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ENSP celebra Dia de Luta promovendo grande debate com a participação de pessoas com deficiência

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Publicado em:29/09/2022

O 21 de setembro é marcado como o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Para exaltar a data, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) promoveu na última quarta-feira (21/9), um grande evento sobre o tema com a participação de pessoas com deficiência e seus familiares. Durante a abertura do evento, o bolsista Pibic da ENSP, Vitor Hugo Miranda, adolescente negro com deficiência visual, destacou a alegria de poder participar da mesa e dividir sua experiência com os presentes. Sendo o primeiro bolsista com deficiência na Escola, o aluno ressaltou que deficiência não define uma pessoa, pelo contrário, ela é apenas um dos fatores que compõem aquele ser humano. 


“É lamentável que o mundo não tenha sido criado e pensado para pessoas com deficiência. Vivemos nos adaptando a cada dia a essa sociedade e buscando mais e melhores oportunidades. Ainda assim, é triste pensar que em uma seleção de emprego, por exemplo, minha deficiência seja motivo de exclusão. Mesmo tendo um excelente currículo, minha deficiência será vista como motivo de incapacidade. Por isso, nosso objetivo é desconstruir esse tipo de pensamento e mostrar que somos capazes de tudo. A deficiência não precisa ser entendida como um defeito, mas sim como diversidade. Nossa maior dificuldade é lidar com a imagem que as pessoas constroem de nós. Vivemos tentando desconstruir esse pensamento para mostrar que somos capazes e podemos ocupar todos os espaços que quisermos”, enfatizou. 

A cerimônia de abertura do evento contou também, com a participação da Gestora do Grupo Especiais da Maré, Antonia Maria Souza Pirangi, mulher com deficiência física; do Diretor da ENSP/Fiocruz, Marco Menezes; da Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD-Rio), Helena Werneck; e da representante do Conselho Gestor do Comitê Fiocruz pela Inclusão e Acessibilidade da Pessoa com Deficiência, Sonia Gertner. Na ocasião, Antonia Pirangi reforçou a importância da acessibilidade e de uma saúde de qualidade para todos, destacando as mulheres com deficiência. “Precisamos derrubar barreiras de acesso para termos autonomia pois somos capazes de ocupar qualquer lugar. Não somos coitadas. Nosso país, de maneira geral, precisa melhorar a estrutura dos lugares: hospitais, instituições, universidades e outros. Precisamos de acessibilidade - que já é garantida legalmente, mas não na prática – para ocupar todos os espaços que nos são de direito”.

O diretor da ENSP falou sobre a importância da realização do evento no contexto atual do país - às vésperas das eleições gerais - momento para pensar e refletir sobre como estamos vivendo e o que queremos mudar no país. “A organização e a amplitude desse evento são muito importantes no contexto atual e no âmbito do aniversário da Escola, quando discutimos e refletimos sobre que país queremos, e que SUS queremos. Esse evento ressalta muitos pontos que estão sendo discutidos na Escola e na Fiocruz, que estão postos numa carta enviada a todos os candidatos (as) à presidência da república. 


Destacamos, por exemplo, a defesa do SUS, mas a defesa de um Sistema Único mais inclusivo e diverso. Esse evento como um todo, desde a forma como ele foi organizado, nos desafia a encontrar caminhos para que de fato essa mudança exista. É um compromisso da ENSP (marcado no Programa Vivo, programa de gestão da Escola para os próximos quatro anos) reforçado no Planejamento Institucional Participativo, ações institucionais para ampliar a inclusão, a acessibilidade, e a diversidade. As pessoas com deficiência traçam seus caminhos, precisamos estar junto com elas para alcançarmos aquilo que precisamos e desejamos. Esse evento é uma grande oportunidade para termos esse diálogo tão importante para todos”, refletiu Menezes.

A Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD-Rio), Helena Werneck, pontuou com a alegria a importância da diversidade na mesa de abertura do evento. A transversalidade nas ações da SMPD-Rio foram destacadas pela secretária como de extrema importância, pois as pessoas com deficiência transitam em diversas áreas e em todos os seguimentos. “Parabenizo todos os envolvidos na realização desse evento, um trabalho transversal e colaborativo. É nisso que acreditamos e buscamos para alcançarmos a acessibilidade para todos”. 

Ensino e diversidade funcional; bem-estar e saúde no território; e pobreza e seus efeitos


Três grandes eixos temáticos nortearam os debates: ensino e diversidade funcional; o bem estar da pessoa com deficiência no território de Manguinhos; e a pobreza e seus efeitos. Na ocasião foi lançada a Cartilha de Direitos e de Saúde Sexual da Pessoa com Deficiência e foram exibidos vídeos com relatos de vivências de pessoas com deficiência e de pessoas que atuam na emancipação delas. Além disso, foi realizada uma apresentação da parceria entre a ENSP e o IFF, através da Rede Banco de Leite Humano, para a promoção do aleitamento materno inclusivo. Durante todo o evento os equipamentos do Laboratório de Acessibilidade da Coordenação de Educação à Distância da Escola estiveram disponíveis para conhecimento e uso do público presente.

A discussão do primeiro eixo temático Ensino, diversidade funcional e tecnologias assistivas: aprendizado e porvir contou com a participação de Matheus Oliveira, estudante de medicina na UFRJ, homem surdo; Tatiane Nunes, representante da equipe de tecnologias educacionais da CDEAD/ENSP; Fabiana Barreto, psicóloga, mulher com deficiência visual; e Flávia Cortinovis, assessora da SMPD-Rio, familiar de pessoa com deficiência intelectual. A mediação ficou a cargo do coordenador do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural (Dihs/ENSP), Marcos Besserman. 



Os participantes destacaram a importância da eliminação de barreiras em todos os espaços. O estudante de medicina Matheus Oliveira, homem surdo, falou sobre sua luta para ter acesso a educação, destacando que a comunicação sempre foi sua maior dificuldade. “Somente quando me tornei um surdo oralizado comecei a conseguir ocupar os locais que eu queria. Quando eu descobri a acessibilidade e aprendi sobre muitas coisas eu passei a lutar por essa causa e por toda a comunidade incluída nela”.

O segundo eixo temático em debate teve como título Manguinhos: saúde e bem-estar da pessoa com deficiência. A mesa foi mediada pela pesquisadora do Daps/ENSP; mãe de dois adultos com deficiência intelectual, Maria Helena Mendonça, e contou com a participação de Antonia Maria Souza Pirangi, gestora do Grupo Especiais da Maré; mulher com deficiência física; Marcelly Olinto, membro do Grupo Especiais da Maré, mãe de adolescente com paralisia cerebral; Fátima Rocha, Vice-Diretora de Atenção à Saúde e Laboratórios de Saúde Pública da ENSP; Iris Lordello, chefe do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria; e Roberta Argento Goldstein, coordenadora da Rede PMA-APS, da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz. 

Na mesa, Maria Helena Mendonça ressaltou que o bem-estar de uma pessoa com deficiência vai muito além da questão física. Ela reforçou que pensar no bem-estar de uma pessoa com deficiência envolve pensar em toda a família. Na ocasião foi citado também o foco na população de Manguinhos, por meio da articulação institucional da ENSP e da Fiocruz com o território de Manguinhos. 

O terceiro e último eixo temático debateu A precarização socioeconômica e seus efeitos díspares: O que nos cabe fazer? com mediação de Cinthya Freitas, presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comdef-Rio); mulher com deficiência visual. A mesa contou com a participação de Cláudia Araújo, membro da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB; Norma Souza, fundadora do Projeto Marias, neuropsicopedagoga, mãe de pessoa com deficiência; Fernanda Honorato, primeira repórter com síndrome de Down do Brasil; e Luciana Novaes, ex-vereadora do Município do Rio de Janeiro. 


O debate versou sobre o aprofundamento das desigualdades e a relação da deficiência com a falta de acesso e a vida financeira. A presidente do Comdef-Rio, Cinthya Freitas, destacou a importância da ENSP ser uma casa que acolhe e inclui pessoas com deficiência de forma muito especial. No âmbito das políticas públicas, Norma Souza, fundadora do Projeto Marias, enfatizou que não são necessárias mais políticas ou novas políticas, mas sim políticas que contemplem de fato pessoas com deficiência e suas famílias. 

Confira, abaixo, o evento na íntegra. 



Confira, ao final da matéria, a galeria de fotos do evento. 



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