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Ceensp debate os obstáculos da Iniciação Científica na pandemia de Covid-19

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Publicado em:11/11/2021
O Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos (Ceensp), realizado na última semana, teve como tema os ‘’Desafios da Iniciação Científica em tempos de pandemia’’. O evento contou com palestras da coordenadora dos programas Pibic e Pibiti/Fiocruz, Maria de Fátima Diniz Baptista, o diretor do Departamento de Capacitação e Apoio à Formação de Recursos Humanos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador do Programa Pibic da Uerj, Ciro Marques Reis, e a pesquisadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP) Cecília Minayo. A responsável pela moderação da atividade foi a pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Daps/ENSP) Luciana Dias de Lima.

Em sua fala de abertura, Luciana afirmou que os programas Pibic e Pibiti da Fiocruz são muito importantes e, durante a pandemia, sofreram grandes desafios por conta da manutenção de suas atividades, e o objetivo do Ceensp era provocar uma reflexão sobre os desafios desses programas.

Maria de Fátima começou sua fala contando um pouco da sua trajetória dentro da Fiocruz e do seu trabalho em prol da melhoria dos programas Pibic e Pibiti, que dão início à toda carreira científica. Em sua apresentação, ela descreveu um pequeno histórico sobre os programas. “Em 1991, ocorreu a criação do Pibic; já em 2007, a criação do Pibiti, ambos em parceria com o CNPq, que, ao longo dos anos, sofreu atualizações de softwares. Em 2020, houve acréscimo de 40 bolsas”, salientou a pesquisadora mostrando os escritórios regionais da Fiocruz pelo país onde os programas estão presentes, como é o caso do Ceará, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rondônia e na África – Maputo, capital de Moçambique.

A missão dos programas na Fiocruz é apoiar a capacitação dos estudantes de graduação da área de Saúde no país, para estarem mais bem capacitados e adaptados no mercado de trabalho. O Pibic conta com 183 novas bolsas, 314 bolsas de renovação e 460 bolsas disponíveis; já o Pibiti conta com 71 bolsas novas, 314 bolsas de renovação e 85 bolsas disponíveis, de acordo com o edital de 2021. Segundo a pesquisadora, os programas, atualmente, contam com algumas atividades dentro da instituição, como as boas-vindas aos alunos no Museu da Vida (este ano, em virtude da pandemia, será on-line), realização de videoaula com temas gerais e específicos de cada área e visita direcionada em grupos ao Castelo, Bio-Manguinhos e Far-Manguinhos (este ano suspensas). Cursos também estão disponíveis no sistema, que podem ser assistidos no horário desejado pelo estudante.

A pesquisadora salientou também que, recentemente, houve acréscimo de cotas pelo CNPq e, com isso, foram oferecidas cotas para recém-doutores. Para tal, os candidatos devem ter obtido o título após 1º de janeiro de 2016 ou mulheres que tenham tido filhos há dois anos. As vagas com ações afirmativas correspondem a 7% para deficientes, 20% pretos e pardos e 3% a indígenas.

‘’Iniciação Científica é o berçário dos cientistas, um lugar fundamental para transformação’’

O Diretor do DCARH, Ciro Marques Reis, apresentou seu trabalho direcionado ao Pibic da Uerj, o qual está completando 30 anos e não serve apenas para formar um cientista, pesquisador ou professor, mas também “para se formar como um cidadão capaz de ser um indivíduo pensante de forma crítica e libertadora”.

O programa foi criado pelo CNPq em 1988, quando a Uerj implementou o Pibic em 1991, recebendo, em 1992, as primeiras 20 bolsas pelo CNPq. Em 1993, como um programa experimental, surgiu a Iniciação Científica Júnior; em 2009, implementou o Pibic Ações Afirmativas e, em 2010, o Pibiti.

O pesquisador conta que, no total, 732 professores atuam no Pibic Uerj por meio de 797 projetos cadastrados, e, em alguns casos, professores recebem duas cotas. A divisão ocorre por Ciências Humanas, com 222 projetos, Ciências Exatas e da Terra, com 141 projetos, Ciências da Saúde, com 121 projetos, Ciência Biológicas, com 89 projetos, Engenharias, com 86 projetos, Linguística, Letras e Artes, com 79 projetos e Ciências Sociais Aplicadas, com 59 projetos.

Já no Pibit, são 68 professores, com 71 projetos. Nesse caso, alguns professores ficam em fila de espera por cotas, uma vez que a Uerj não consegue contemplar toda a demanda interna. A divisão ocorre por Engenharias, com 23 projetos, Ciências Exatas e da Terra, com 16 projetos, Ciências Biológicas, com 13 projetos, Ciências Humanas, com 10 projetos, Ciências Sociais e Aplicadas, com 4 projetos, Linguística, Letras e Artes, com 3 projetos e Ciência da Saúde, com 1 projeto, explicou o pesquisador.

Na Iniciação Científica Júnior, participam 40 professores, por meio de 42 projetos cadastrados, para a qual a Uerj consegue contemplar toda a demanda interna. A divisão ocorre por Ciências Exatas e da Terra, com 12 projetos, Ciências Humanas, com 10 projetos, Linguística, Letras e Artes, com 6 projetos, Ciências da Saúde, com 4 projetos, Engenharias, com 4 projetos, Ciências Biológicas, com 3 projetos e Ciências Sociais Aplicadas, com 3 projetos.

A recomendação do pesquisador, caso queiram iniciar uma iniciação científica, é procurar um professor de sua área de interesse, olhar murais dos departamentos, conversar com amigos que já fazem a iniciação ou entrar em contato diretamente com o DCARH pelo e-mail pibic.uerj@gmail.com.

Ciro citou que os principais desafios, durante a pandemia, são complexos, pois há obstáculos em decorrência de desigualdades socioeconômicas do país, como a necessidade de trabalhar para ajudar na renda familiar, o que acaba comprometendo a atenção exclusiva aos estudos, quando muitos decidem deixar o projeto, ainda mais agora com o contexto da Covid-19. Fora os desafios tradicionais, como a falta de bolsas, deslocamento entre a residência e a universidade por meio de transporte público precário, aluno que desconhece o Pibic e a dificuldade de dedicação por conta das aulas e cobranças do orientador.

A pesquisadora do Claves/ENSP Cecília Minayo reservou seu tempo de fala com um discurso direcionado aos jovens que se dedicam à Iniciação Científica: ‘’Eles (os programas) têm três características insuperáveis do ponto de vista científico: é o momento de iniciação ou de informação de conteúdo teórico da área escolhida, momento de desenvolvimento inicial metodológico e um momento facilitador de entrada para os que têm vocação para pesquisadores na pós-graduação. Observamos perfeitamente os que estudam e estão com a gente e vão fazer carreira, que se encantaram pela pesquisa, e acabamos tendo um pacto entre pesquisador-estudante.’’

Ela cita, ainda, a importância da Iniciação Científica no pensamento crítico, pois, segundo ela, ambos caminham juntos. Além disso, é possível perceber que há situações não resolvidas, que podem vir a ser tema de mestrado e doutorado.

Assista a atividade no link abaixo:


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