Políticas Públicas de Prevenção e Cuidado do HIV/Aids foram debatidas no Ceensp
O pesquisador da faculdade de medicina preventiva Alexandre Granjeiro abordou em sua fala as perspectivas e os dilemas específicos da PrEP, a combinação de dois medicamentos que impedem que o vírus HIV permaneça e se espalhe pelo corpo. Ele citou quatro aspectos para a funcionalidade do tratamento, mostrando dados com os resultados da intervenção em experiência com adultos e adolescentes.
Para ele, o melhor método para pessoas com HIV negativo é o PrEP. “É a melhor janela de oportunidade para reverter o crescimento da doença”, salientou, alertando que a cobertura ampla e a vinculação, retenção e persistência no uso auxiliam no aumento do resultado do tratamento de forma coletiva.
As experiências adquiridas pelo professor mostraram que a ampla cobertura da PrEP depende de fatores como as políticas públicas, estruturais e individuais. “Estigma, desigualdades, desfavorecimentos sociais e violência de gênero afastam muitas pessoas do tratamento”, alertou.
Para que oferecer a PrEP? Esse é um dos questionamentos feitos pelo pesquisador, citando este como um grande desafio do SUS. “As novas gerações, de 95 e 2020, estão contribuindo para a epidemia muito mais do que as outras gerações contribuíram. Se tivesse a tendência, teríamos uma muito mais intensa do que as gerações anteriores”, ressaltou ele chamando a atenção para a geração, não para a faixa etária, já que o índice de contaminação em todas as gerações se deu na mesma faixa etária, na adolescência, considerando esse um fator importante para o oferecimento da PrEP, principalmente para essa nova geração, já que, segundo ele, “a nova geração experimenta mais, porém sem o uso da prevenção”.
O pesquisador salientou também a forma como a propagação da campanha para a intervenção da PrEP deve mudar. “ Não adianta mais a gente estar na praça fazendo isso; precisamos estar em APP de encontro de parceiros. Além de identificar novas formas de iniciar o tratamento.
Além disso, as novas formas de tratamento da PrEP, ainda não disponíveis no Brasil, e a mudança no método preventivo foram pontos de atenção na sua fala.
Potencialidades e Tramas para a prevenção de HIV para pessoas mais vulnerabilizadas em favelas e periferias foi o tema abordado por Katia Edmundo, diretora-executiva da organização da sociedade civil Centro de Promoção da Saúde. A pesquisadora trouxe a experiência do Centro de Pesquisas em Administração (Cepad) em que atua e confirmou que a causa do HIV/Aids é fator de mobilização social. “É importante reconhecer a existência desses movimentos que estão muito invisibilizados, mas podem ser reativados com essa ideia de enfrentamento da Aids de forma coletiva”, ressaltou ela mostrando como a construção da trama, realizada por esses movimentos, é feita de dentro para fora, reconhecendo os interlocutores locais e desenvolvendo capacidades do modo compartilhado.
Outra prática apresentada pela pesquisadora foi a prevenção popular, baseada no território, que, segundo ela, traz a experiência de aproximação, já que os encontros com as pessoas são no território onde elas vivem com a utilização de várias estratégias, como o apoio social. Diante da pandemia, apesar do medo, muitas organizações foram feitas e puderam barrar os desafios que se colocavam devido à introdução da Covid-19 nos territórios. Os pontos-chaves para a prevenção, segundo ela, é a necessidade de aceleração de tratamentos em áreas de vulnerabilidade.
Thiago Morelli, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI/Ministério da Saúde) trouxe para o debate os desafios dos cuidados a pessoas com HIV no Brasil e quais as lacunas que precisam ser enfrentadas. Segundo dados mostrados pelo médico, mais de 900 mil pessoas vivem com HIV no Brasil, dentre elas, mais de 100 mil não conhecem sua condição sorológica. Os gráficos apresentados por Thiago mostram que, no ano de 2020, 88% foram diagnosticadas com HIV, abaixo da meta do ano anterior, 81% em TARV e 95% em supressão viral, ambos maiores que as metas do ano passado.
Segundo ele, reforçando dados dos palestrantes anteriores, a mortalidade por Aids acontece muito por questões de desigualdades de raça/cor. Além disso, Thiago salientou que muitas pessoas não conseguem acessar o sistema de saúde, o que contribui para essa mortalidade. “A ideia é ter um olhar especial para pessoas com imunidade mais vulneráveis”. Além disso, ele abordou que a pandemia impactou muito no tratamento. “A indicativa é que o início do tratamento de TARV seja rápido. Antes, o cenário era de pacientes em diagnósticos avançados; hoje, é mais próximo de doença crônica, já que a descoberta é feita de forma mais rápida”.
Ações comunitárias voltadas para grupos sociais mais vulnerabilizados e o desafio da manutenção dos cuidados também foram abordados pelo médico.
O médico de família e comunidade da Prefeitura Municipal de Florianópolis/SC, Ronaldo Zonta, mostrou o que há de novo e o que trazer para as expansões da estratégia de prevenção e cuidado virtual do HIV/Aids.
A ideia, segundo o médico, é ampliar o acesso aos serviços de prevenção, superar barreiras geográficas, reduzir estigmas por meio de teleconsulta, teleeducação, além de aplicações não clínicas, como o monitoramento de pacientes. O serviço é destinado há populações prioritárias que têm barreiras para chegar até os cuidados presenciais. “O trabalho virtual vem como ferramenta a mais para atingir essas pessoas que têm dificuldades de ter o tratamento”, salientou o médico.
Além disso, os meios digitais são utilizados como prevenção e cuidado em serviços e etapas de cuidados da rede, como atenção primária e outras diversas ferramentas. Como explica o médico, esses meios podem ser utilizados por todos os profissionais, como médicos, enfermeiros, auxiliares, psicólogos, ou seja, todos os profissionais que venham fazer parte desses cuidados.
O médico relatou também as experiências adquiridas com o meio digital, citando a Carteira de Serviços do Cuidado Virtual e o projeto A Hora é Agora, que objetiva responder a uma necessidade de ampliação do acesso à testagem e ao tratamento para populações-chave de homens que fazem sexo com homens (HSH), em que a epidemia do HIV estava crescendo.
Para saber mais sobre o projeto A Hora é Agora, basta clicar aqui.
Assista a atividade completa no vídeo abaixo.
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