Busca do site
menu

Seminário Internacional de Amianto tem a participação de pesquisadores da ENSP

ícone facebook
Publicado em:11/05/2022
Na última semana a cidade de São Paulo sediou o 3º Seminário Internacional do Amianto:  uma abordagem de vigilância em saúde, cuja discussão se pautou na histórica decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a proibição do amianto em todo o território nacional em novembro de 2017, bem como a necessidade de se estabelecer procedimentos e fluxos para o atendimento das vítimas do amianto de maneira clara, objetiva e organizada dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), que ainda não possui critérios uniformes em todo o país, tanto para o diagnóstico, como também no que diz respeito aos encaminhamentos para tratamento e registro das doenças relacionadas ao amianto (DRA) nas bases de dados do DATASUS.

Os pesquisadores do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP) Hermano Castro, Patricia Canto e Vanda D’Acri estiveram presentes ao seminário junto com a pesquisadora colaboradora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Maria Juliana Moura Corrêa.  
O primeiro dia de atividades foi marcado pela homenagem póstuma à dra. Margarida Maria Silveira Barreto, médica e pesquisadora pioneira nos estudos que identificaram e conceituaram o assédio moral no trabalho. A homenagem foi permeada por muita emoção e reconhecimento da atuação da pesquisadora. Logo após, houve o testemunho dos familiares vítimas do Mesotelioma - um câncer do mesotélio, membrana que cobre e reveste o interior das paredes torácica e abdominal causado pela exposição ao asbesto/amianto. 

Vigilância participativa x Vigilância popular

Em seguida, foi iniciada a mesa Vigilância participativa x Vigilância popular, dividida em duas etapas. Seu objetivo foi reconhecer os trabalhos realizados no território e a importância da participação desses trabalhadores e trabalhadoras nesse processo de vigilância. A mesa foi coordenada pela procuradora regional do Ministério Público do Trabalho, Marcia Cristina Kamei Lopez Aliga. 

A pesquisadora colaboradora da Fiocruz Maria Juliana Moura Correa, uma das convidadas da mesa, abordou a experiência do Estudo de Coorte sobre Morbimortabilidade em ex-empregados de fábrica de fibrocimento no Rio Grande do Sul. Em sua fala, ela destacou a insuficiência de dados e diagnósticos para realizar tais pesquisas. “Apesar de haver estudos nacionais, eles ainda são insuficientes diante da nossa realidade de ausência de dados, ausência de diagnóstico e de uma série de questões que envolvem o sistema de informação”, salientou a pesquisadora, ressaltando que, mesmo com defasagem, os estudos são relevantes para o avanço das lacunas. 

A pesquisadora falou um pouco sobre o estudo que traz a proposta de estimar a magnitude da exposição ocupacional, as enfermidades e o coeficiente de mortalidade por causas específicas em trabalhadores expostos ao amianto em fábrica de fibrocimento em Sapucaia do Sul. A parceria com a ENSP foi iniciada no ano de 2018 por meio de um Termo de Comprometimento entre o Ministério Público do Trabalho da 4°Região e a Escola, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, que possibilitou a realização do estudo. 

Na mesma mesa, a pesquisadora Vanda D’Acri falou sobre o trabalho da Abrea do Rio de Janeiro junto das trabalhadoras e trabalhadores da indústria têxtil de amianto e de cimento/amianto no Rio de Janeiro.  Ela salientou o trabalho da Abrea do Rio ao lado desses trabalhadores, como educação e orientação, além da formação, por meio de cursos e seminários, para entenderem sua realidade social. Todos os trabalhadores e trabalhadoras diagnosticadas, como explicou a pesquisadora, foram encaminhados para tratamento no Cesteh. Segundo a pesquisadora, as ações educativas articuladas na área de saúde, vigilância do trabalho e ambiente precisam ser resolvidas; além disso, ressaltou a necessidade de refletir sobre o descarte do amianto no meio ambiente. 



Como são organizadas a condução da atenção à saúde e linhas de cuidado e a participação social de trabalhadores e trabalhadoras das vítimas do amianto

A organização da atenção dos profissionais de saúde e a organização aos trabalhadores que foram expostos ao asbesto foi o objetivo da mesa que abriu as atividades no segundo dia do seminário. 

A pesquisadora do Cesteh Patrícia Canto explicou sobre a linha de cuidados realizados nos atendimentos do Cesteh para esses trabalhadores expostos ao amianto. De acordo com Patrícia, a assistência é “centrada na pessoa, prevê um contínuo assistencial e a complexa trama de atos, procedimentos de fluxos, rotinas e disputas”. Mas, para isso, a pesquisadora salientou que é necessário o diálogo com outras assistências. “Dependemos do diálogo com as assistências de saúde para a realização de exames nos pacientes, que, às vezes, é um problema para o fluxo continuo do tratamento. A necessidade da integração com a atenção primaria é o que liga para o funcionamento do trabalho”, ressaltou ela, já que o Cesteh não tem disponível um local para a realização de exames específicos. 

A pesquisadora chamou a atenção, também, para a vigilância em saúde do trabalhador e APS. “Se diagnostica um agravamento pulmonar, mas ele não é associado a questões de trabalho desse trabalhador. Temos dificuldade de realizar a mais básica vigilância, salientou.  


No último dia do seminário, o pesquisador do Cesteh e ex-diretor da ENSP, Hermano Castro, coordenou a oficina Vigilância à Saúde dos Expostos ao Amianto: Como Atender as Demandas / O que se pode e se deve fazer? Como se dá a relação estado X controle social?
Assista à atividade na íntegra. 



Seções Relacionadas:
Divulgação Científica

Nenhum comentário para: Seminário Internacional de Amianto tem a participação de pesquisadores da ENSP