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Relatos de egressos marcam último dia do Seminário 25 anos de EAD

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Publicado em:08/12/2023

Cinco convidadas, cinco com diferentes trajetórias que foram marcadas pela EAD ENSP. Esse é o resumo da mesa Contribuições dos projetos de intervenção: relatos dos egressos, realizada no segundo dia (28/11) do Seminário 25 anos de EAD: contribuição para uma educação sem distância na formação para o SUS. Sob mediação de Marly Marques da Cruz, pesquisadora do Departamento de Endemias Samuel Pessoa – DENSP/ENSP/Fiocruz, o evento trouxe histórias sobre impactos e vivências de profissionais que passaram por cursos da EAD da ENSP e, por meio deles, puderam contribuir com transformações na qualidade e no resultado dos seus serviços de saúde.  A primeira a contar a sua história com a EAD ENSP foi a egressa pós-graduação em Avaliação em Saúde Janaina Pinto Braga Meireles, que apresentou o seu projeto Plano de avaliação da implementação de um contrato de gestão de um hospital no Distrito Federal. Durante o curso, Janaina  atuava na coordenação de contratos de gestão e contratos assistenciais da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, envolvendo a gestão de grandes UTIs e centros de hemodiálise como os do HCB e do Hospital de Base. “Foi uma fase de grande pressão, durante a pandemia de covid-19”, relembrou Janaina, que é agrônoma de formação, e se definiu como “uma servidora de nível médio que se tornou uma analista”. Na sua apresentação, ela mostrou que seu projeto permitiu desenvolver metas qualitativas e quantitativas, realizar o monitoramento, a avaliação e a prestação de contas do contrato de gestão - uma parceria com características de convênio entre o governo do DF é uma organização sem fins lucrativos que assumiu a administração hospitalar.  Ao realizar a avaliação do grau de implementação do contrato, com foco na geração de padrões e estatísticas confiáveis, Janaina acredita que o projeto alcançou o objetivo de contribuir para trazer mais segurança jurídica e garantir maior transparência no uso dos recursos, e amplia o conhecimento à disposição dos gestores que precisam elaborar contratos e avaliar. “Sem a  gestão que é a área-meio, não se consegue fazer com que a política chegue na ponta”, afirmou a ex-aluna, que sofreu um AVC após o curso, “provavelmente ligado ao stress da pandemia , que trouxe grande pressão para os serviços de saúde”, conforme contou. Mas Janaína está se recuperando bem e agradeceu imensamente o apoio da sua orientadora Patrícia Pássaro da Silva Toledo.“Quando fui convidada para estar aqui, a primeira coisa que me veio à mente foi poder acrescentar o quanto foi engrandecedora e prazerosa essa parceria, entre orientadores, tutores..pensando nos objetivos de uma pós-graduação, consegui problematizar algo com que eu trabalhava e tive imensa ajuda”, afirmou ela, emocionada.   A segunda a se apresentar foi Zuleika Karoline dos Reis Mota, com a história do seu projeto intitulado Um olhar diferenciado ao acompanhamento das crianças menores de 01 ano da equipe 004 da UBS Mãe Laurinda, no município de Manicoré/AM, a egressa do curso de Gestão em Saúde começou contando como a diversidade do seu território torna a gestão um desafio. O município, localizado no sul do estado do Amazonas, a 333 km de Manaus, tem 42 mil quilômetros quadrados de área e é cortado por uma hidrovia. Como fonoaudióloga na Atenção Básica, Zuleika contou que se deparava com muitas crianças com atrasos de fala e outros problemas, mas não encontrava bons registros sobre a primeira infância delas nas cadernetas das crianças ou outros documentos dos serviços. A intervenção que Zuleika produziu teve como objetivo melhorar o acompanhamento do desenvolvimento infantil das crianças menores de um ano em uma das 10 Unidades Básica de Saúde (UBS), atingindo a meta de acompanhamento de 90% das crianças. Ela contou como foram realizadas buscas ativas e ações de educação em saúde para gestantes/mães. Com a implementação de um plano de ação, foi possível melhorar o acesso e a qualidade da assistência voltada às crianças, melhorandos os indicadores de saúde, aumentando o comparecimento às consultas de puericultura e a cobertura vacinal. “O município saiu da posição 49 para o nono lugar durante o curso e alcança atualmente a segunda posição em indicadores de saúde da criança”, comemorou ela, que contou ter pensado em desistir do curso quando os encontros presenciais que estavam previstos foram cancelados, devido a pandemia de covid-19. O relato de Zuleika também mostrou o quanto a aluna egressa precisou transpor desafios na sua trajetória pessoal: ela contraiu covid-19 e esteve internada em uma UTI durante a gravidez da segunda filha, que nasceu de sete meses e atualmente tem dois anos.  Um lado bem mais triste da maternidade esteve presente nos relatos de Evelyn Vieira Rios Sona, profissional que atua como referência técnica no apoio ao fortalecimento de comitês de mortalidade do estado e da capital do Mato Grosso do Sul (MS). Evelyn é egressa do curso de Vigilância ao Óbito Materno-Infantil (VOMIF), da ENSP.  O curso, nas palavras dela, "contextualiza os diferentes cenários da ocorrência da mortalidade materna e infantil, evidenciado como um problema de saúde pública, com apresentação de políticas públicas e estratégias que contribuem para a redução desses óbitos".  Evelyn confessou que gostaria de ter feito o curso em um momento mais precoce da sua carreira. “Depois de participar do curso, a gente é um profissional com outro olhar”, resumiu. Seu projeto possibilitou ampliar a compreensão sobre a vigilância do óbito, e fortalecer os comitês de prevenção no âmbito hospitalar, municipal ou estadual. Segundo ela,  a investigação e análise do óbitos maternos, infantis e fetais são uma importante estratégia de redução de mortalidade, além de dar visibilidade às elevadas taxas de mortalidade e possibilitar adoção de medidas para prevenção dos óbitos evitáveis pelos serviços de saúde. “Tenho certeza de que me tornei um apoio mais efetivo tanto para o estado como para o município na estruturação e implantação dos comitês”, disse ela, reforçando a necessidade de que esse curso seja “capilarizado, alcançando mais profissionais da ponta”. Marta Helena Berzati Fert, do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), de Porto Alegre/RS, contou como, há anos, as parcerias com a Fiocruz produzem impactos positivos nas 4 unidades hospitalares do grupo. Ela mencionou, por exemplo, o Programa de Educação Permanente e Educação para o SUS do GHC, parceria com o EAD Fiocruz, que nos anos de 2008 e 2009, levou o Grupo Hospitalar a desenvolver um plano de investimentos, utilizando a experiência com os orçamentos participativos da capital gaúcha. O Plano de Investimentos do GHC, em 2010, como lembrou Marta, envolveu cerca de 8.500 participantes, entre trabalhadores e representantes de usuários, elegendo 220 delegados que passaram por cursos de Gestão de Projetos de Investimento em Saúde.  Com a apresentação de outra ação, o Projeto de Intervenção para a UTI Adulto do Grupo Hospitalar Conceição (RS), Marta mostrou as melhorias conquistadas para o hospital, mas contou que, no presente, atuando novamente na ponta, como enfermeira, observa que ainda há muito para ser feito. “Estamos lutando para ter novamente a participação dos usuários nas nossas decisões. Estar na Fiocruz nos mostra o quanto é importante esse trabalho e acho que devemos pensar em novas parcerias”, sugeriu.  Já Mariana Leal Briani Giorgi, no relato sobre o projeto Violência contra a criança e o adolescente: a problemática da notificação, contou sobre sua atuação na área da Infância e Adolescente no município de Caraguatatuba/SP há 13 anos, 5 deles na secretaria municipal de Saúde. O município dispõe da Unidade Protege, um serviço de média complexidade que atua na proteção de crianças e adolescentes vítimas de violência, oferecendo psicoterapia e tratamento médico. “O princípio é o de não revitimizar” , resumiu Mariana. Ela observava que  os profissionais da equipe interdisciplinar desta unidade vivenciavam “uma angústia em relação a como lidar com essas crianças e adolescentes’. A busca por soluções para essa questão levou à procura de cursos na temática.  Como desdobramento do curso, a Unidade Protege produziu um material com objetivo da maior sensibilização dos profissionais da rede de saúde municipal para a questão da violência contra a criança e o  adolescente. “Não foi um curso que eu fiz sozinha, eu levava as trocas, os materiais e as discussão para os outros profissionais", contou ela, que agradeceu o apoio da professora Fátima Cecchetto. “O material ajudou a reduzir as hesitações e incertezas no preenchimento das fichas de notificação de violências", observou. Após o curso, Mariana elaborou um projeto de mestrado em que busca desenvolver conteúdos para uma cartilha para profissionais de saúde que trabalham com crianças e adolescentes naquele município, para que eles possam identificar sinais de violência.  Marly Marques da Cruz, durante os comentários finais da mesa, observou que os relatos chamaram a atenção pela diversidade das propostas pedagógicas e metodológicas e deram uma amostra da integração dos conteúdos dos cursos nas carreiras dos profissionais. A emoção e o orgulho deu o tom também na fala da ex-coordenadora da EAD na ENSP, Lúcia Dupret, na plateia. “Fazemos cursos para que as pessoas promovam a transformação dos processos. Esse evento amplia a escuta e promove ressignificações”. (E.B.)


O evento ficou gravado no canal do Youtube da CEAD/ENSP



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