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CSHS 2023: Atividade inédita expõe dilemas da saúde da população em situação de rua

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Publicado em:07/11/2023
Pela primeira vez, um evento de dimensão nacional como o CSHS 2023 deu voz à invisibilidade, ao preconceito e às implicações do racismo na saúde das populações em situações de rua. Na comunicação oral intitulada “Tornar-se mulheres e mães em contextos de situação de rua: quais os reais dilemas?”, discussões importantes acerca da importância da garantia de direitos de mulheres e crianças no contexto de rua e da necessidade de cobrança de ações intersetoriais e da construção de políticas públicas direcionadas à saúde dessa população foram debatidas entre estudantes, pesquisadores, representantes dos movimentos sociais e trabalhadores de saúde.

A atividade foi coordenada pelo pós-doutorando da ENSP, Gilney Costa, e teve participação da aluna do Mestrado Profissional em Atenção Primária à Saúde da ENSP Alisia da Cruz Santos Lopes e do doutorando do programa de Saúde Pública Avner Shimon Goldblum.

“É a primeira vez que o tema da população em situação de rua é tem destaque em um congresso da envergadura como este da Abrasco. É importante pautarmos o que estamos construindo nacionalmente como práticas para pessoas em situação de rua, além de discutirmos o racismo como chave explicativa do "ir para as ruas" e da necessidade da articulação de uma rede de cuidados que extrapolem o campo da saúde alcançando o judiciário, o sistema de justiça e a assistência social”, reforçou o coordenador do evento.

Desafios para a maternagem de mulheres em situação de rua” foi o título da apresentação da discente da ENSP Alisia Lopes. Nela, a mestranda propôs uma reflexão sobre a proteção à maternidade como direito da mulher, levando em conta a garantia dos direitos da criança e do adolescente dentro das perspectivas que permeiam o cenário das mulheres em situação de rua, correlacionando o direito à convivência familiar e comunitária tanto da criança como também da mãe.

Na sequência, na apresentação intitulada “Mapeamento da rede intersetorial para o cuidado em saúde à mulheres em situação de rua no bairro de campo grande, no município do Rio de Janeiro”, Avner Goldblum afirmou que as mulheres em situação de rua vivem relações vulnerabilizadoras muito particulares que só elas enquanto mulheres apresentam, destacando a gestação e a maternidade nas ruas e a violência doméstica e suas diversas formas de expressão. “Diante da complexidade que é o cuidado para o enfrentamento dessas expressões sociais com seus múltiplos determinantes sociais, o setor saúde não pode ofertar práticas fragmentadas e isoladas, sendo preciso produzir um cuidado articulado em rede, de modo intra e intersetorial, partindo inicialmente do mapeamento da rede intersetorial local”, concluiu.


Rafael Machado da Silva, que atualmente está na Coordenação Nacional do Movimento da População de Rua, afirmou que trazer essa pauta para o congresso da Abrasco pela primeira vez é extremamente significante para o movimento. "É uma forma de contribuirmos para a formação acadêmica de alunos, de profissionais e de muitos serviços públicos de saúde. É um momento histórico para nós! Agradeço a Abrasco pela oportunidade de trazermos a população em situação de rua e o movimento para, juntos, dialogarmos sobre cuidado e a atenção. Seguiremos jutos e unidos em busca de dias melhores".

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