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Dia Nacional da Saúde e Alimentação: pesquisadoras comentam projeto da ENSP e como as crises mundiais afetam a alimentação

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Publicado em:31/03/2022
No dia 31 de março é celebrado o Dia Nacional da Saúde e Nutrição, data que nos lembra da importância de debater sobre as práticas e políticas alimentares e nutricionais em diversos níveis e aspectos. 
Esse tema torna-se ainda mais relevante diante dos momentos de crise pelos quais passamos, tanto na escala nacional como na global. Certamente, a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia impactaram, em grande medida, nas condições de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) em diversos territórios. As possibilidades de acesso a alimentos de qualidade e a manutenção de práticas saudáveis e seguras em matéria de nutrição, estão extremamente comprometidas para um número cada vez maior de pessoas. 

Tal como advertem as pesquisadoras do Laboratório de Avaliação de Situações Endêmicas Regionais (Laser/ENSP/Fiocruz), Marly Cruz e Santuzza Vitorino, no Brasil, a situação global de Insegurança Alimentar e Nutricional adquire seus próprias nuances, num contexto de desfinanciamento e desmonte das políticas públicas na área e o recrudescimento de problemas persistentes, como a fome. Cabe lembrar que, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, no ano de 2020,19 milhões de brasileiros estavam em situação de fome no país. 
Tal como salientou Marly Cruz, a fome intensificou-se num cenário onde “a crise climática e a crise econômica, interferem na questão do acesso à alimentação. Por isso hoje a crise de fome é tão severa, não víamos tal estado de coisas há muito tempo”. Por sua parte, Santuzza Vitorino mencionou a importância de observar a atual conjuntura brasileira e encarar com seriedade o planejamento e implementação de políticas públicas orientadas a controlar os impactos recentes cuja tendência, infelizmente, é de maior agravamento. 

Vigilância Alimentar e Nutricional e Avaliação participativa

A Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) é uma ferramenta fundamental na geração de informações para conhecer as diversas realidades nutricionais da população. Os dados produzidos nas ações de VAN são estratégicos na organização dos sistemas de saúde, na gestão dos recursos, no desenho de pesquisas inovadoras e na avaliação e criação de políticas públicas eficazes, a fim de enfrentar os problemas atuais relacionados à fome e ao risco de fome. 

As pesquisadoras estudam este tema há mais de 10 anos e desde 2020, dão continuidade a seu trabalho a partir do estudo “Avaliação da Implantação da Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) na Atenção Primária à Saúde (APS) em municípios de grande porte populacional de Minas Gerais”. Por causa do distanciamento social, no marco da pandemia de Covid-19, essa pesquisa vem se desenvolvendo em sua maior parte na modalidade remota. 

O estudo oferece espaços de debate e formação sobre monitoramento e avaliação da VAN no nível estadual e local. Ele conta com a participação ativa de agentes-chave do Estado de Minas Gerais e dos Municípios de Montes Claros e Uberlândia. Nos encontros, vêm participando mais de 30 pessoas, entre coordenadores de APS, profissionais da saúde, representantes dos movimentos sociais e gestores de diversas áreas. 

Uma das características interessantes do estudo é sua metodologia participativa. Como Marly Cruz explicou: “todas as etapas da pesquisa são discutidas de forma conjunta por meio de comitês heterogêneos com diversas representações”. Esse trabalho participativo supõe escuta, encontro e adaptação constante. Nesse sentido, Santuzza Vitorino assinalou como a equipe de pesquisa teve que se adaptar, não somente aos desafios da modalidade online, mas também “ao olhar para cada município na perspectiva da política municipal, e não apenas da nacional” o que representou um ganho na identificação de especificidades sobre as populações consideradas.

Marly Cruz também mencionou a importância das ações de disseminação neste tipo de pesquisas, pois divulgar e comunicar os resultados do projeto não ocorre apenas no final do processo investigativo, mas resultados parciais são compartilhados e validados pelos participantes dos diferentes comitês em diferentes etapas. 
Isso vai ao encontro da premissa orientadora do estudo: produzir conhecimentos que sejam utilizados, de fato, para melhorar os processos de VAN e conseguir informar políticas públicas eficientes de SAN nos municípios selecionados e no Estado de Minas Gerais como um todo. 

Atualmente, a pesquisa está encerrando a etapa de elaboração conjunta dos modelos de avaliação. Ainda neste semestre, serão iniciados os trabalhos de campo para avaliar as ações de VAN nos dois municípios priorizados. Também, para o segundo semestre deste ano, está planejado a realização de um seminário em cada município, envolvendo os participantes da pesquisa e discutindo os resultados da fase anterior. 


A Rede PMA

A pesquisa coordenada por Marly Cruz e Santuzza Vitorino faz parte da Rede PMA, Rede de Pesquisas da Fiocruz pertencente à Vice-presidência de Pesquisas e Coleções Biológicas (VPPCB). Essa rede busca incentivar trocas de conhecimento técnico-científico entre a comunidade acadêmica, os serviços de saúde e a sociedade civil por meio de reuniões, seminários, diversos instrumentos de comunicação e acompanhamento periódico dos projetos. 

Um dos seus objetivos é fomentar a realização de pesquisas aplicadas no campo das políticas públicas e modelos de atenção à saúde, além de contribuir com a cultura colaborativa na produção de conhecimento e de fomentar soluções criativas em saúde pública. Segundo a pesquisadora Marly Cruz, a rede contribui no amadurecimento dos projetos particulares, pois o diálogo construtivo e a troca de experiências enriquece os debates e aprimora as ações dos diversos estudos de forma recíproca.

*Por Thamiris Carvalho em parceria de edição e revisão com as pesquisadoras do Laboratório de Avaliação de Situações Endêmicas Regionais (Laser/ENSP/Fiocruz) Marly Marques da Cruz e Santuzza Arreguy Silva Vitorino

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