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LER/DORT são as síndromes que mais acometem trabalhadores brasileiros

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Publicado em:25/02/2022
No dia 28 de fevereiro é celebrado o Dia Mundial de Combate às LER/DORT– Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Segundo o Ministério de Saúde, a LER/DORT são “danos decorrentes da utilização excessiva do sistema que movimenta o esqueleto humano e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas, de aparecimento quase sempre em estágio avançado, que ocorrem geralmente nos membros superiores, tais como dor, sensação de peso e fadiga. Algumas das principais, que acometem os trabalhadores, são as lesões no ombro e as inflamações em articulações e nos tecidos que cobrem os tendões”. 
O que reforça o aparecimento dessas síndromes está listado na cartilha da Sociedade Brasileira de Reumatologia sobre LER/DORT. Quando o trabalhador não tem intervalos apropriados, treinamento e condicionamento para a execução das tarefas, posturas adequadas, dentre outros, as lesões aparecem. 

Dados do Saúde Brasil 2018 apontaram que essas síndromes são as que mais acometem os trabalhadores brasileiros. O estudo, que analisou informações entre 2007 a 2016, apontou o crescimento de 184% de trabalhadores atingidos pela doença, principalmente mulheres, de 40 a 45 anos.  Os dados indicavam ainda um crescimento da doença nos anos seguintes. Segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, em 2019, quase 39 mil trabalhadores foram afastados das suas funções por conta das doenças. 

E como tratar LER/DORT? Apesar de existir tratamento, como indicação de fisioterapias e uso de anti-inflamatórios, o foco está na prevenção. E uma das formas de prevenir as síndromes é pela ergonomia, uma ciência que adapta as condições e adaptações do trabalho às características e necessidades do trabalhador. 

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), por intermédio do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), tem diversas intervenções na área, com distintas publicações sobre o tema.  Dentre elas, o estudo de “Análise ergonômica da atividade de quebra tradicional do coco babaçu no município de Itapecuru-Mirim/MA”, que contou com a participação do saudoso pesquisador do Cesteh, Renato Bonfatti, falecido em 13 de janeiro deste ano, importante referência em ergonomia em nossa Escola.

O trabalho de análise realizado por Bonfatti teve como objetivo compreender a situação de trabalho das quebradeiras de coco babaçu à luz dos parâmetros da Análise Ergonômica do Trabalho (AET). O resultado, como demonstrado no estudo, indicou os riscos biomecânicos evidenciados na coleta, no transporte e na quebra dos cocos. Os sintomas osteomusculares foram relatados por 93,5% das 275 participantes. Dores na coluna (58,4%), na região lombar (57%), no ombro direito (31,5%) e nos membros inferiores (30,1%) foram as mais referidas. 

Os resultados concluíram que as avaliações das condições de saúde e trabalho, ratificados pelos relatos das informantes-chave, indicam a necessidade de mudança na atividade de quebra tradicional do coco babaçu. O que aconteceu! Diante do estudo, que previu a necessidade de uma intervenção no ambiente de trabalho dessas mulheres, surgiu uma ferramenta que auxilia muito na vida e na saúde das quebradeiras que participaram do estudo, a criação da mesa de quebrar coco babaçu, que auxilia essas mulheres no alívio de dores causadas pela postura na hora de quebrar o coco. O desenvolvimento da mesa foi uma parceria com o Grupo de Ergonomia e Novas Tecnologias, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, com a contribuição do pesquisador Luiz Ricardo Moreira (Coppe/UFRJ). 

Sobre Renato José Bonfatti:

Servidor da Fiocruz desde os anos 2000, Bonfatti era graduado em Medicina e Filosofia; talvez, por isso, seu jeito tão doce e amável com todos a sua volta. Com vasta experiência na área de Saúde do Trabalhador e Medicina de Reabilitação, atuava, principalmente, nos temas: saúde do trabalhador e ergonomia. Participou de inúmeros eventos, levando importantes contribuições para a área de Saúde do Trabalhador no país. Dezenas de alunos contaram com sua orientação em cursos de especialização, mestrado e doutorado na ENSP e em outras instituições de ensino. O pesquisador deixa extensa bibliografia na área, além de enormes contribuições em projetos desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Projeto Fiocruz Saudável. 


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