9º CSHS recebe trabalhos científicos até 3/7; confira os coletivos temáticos
Por Barbara Souza
O 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Abrasco, que será entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro em Recife (PE), prorrogou as inscrições e vai receber trabalhos até o dia 3 de julho. Os autores interessados devem escolher um dos 35 Coletivos Temáticos e enviar um resumo expandido. É possível submeter trabalhos em três diferentes modalidades: Relato de Pesquisa, Relato de Experiência e Outras Linguagens, sendo esta última específica e exclusiva para o CT Ampliando Linguagens. Clique aqui e saiba como se inscrever. Os Coletivos Temáticos têm o objetivo de ser um espaço de aprofundamento da reflexão crítica, dialógica, processual e compartilhada do seu tema central. Alguns CTs estão sob coordenação de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). Conheça os principais objetivos de cada um deles abaixo. Para saber mais sobre todos os CTs, acesse o site do congresso aqui.
O CT 6, ‘Decolonialidade, branquitude e ações Afirmativas: (re)produção dos racismos e sua interlocução com a saúde coletiva’ tem entre os coordenadores a pesquisadora do Daps/ENSP Roberta Gondim. Esse coletivo tem como proposta contribuir para a compreensão do branco como identidade racial produtora do racismo e da branquitude como sistema que se organiza na manutenção dos privilégios materiais e simbólicos em uma sociedade hierarquizada racialmente. O CT 6 também busca incentivar o debate sobre a construção sócio-histórica da estrutura social expressa em relações de poder e propor estratégias que promovam o enfrentamento das dinâmicas e reproduções dos dispositivos de poder da branquitude, fomente a virada decolonial e a implementação de ações afirmativas no campo da Saúde.
Já o CT 12, ‘Epistemologias da Saúde desde o Sul: virada decolonial, pesquisa participativa e soberania sanitária da América Latina e Caribe’, conta com a participação da pesquisadora do Daps/ENSP Adelyne Mendes DAPS no grupo ampliado de coordenadores. O objetivo principal é abrir um espaço de intercâmbio e reflexão entre a saúde coletiva brasileira, a educação popular e as epistemologias da Saúde do Sul. A proposta ancora-se no pensamento crítico latino-americano-caribenho sobre a saúde no século XXI, e nos princípios que norteiam a Educação Popular em Saúde convergentes com os princípios da produção de conhecimento e da formação desde uma perspectiva decolonial. Nas últimas décadas, a região da América Latina e Caribe vem construindo as Epistemologias da Saúde do Sul cujo objetivo fundador é promover uma virada descolonial das bases eurocêntricas pan-americanas de nossas teorias, políticas e práticas de reprodução, dependência e colonialidade com o Norte global, tanto da biomedicina clínica ocidental quanto da medicina social atravessada pela geopolítica da "doutrina sanitária pan-americana" e pela "saúde global" pós-moderna.
O CT 18, intitulado ‘Infodemia, Dataficação e Práticas em Saúde’, tem o pesquisador Marcelo Fornazin, do Daps/ENSP, entre os coordenadores. Este coletivo temático propõe uma apreciação crítica das tecnologias de informação e processos de comunicação digital, desdobrando e ampliando debates realizados em eventos anteriores da Abrasco. O CT parte do princípio de que direito à comunicação e à informação é fundamental para garantir o direito à saúde e defende que comunicação e informação são estruturantes para uma promoção da saúde emancipatória e a manutenção da democracia e da participação social. Espera-se que trabalhos, oficinas e mesas redondas possam trazer à tona debates contemporâneos, tais como: os efeitos da produção exagerada de informação, que trazem consigo desafios a serem enfrentados como as estratégias de desinformação, a legitimação de discursos colonizadores, a infodemia e a proliferação de fakenews.
O CT 22, ‘Mídias digitais e movimentos sociais na saúde: perspectivas’, tem o pesquisador André Pereria Neto, do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP), entre os coordenadores. O objetivo deste coletivo temático é divulgar, produzir conhecimento e construir um ambiente de compartilhamento sobre experiências em que os movimentos sociais, pacientes e ativistas da saúde tenham feito ou estejam fazendo uso das mídias digitais para agir politicamente. Ele se justifica por ser um dos novos temas e problemas que a sociedade, regida pelas mídias digitais, nos impõem. Sua contribuição parece fundamental para o entendimento das tendências e desafios a serem enfrentados nos próximos anos pelos movimentos sociais, pacientes e ativistas da saúde e pelo campo das Ciências Sociais e Humanidades em Saúde.
Por fim, o CT 29, intitulado ‘Riscos em saúde, medicalização e repercussões interseccionais: os paradoxos (pós)pandêmicos e o campo da Saúde Coletiva’ conta com a presença de Luis David Castiel, do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde (DEMQS/ENSP), entre os coordenadores. O coletivo busca dialogar com análises que se ocupem de descrever e refletir sobre as repercussões que paradoxos pós-pandêmicos vêm impondo às leituras críticas sobre as práticas sanitárias neste momento pós-pandemia, em sua missão de enfrentamento aos riscos em saúde. Tais paradoxos são atravessados pela intensificação das iniquidades e do racismo em saúde, com mortes e carga de doença mais expressiva entre mulheres, não-brancos e pobres; pelo aprofundamento de discursos negacionistas e, por outro lado, por práticas sanitárias muitas vezes autoritárias e amplificadoras da medicalização da vida; pelo incremento de inovação e circulação de capital no complexo médico-industrial da saúde, que também amplia a medicalização da vida, enquanto a geopolítica sanitária segue reproduzindo injustiças sensíveis a indicadores epidemiológicos e ambientais.
“Neste momento de reconstrução das políticas sociais no Brasil, o Congresso de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Abrasco se apresenta como um espaço relevante para reflexão e formulação de propostas para fortalecer um SUS público e universal. Ficamos contentes com a aprovação dos coletivos temáticos e convidamos as pessoas que tenham pesquisas e experiências nos temas do congresso a submeterem resumos que certamente contribuirão bastante com os múltiplos debates propostos neste CSHS da Abrasco”, afirma Marcelo Fornazin, pesquisador do Daps/ENSP e um dos coordenadores do CT Infodemia, Dataficação e Práticas em Saúde.
O 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Abrasco será no Campus da Universidade Federal de Pernambuco e nos espaços do Instituto Aggeu Magalhães, durante o período de 30 de outubro a 03 de novembro de 2023, sendo as atividades de pré-congresso realizadas nos dias 30 e 31 de outubro. O tema desta edição será "Emancipação e Saúde: decolonialidade, reparação e reconstrução crítica". "Acreditamos que o congresso é esse espaço de produção de um pensamento crítico, complexo e propositivo, mas também de indagações profundas e substantivas, nascidas de produções científicas da nossa área de conhecimento, as ciências sociais e humanas em saúde, que se aliam à diversidade de reflexões e evidências aportadas por saberes populares e epistemologias advindas de povos indígenas, povos negros, povos ciganos, entre outros, ou da experiência de profissionais da saúde e dos próprios usuários do SUS", afirmam os organizadores.
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