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Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha: O que é ser mulher negra no Brasil?

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Publicado em:25/07/2022
Por Danielle Monteiro

O que é ser mulher negra no Brasil? Nesta segunda-feira (25/07), quando se comemoram os 30 anos de reconhecimento do Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e integrante do GT da Abrasco – Racismo e Saúde, Márcia Alves, respondeu à pergunta. Confira aqui.

Racismo, luta e resistência 

Os obstáculos enfrentados diariamente pelas mulheres negras no Brasil são um reflexo da construção de uma camada social moldada pelo racismo e a questão de gênero. A mulher negra é a base da pirâmide social, sendo alvo de preconceitos, discriminações e, até mesmo, de violência.

O Atlas da Violência, publicado em 2021 pelo Ipea, já sinalizava a situação da mulher negra dentro da conjuntura da violência no Brasil. A pesquisa revelou que o total de mulheres negras vítimas de homicídios subiu de 2.419 mil, em 2009, para 2.468 mil, em 2019. Já o número de mulheres não negras mortas caiu de 1.636 mil, em 2009, para 1.196 mil, em 2019. O risco de uma mulher negra ser vítima de homicídio em 2019 foi 1,7 vezes maior do que o de uma mulher não negra. 

Quando o assunto é violência sexual, as mulheres negras também são as principais vítimas. Segundo dados do Fórum Nacional da Segurança Pública sobre violência no Brasil, apresentados em junho desse ano, o país tem sete estupros por hora, sendo que 52,2% das vítimas são mulheres negras. 

Também em junho desse ano, uma pesquisa realizada pelo movimento Potências Negras revelou que 62% das mulheres negras entrevistadas sofreram discriminação, mais de uma vez, em processos seletivos para vagas de emprego. O estudo também mostrou que 89% das entrevistadas já tiveram alguma dificuldade no mercado de trabalho, em decorrência, principalmente, de falta de vagas (28%) e preconceito (21%).


Sobre o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha

Tudo começou em 25 de julho de 1992, quando aconteceu o 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, em Santo Domingo, República Dominicana. A ideia era unir mulheres negras de todo o mundo na luta contra o racismo e machismo enfrentados por elas. Desde então, a data foi reconhecida pela ONU como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

No Brasil, o dia foi ‘legalizado’ em 2014, com a promulgação da Lei 12.987/2014. Em 25 de julho também é celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Durante 20 anos, a líder do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, protagonizou a resistência contra a política escravista vigente e liderou as atividades econômicas e políticas do quilombo. Assim, a líder negra, também conhecida como Rainha Tereza, se tornou figura central da data comemorativa, que tem como objetivo dar visibilidade ao papel da mulher negra na história nacional.


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