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Tecnologias sociais em saúde podem minimizar falta de saneamento no Complexo do Alemão

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Publicado em:14/04/2023
Entre os muitos territórios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro que sofrem constantemente com falta d’água e de serviços de esgoto está o Complexo do Alemão, na Zona Norte da capital. Pesquisa-ação realizada pela Fiocruz em parceria com a ONG local Verdejar SocioAmbiental – parceiros da Rede de Vigilância Popular em Saneamento e Saúde – ouviu moradores de 369 domicílios e identificou que 38% deles recebiam água somente de uma a duas vezes por semana – em plena pandemia. Além disso, 32% relataram que próximos às suas casas correm valas de esgoto, que acabam encontrando a rede de água fluvial.

Instalação do biofiltro. Foto: Divulgação

O levantamento foi realizado entre novembro de 2021 e maio de 2022; e o trabalho envolveu, entre outros aspectos, o mapeamento das nascentes da Serra da Misericórdia, situada no alto do Complexo do Alemão.

Na fase atual do projeto, estão sendo implantadas duas tecnologias sociais, uma voltada para o abastecimento de água e outra para coleta e tratamento de esgoto. A iniciativa é desenvolvida junto com os moradores. Da parte da Fiocruz, estão envolvidos o Observatório do Canal do Cunha, coordenado pela Cooperação Social da Presidência da Fundação, em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio; o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT); e a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), a quem cabe a coordenação. O projeto é fruto de emenda parlamentar do deputado federal Marcelo Freixo, do Psol. 

“As tecnologias escolhidas estão sendo implantadas em escala adequada para o território. Não precisa demolir casas, retirar moradores. Buscamos informação dentro da própria comunidade, junto de quem convive com o problema, para analisar onde havia mais necessidade de intervenção e onde era possível instalar essas tecnologias”, explica Adriana Sotero, pesquisadora em Saúde na Fiocruz e coordenadora do projeto. 

Mutirão para instalação da bacia de evapotranspiração, com moradores do Alemão e representantes da Verdejar e da Fiocruz. Foto: Divulgação

Conheça as tecnologias em implantação

Para minimizar o desabastecimento de água, a opção foi a instalação de um biofiltro, tecnologia preconizada para áreas rurais onde não há saneamento. A água captada vem de uma das nascentes da Serra da Misericórdia, identificada como a mais apropriada tanto pela qualidade como pela disponibilidade hídrica. A água então passa por camadas dentro do biofiltro e depois é coletada em uma cisterna. 

A prioridade é disponibilizar a água para a área dos Mineiros, região do Alemão que mais sofre com o desabastecimento, além de ser de mais difícil acesso. Os moradores participam de todo o processo, incluindo oficina para entenderem a montagem do sistema e poderem fazer as manutenções necessárias. No questionário respondido no Alemão, quase 60% dos participantes disseram que usariam essa água. Há possibilidade ainda de uso em atividades locais de agroecologia já existentes.

A segunda tecnologia em implantação é um sistema de evapotranspiração, que vai contribuir para retirar um pouco do esgoto que segue pelos canais até a Baía de Guanabara. A ferramenta vai coletar os dejetos de casas selecionadas e direcioná-los como nutrientes para plantas como bananeiras. 

“Assim como na fábula do beija-flor que leva água para apagar um incêndio na floresta, estamos fazendo a nossa parte para a despoluição da Baía. Com isso, queremos mostrar ao poder público municipal que pequenas soluções podem funcionar em comunidades, e que a nossa metodologia sirva de exemplo”, acrescenta Adriana. A ideia, inclusive, é replicar o projeto em outras áreas, como no Complexo do Lins e em áreas da Baixada.

O trabalho foi apresentado no 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Acesse aqui o trabalho!


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