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Gestores debatem com alunos do Programa Profissional da ENSP sobre a perspectiva da gestão da APS nos territórios

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Publicado em:20/05/2024

Por Tatiane Vargas

Nesta quinta-feira, 16 de maio, o Mestrado Profissional em Saúde Pública da ENSP promoveu a aula aberta ‘Perspectiva da gestão da Atenção Primária à Saúde nos territórios’. Alunos da turma de APS e demais interessados participaram do debate que contou com a presença de Ana Luiza Caldas, gestora executiva da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do Sistema Único de Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde (AgSUS/MS) e do secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ), Daniel Soranz. Os gestores, ambos egressos da ENSP, falaram sobre suas experiências profissionais, além de trazer aspectos sobre o cenário e a perspectiva da APS no âmbito federal e municipal. A atividade foi mediada pela coordenadora da sétima edição da turma de APS, a pesquisadora da ENSP, Elyne Engstron. 

Daniel Soranz, médico sanitarista, especialista em Medicina da Família e Comunidade e mestre em Saúde Pública pela ENSP, contou aos alunos que a crítica apresentada em sua dissertação de mestrado foi o que o levou ao cargo de subsecretário de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde do Rio de Janeiro. A pesquisa criticava a falta de uma política pública de saúde essencial para as pessoas, que era justamente a Atenção Primária à Saúde na cidade do Rio de Janeiro. O estudo analisou a cobertura da APS utilizando um marcador fundamental: o planejamento familiar. “Esse mestrado é muito importante pois ele vai fazer uma transição na carreira de vocês, pois o que fazemos aqui é produzir evidências científicas para que a gente possa tomar decisões através do conhecimento científico feito com método e com organização. 

Atualmente secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Soranz citou diferentes evidências científicas que ao longo da história possibilitaram a tomada de decisão em diversos projetos e reforçou que se não olharmos para a ciência e para o método científico para tomar decisões na gestão isso trará consequências para a assistência prestada a população. Ele trouxe exemplos de como diferentes países no mundo que organizam sua saúde através de uma Atenção Primária à Saúde forte, por meio do trabalho das Equipes de Saúde da Família, destacando como foi feita organização da APS no município do Rio de Janeiro durante sua gestão à frente da subsecretaria, tornando o sistema de saúde da cidade mais eficiente e equânime, com impactos nos indicadores sociais e na redução das desigualdades nos territórios. “A evidência científica e a produção do conhecimento são fundamentais para o dia a dia. Saber aplicar esse conhecimento na gestão e na prática é fundamental para que possamos avançar e melhorar as condições de vida e saúde da população”. 

Secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, em aula aberta na ENSP, promovida pelo Mestrado Profissional em Saúde Pública. 

A tomada de decisão a partir de evidências continuou no centro da fala do secretário de saúde ao longo de toda sua apresentação. A reforma da APS através da atuação das Equipes de Saúde da Família nos territórios, por exemplo, foi um dos exemplos citados por ele que trouxeram mudanças significativas nos indicadores de saúde do município do Rio de Janeiro. Por fim, Daniel citou três aspectos fundamentais para a tomada de decisão na gestão, entre eles: uma revisão sistemática estruturada, conhecimento institucional e produção de dados. “Esse mestrado é a chance de produzirmos esse conhecimento, mas também de usar esse conhecimento de maneira mais estratégica na gestão, na academia e na assistência. Esse curso vai contribuir justamente para que vocês possam utilizar essa gama de ferramentas incríveis que vão conhecer ao longo do curso, e auxiliará vocês em tomadas de decisões que realmente fazem diferença na prática diária dos serviços de saúde”, concluiu ele.  

A gestora executiva da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do Sistema Único de Saúde (AgSUS/MS), Ana Luiza Caldas, falou brevemente sobre sua experiência profissional e sobre o papel da AgSUS, criada para dar suporte operacional à execução de políticas formuladas pelo Ministério da Saúde, especialmente nas áreas de Atenção à Saúde Indígena e na Atenção Primária à Saúde. A gestora, que é egressa da ENSP, trouxe para o debate com os futuros gestores um panorama da perspectiva da Atenção Primária à Saúde em âmbito nacional.  

Numa perspectiva nacional, ela apresentou o mapa da cobertura da APS, por município, no Brasil. Segundo ela, quando estamos falando desta cobertura, estão incluídas todas as equipes que trabalham na APS, o que mostra um bom retrato da cobertura em âmbito nacional, porém, quando essa mesma análise é feita com base na atuação de equipes específicas, como a cobertura de saúde bucal, por exemplo, temos outro retrato da realidade, trazendo um cenário catastrófico em determinadas áreas. Em relação as Equipes de Saúde da Família, segundo Ana Luiza, saímos de cerca de 43 mil eSF em 2018, para aproximadamente 54 mil eSF em 2023, com a expectativa de cerca de 57 mil equipes até o final de 2024. Ela apresentou, ainda, a cobertura nacional por áreas de atuação na APS e como essas informações são fundamentais para a elaboração de políticas públicas eficazes e para a tomada de decisão correta dos gestores.  

Ana Luiza Caldas, gestora executiva da Agência de Apoio à Gestão do SUS, apresentando o panorama da Atenção Primária à Saúde em âmbito nacional, em aula aberta na ENSP.  

Ana Luiza pontuou que já avançamos muito em âmbito federal na cobertura e atuação da APS, porém, ainda estamos nos baseando na Gestão da Oferta, que considera uma população genérica e homogênea, por meio de um somatório de pessoas e a avaliação de parâmetros médios. “Não podemos conceber a APS com uma mesma gestão pra todos os territórios exatamente porque eles não são iguais e possuem particularidades totalmente diferentes”, ponderou ela. Por fim, a gestora trouxe para os alunos o modelo de gestão que de fato o Brasil pretende alcançar, que considera os determinantes sociais da saúde, a redução das iniquidades, o enfoque epidemiológico, a responsabilidade nos resultados e a estratificação da população. Na prática, significa atender as necessidades de saúde segundo os riscos, fazendo monitoramento das intervenções, através de uma oferta do cuidado de acordo com a cultura, as necessidades, e as preferências das pessoas vinculadas. É urgente e necessário que os gestores acreditem na importância das ações da Atenção Primária à Saúde e invistam na formação, fixação e valorização dos trabalhadores, para efetivamente mudar a qualidade de saúde das pessoas que vivem e convivem nos territórios", finalizou.

Confira a galeria de fotos ao final da matéria. 

+ Assista a aula completa no canal da ENSP no Youtube!

 


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