Busca do site
menu

Obesidade: pandemia de Covid-19 traz aumento nas taxas no Brasil e no mundo

ícone facebook
Publicado em:04/03/2022

Por Tatiane Vargas

A obesidade é considerada um grave problema de saúde pública uma vez que acomete milhões de pessoas em todo o mundo e vem crescendo vertiginosamente a cada ano, em todas as faixas etárias e em todas as classes sociais. Ela impacta negativamente a saúde ao representar um aumento no risco de desenvolver diversas doenças como alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares, Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, Acidente Vascular Cerebral, além de ser considerada um fator de risco para o agravamento dos casos de Covid-19.

Segundo a nutricionista do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP), Ana Lúcia Fittipaldi, durante a pandemia de Covid-19, observou-se um crescimento no número de indivíduos que apresentaram ganho de peso ou até mesmo obesidade. O confinamento e o distanciamento social, como estratégia utilizada para conter o avanço da transmissão do coronavírus, principalmente nos primeiros meses de pandemia, acarretaram um aumento do sedentarismo, além do consumo de alimentos fornecidos por aplicativos de delivery, com maior oferta de alimentos ultraprocessados, com alto conteúdo calórico.

"As situações vivenciadas durante a pandemia, como as perdas de familiares e amigos, o medo do adoecimento, da perda de emprego e consequentemente dos meios de subsistência, levaram ao surgimento ou agravamento de casos de ansiedade. Os sentimentos de angústia e medo muitas vezes são minimizados com o consumo de maior quantidade de alimentos, ou mesmo de alimentos ricos em açúcar e gordura, muitas vezes de menor custo. Dessa forma, esses fatores podem ser considerados um dos responsáveis pelo ganho de peso durante a pandemia", explicou ela.


Dia Mundial da Obesidade

4 de março é considerado o Dia Mundial da Obesidade. A existência de uma data específica para lembrar e discutir mundialmente sobre obesidade é de extrema importância, uma vez que somente uma ação conjunta e coordenada entre o Estado e a sociedade civil é capaz de abordar esse tema, que é multifatorial e requer ações efetivas abrangentes. As causas da obesidade envolvem aspectos muito além dos individuais, como questões sociais, políticas, culturais e econômicas que impactam no dia-a-dia das pessoas, na forma como se alimentam e se movimentam nas cidades, há de se pensar também em caminhos possíveis para lidar e transformar a realidade que causa um ambiente obesogênico.

Segundo Fittipaldi, é fundamental lidar com o estigma da obesidade, para que as pessoas com excesso de peso não sejam definidas por esse aspecto da sua vida. Para isso, é importante mudar a forma como a obesidade é abordada na sociedade.

"É importante não culpabilizar os indivíduos, uma vez que existe um contexto que leva à obesidade, como as mudanças ocorridas na alimentação ao longo do tempo, privilegiando a praticidade e rapidez com o consumo de alimentos ultraprocessados e refeições fast food; o aumento da oferta pela indústria de uma grande variedade de produtos alimentícios com excesso de sal, açúcar e gordura; a predominância da publicidade de alimentos ultraprocessados nos anúncios comerciais, que apresentam esses alimentos de forma atraente divulgando, muitas vezes, informações incompletas que não evidenciam os prejuízos do seu consumo; a alta nos preços dos alimentos in natura; além de mudanças ambientais que favorecem o sedentarismo", alertou ela. 


O excesso de peso e da obesidade no Brasil e no mundo

De acordo com a nutricionista, é um grande desafio enfrentar o crescente aumento do excesso de peso e da obesidade no Brasil e no mundo. Como alternativa para o enfrentamento desse grave problema de saúde pública, os profissionais de saúde que atuam na Atenção Primária, incluindo os profissionais do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria/ENSP, trabalham com ações de Educação em Saúde com as comunidades para promoção de hábitos de alimentação e de vida saudáveis.

Essas ações têm como principal objetivo conscientizar a população sobre os prejuízos para a saúde do excesso de peso, propiciar um espaço para diálogo e discussão sobre os obstáculos e dificuldades vivenciadas no cotidiano e que impactam na qualidade de vida das pessoas, para assim, propor coletivamente caminhos viáveis para o autocuidado e corresponsabilização entre profissionais e usuários sobre o cuidado em saúde. Segundo Ana, é importante trabalhar a comunicação e a educação em saúde para ampliar a autonomia dos indivíduos nas suas escolhas alimentares.

Um exemplo de como trabalhar a comunicação e a educação em saúde é a utilização do Guia Alimentar para a População Brasileira (publicação do Ministério da Saúde, atualizada em 2014). Ele apresenta em linguagem simples orientações que dão ênfase ao consumo de alimentos in natura e à redução do consumo de alimentos ultraprocessados; orienta sobre a importância de comer em companhia para compartilhar o momento das refeições, além de estimular o desenvolvimento de habilidades culinárias que propiciem o aumento do consumo de alimentos in natura.

"A implementação de políticas públicas de criação e manutenção de ambientes saudáveis é também uma alternativa para proporcionar à população espaços públicos de lazer e atividade física em parques e praças das grandes cidades", apontou a nutricionista do Centro de Saúde Escola da ENSP. 


Seções Relacionadas:
Efemérides

Nenhum comentário para: Obesidade: pandemia de Covid-19 traz aumento nas taxas no Brasil e no mundo