Programa de Aceleração e Inovação na Gestão realiza aula inaugural com palestra sobre interface entre democracia e inovação

O Programa de Aceleração e Inovação na Gestão, do Laboratório de Inovação em Gestão Pública (Pólen/ ENSP), promoveu sua aula inaugural no dia 4 de agosto, no auditório Napa, em Bio-Manguinhos. No encontro foi realizada uma apresentação sobre o programa e a Pesquisa sobre Inovação, além da palestra Interfaces entre democracia e inovação na gestão pública: uma breve reflexão sobre direito à saúde.
O Programa de Aceleração e Inovação na Gestão tem o objetivo de selecionar propostas de projetos que apoiem ideias inovadoras em gestão em todas as áreas de atuação da ENSP, visando estimular a criatividade, assim como a originalidade científica e tecnológica, e fomentando o desenvolvimento de novas soluções para favorecer a inovação na gestão em saúde e promover o desenvolvimento das competências dispostas na Política de Desenvolvimento Institucional. O programa está associado a um objetivo estratégico existente no Planejamento Participativo da ENSP.
Foram selecionadas dez equipes e projetos. Cada uma delas vai desenvolver um projeto que será fomentado. No dia 9 de agosto, as equipes participarão de oficinas para aprofundar o desenho de seus projetos que, em seguida, serão executados e acompanhados.
Presente à abertura da aula inaugural, o diretor da ENSP, Marco Menezes, salientou que é muito importante discutir o processo de inovação na Fiocruz. Ele ressaltou que o Programa de Aceleração e Inovação na Gestão é fruto de um processo coletivo e participativo, assim como outras iniciativas da Fiocruz no campo, como o Inova. Menezes comentou ainda que o Congresso Interno da Fiocruz apontou que questões relacionadas à inovação são fundamentais e precisam estar inseridas em um processo integrado na Fiocruz: “Esse programa é um excelente exemplo de como podemos trabalhar os processos colaborativos e participativos na nossa gestão democrática e participativa, olhando para a instituição como um todo. É também um exemplo de como podemos olhar a pesquisa, o ensino e a gestão de forma integrada. O resultado dessa primeira seleção mostra como esse lugar é potente e formulador de conhecimento. Esse processo fortalece nossos processos de governança e participação coletiva, o PIP (Planejamento Institucional Participativo)”, afirmou.
Coordenadora do Pólen, Ana Carneiro destacou a importância dos laboratórios de inovação e ressaltou que eles podem ocupar o espaço de pensar tecnologias e projetos para quem está na rotina do dia-a-dia da gestão e sempre trabalhando em colaboração. “Na seleção, recebemos muitos projetos. Entendemos que alguns são mais amadurecidos e outros têm uma ótima ideia, que pode gerar um bom projeto. E entendemos que, no futuro, podemos entrar com mais força nos editais do Inova, pois teremos projetos mais consistentes. É também uma estratégia para nos fortalecermos e nos inserirmos mais em outras instâncias e também na própria ENSP, através do Inova”, adiantou.
Em seguida, o coordenador de Desenvolvimento Institucional da ENSP, Carlos Augusto Reis, destacou que o Programa de Aceleração e Inovação na Gestão nasceu de um objetivo estratégico que consta no planejamento estratégico da Escola (PIP). Ele acredita que, para fomentar a área de Inovação, é preciso trazer pessoas de outros campos, como da área de Avaliação, e ter um ambiente propício, no qual seja afastado o medo do erro. “Para a inovação, é necessário o apoio, que tivemos da Direção. Isso é fundamental, inovador e histórico na ENSP”, declarou.

Após a apresentação do Programa de Aceleração e Inovação na Gestão, realizada por Ana Carneiro, o colaborador do Pólen, Márcio Feitosa, falou sobre a Escala Comportamental de Inovação, desenhada pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e utilizada como ferramenta para o diagnóstico e avaliação de mudanças de modelos mentais, por meio de medidas de comportamento. Na ocasião foi realizada a primeira etapa da escala.
Em seguida, os pesquisadores do Pólen, José Eduardo Pereira e Marcelly Gomes, apresentaram seu artigo Interfaces entre democracia e inovação na gestão pública: uma breve reflexão sobre direito à saúde. A ideia do estudo, segundo Marcelly, é pensar como essas propostas de inovação na gestão pública podem e devem estar em favor de uma sociedade democrática, sobretudo quando se pensa no direito à saúde da população.
Marcelly centrou sua fala na questão da democracia e saúde e chamou a atenção para a inovação inaugurada pelo SUS na sociedade brasileira, com o entendimento de que saúde é direito de todos e dever do Estado, sendo esse um importante passo para a constituição da democracia no Brasil. Com a situação histórica de subfinanciamento, desafios administrativos,
organizacionais e fragmentação do modelo de atenção à saúde, torna-se cada vez mais necessário recorrer à busca pela inovação para a melhoria da qualidade do cuidado em saúde para as populações. “Apesar desses desafios do SUS, há uma oportunidade cada vez maior de inovar na saúde. O entendimento de saúde como direito de todos é uma importante inovação, que potencializa a própria concepção do SUS e seu potencial de desenvolvimento social, científico e tecnológico, suas estruturas e mecanismos para suscitar esses processos inovadores”, destacou.

Ao mesmo tempo, conforme afirmou Marcelly, é importante pensar e compreender essas inovações nas práticas de gestão em saúde, pois elas envolvem uma vasta transformação de estruturas organizacionais, culturais e, sobretudo, a participação dos sujeitos sociais: “O Programa de Aceleração e Inovação na Gestão envolve profissionais de saúde, gestores e pessoas que atuam no governo, sendo fundamental para a mudança de estruturas e, principalmente, para uma nova cultura de inovação. A criação de processos e de um ambiente favorável para essa cultura é fundamental. O programa se encaixa nesse sentido de colaborar para uma cultura de inovação na gestão”.
Em seguida, Pereira falou sobre as perspectivas sobre inovação, abordando a inovação na gestão pública e, propriamente, os laboratórios de inovação. Ele destacou que pensar em inovação é justamente ir em busca de pessoas. Os selecionados pelo programa, segundo ele, serão agentes inovadores e implementadores, que vão capilarizar o conjunto de valores que
serão discutidos no curso. Para o pesquisador, os laboratórios de inovação são um espaço social favorável à criação de um ambiente com uma cultura inovadora, sendo a democracia uma categoria fundamental para entendermos e refletirmos se temos um credo igualitário que consta na Constituição, com o princípio de que a saúde é direito de todos e dever do Estado. “Será que temos isso como algo que nos orienta nas nossas ações, visões de mundo e atividades profissionais? Esse é o nosso desafio”, concluiu.

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