes externos, Fundação de Doenças Tropicais, Instituto de Pesquisas de Doenças Tropicais e Laboratório de Referência Nacional para Tuberculose.

“Tivemos interações valiosas com a equipe do PeerLINC e com os especialistas do Departamento de Prevenção e Controle de Doenças das Filipinas (DPCB) para utilizar sua experiência à medida que implantamos esse novo padrão de atendimento em nosso país. Estamos gratos à TB Alliance por apoiar esta interação e à DPCB pela sua ajuda”, disse a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn. 

O intercâmbio científico ocorreu por meio do centro PeerLINC Knowledge Hub, uma parceria entre a ‘TB Alliance’ e a ‘Tropical Disease Foundation (TDF)’, que atua em colaboração com o Departamento de Saúde das Filipinas. O objetivo é ajudar países como o Brasil a implementar as melhores práticas no tratamento de TB-DR e acelerar a implementação programática mundial de ferramentas inovadoras e mais eficazes contra a doença. A iniciativa oferece suporte de pares, capacitação e assistência técnica para implementar as inovações. 

O centro é financiado pelo governo australiano através do projeto ‘Parcerias para uma Região Saudável’. Desde o lançamento, em março de 2024, o PeerLINC ajudou vários países a definir e operacionalizar planos para expandir a disponibilidade do BPaL/M, incluindo Peru, Nigéria, Ruanda e República Democrática do Congo.

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