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Resistência e saúde como direito marcam aula inaugural do curso de especialização em Saúde Pública

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Publicado em:09/08/2022
Por Danielle Monteiro

Resistência e saúde como direito deram o tom da aula inaugural do curso de especialização em Saúde Pública da ENSP, realizada nesta segunda-feira (8/08). Com o tema Formação e prática cotidiana dos sanitaristas: desafios e perspectivas no contexto atual, a atividade, ministrada pela professora Tatiana Wargas, deu as boas-vindas aos novos alunos, indo encontro do que é o principal objetivo do tradicional curso da Escola: formar sanitaristas implicados com a situação de saúde e com as condições de vida da população, desde a metade do século 20. 

Durante a abertura do encontro, a coordenadora da atividade Lenir Nascimento associou a aula inaugural ao conceito de reocupação, a partir de duas perspectivas: o poder de sentir a potência que tem o afeto humano e resistir à diversas dificuldades, como a falta de financiamento. “Reocupar, para nós, é uma posição política que o sanitarista precisa exercer”, destacou.

Em seguida, o diretor da ENSP Marco Menezes disse que o encontro tem sua importância por ser um momento de acolhimento e, sobretudo, de vitória da ciência. Ele relembrou os objetivos do curso de especialização em Saúde Pública, que é promover um olhar crítico, reflexivo e abrangente sobre a situação de saúde e o contexto político-social, comprometido com a defesa do direito universal à saúde e do sistema público, e também chamou a atenção para o quanto é difícil estar nesse contexto atualmente. “Hoje, para nós, defender a saúde, a democracia e a saúde como um direito é um grande desafio.  “A pandemia revelou e trouxe mais dificuldades e, ainda, alertou para a importância do SUS e do papel do sanitarista. Os Determinantes Socioambientais são um grande desafio para nós”, afirmou.

A vice-diretora de Ensino da ENSP Enirtes Caetano elogiou e fez uma breve homenagem ao trabalho da professora Tatiana Wargas. Ela também destacou que o encontro é um rito dos sanitaristas e uma sobrevivência a dificuldades impostas pela pandemia no campo do Ensino. “Conseguimos fazer um processo seletivo online e reinventar trajetórias sempre que necessário. O novo sanitarista tem um pé nas tradições e também um olhar para o futuro, trabalhando em consonância com diversas outras áreas. E o curso de especialização em Saúde Pública da ENSP tem essa potência”, disse.

O coordenador geral do Lato Sensu e Qualificação Profissional da ENSP Gideon Borges ressaltou a atuação da Escola no campo da Saúde Pública e seu quadro de alta qualidade, citando, como exemplo, o trabalho da professora Tatiana Wargas. “O curso de especialização em Saúde Pública é um dos mais queridos da Escola. Ele é importante porque é um dos poucos que concede título (de sanitarista). Além disso, ele envolve professores de vários níveis e carrega o nome da Escola”, ressaltou.

Em seguida, ao falar sobre o curso, a professora Tatiana Wargas comentou que existem dores e delícias em ser sanitarista. “Não é fácil ser sanitarista, pois nos deparamos com as dificuldades daquele local que visitamos. É uma escolha de vida. Mas existe também a delícia, que tem a ver com sonhar com outro mundo e construir novas formas de vida. Esse não é o mesmo curso do passado, pois mudaram os desafios em ser sanitarista”, disse. 

A professora iniciou a aula inaugural abordando a trajetória histórica do sanitarista em cinco momentos, começando pela atuação do profissional quando ele ainda exercia o papel de polícia sanitária em uma cidade em transição, passando pelo momento em que o sanitarista participava de expedições ao interior para entender as necessidades do país e pela fase em que ele atuava em um contexto onde se propagava o conceito de projeto desenvolvimentista e a difusão da ideia de rompimento do ciclo vicioso entre pobreza e doença até, por fim, chegar ao momento em que o profissional está em um contexto mais atual, onde surge o debate em torno da saúde como direito.

Por fim, Tatiana trouxe uma reflexão sobre o que, segundo ela, são os maiores atuais desafios do sanitarista: reconhecer os diferentes processos de vulnerabilização que afetam os grupos sociais por gênero, raça/etnia/cor, deficiências, classe e/ou geração e traçar estratégias políticas abrangentes e articuladas de enfrentamento das injustiças históricas e sociais.

Curso de especialização em Saúde Pública

O curso de especialização em Saúde Pública contribui para a formação de quadros especialistas em saúde pública e representa importante espaço para a formação dos profissionais envolvidos na organização do sistema de saúde e do processo de trabalho em saúde, bem como na redefinição das práticas de saúde.

A atividade acompanha a trajetória da política de saúde brasileira desde os anos 1970 e se atualiza mediante as necessidades de formação que se apresentam em cada conjuntura, em especial frente às mudanças ocorridas no quadro social e sanitário, bem como na organização dos sistemas e serviços de saúde.

Além de possibilitar o acesso a conhecimento atualizado sobre os conteúdos abordados, o curso busca uma integração entre teoria e prática, partindo-se do princípio de que o educando é um profissional provido de saberes e de vivências. Sendo sujeitos ativos na produção do conhecimento, o curso busca também propiciar aos educandos um ambiente de aprendizagem em que eles também aprendam entre si.



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