Observatório Covid-19 se consolida como importante estratégia de informação e comunicação
Criado a partir de uma decisão institucional para desenvolver análises integradas, tecnologias, propostas e soluções para enfrentamento da pandemia de Covid-19 pelo SUS e pela sociedade brasileira, o Observatório Covid-19 Fiocruz consolidou-se como uma das mais importantes plataformas de formulação de análises e produção de informações sobre a pandemia. A credibilidade conferida aos seus produtos vem sendo uma importante ferramenta para produzir conhecimento, subsidiar decisões públicas e pautar a mídia do país e exterior. A importância que o Observatório adquiriu durante o período de emergência sanitária esteve na pauta da semana comemorativa dos 67 anos da ENSP, na quarta-feira (1/9), em palestra dos pesquisadores Carlos Machado e Margareth Portela.
Coordenador Geral do Observatório Covid-19, Carlos Machado lembrou que a plataforma foi criada em 22 de março de 2020, após reunião com a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e outros 10 pesquisadores da instituição para discutir o panorama da pandemia. O site foi lançado logo depois, em 1 de abril, e sua estrutura foi organizada em quatro grandes eixos: Cenários Epidemiológicos; Medidas de Controle e Organização dos Serviços e Sistemas de Saúde; Qualidade do Cuidado, Segurança do Paciente e Saúde do Trabalhador; e Impactos Sociais da Pandemia.
O pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da ENSP (Cepedes) destacou alguns documentos produzidos pela equipe multidisciplinar do Observatório, como o relatório entregue ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), em resposta à solicitação do órgão sobre as medidas de distanciamento social no estado do Rio de Janeiro, e as cartilhas com as recomendações sobre formas mais seguras de passar o Natal, o réveillon e a Páscoa. Citou também a edição do boletim de 23 de março de 2021, que apontou o colapso no sistema de saúde do Brasil para o atendimento de pacientes que exigiam cuidados complexos para Covid-19, e a edição especial sobre as 500 mil mortes pelo vírus no país.
Outros produtos lançados em parceria com a Editora Fiocruz, como os e-books “Os Impactos Sociais da Covid-19 no Brasil: populações vulnerabilizadas e respostas à pandemia” e “Diplomacia da Saúde e Covid-19: reflexões a meio caminho” foram citados por Machado durante a apresentação no aniversário da ENSP, assim como a parceria com O InfoGripe, o MonitoraCovid-19, a Coordenação de Comunicação Social da Presidência, o Portal Fiocruz e diversas unidades da Fiocruz.
Plataforma de credibilidade
A pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da ENSP Margareth Portela revelou que o Observatório foi pensado como um espaço para agregar trabalhadores da Fiocruz e contribuir em diferentes temas no enfrentamento à pandemia. “O Ministério da Saúde suspendeu a divulgação dos boletins e, como já tínhamos passado pela experiência de redigir notas técnicas a pedido do MP, concluímos que queria importante o monitoramento de alguns indicadores”, relembrou Portela detalhando que a plataforma acompanha a incidência de casos, mortalidade e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que passou a ser incorporada como um grande marcador da pandemia. “Outro indicador foram os leitos de UTI. Todo mundo ouviu falar no termo achatar a curva para melhorar o sistema de saúde”, afirmou.
A pesquisadora citou a credibilidade que o Observatório adquiriu durante a pandemia e sua inclusão na Capes como um caso de sucesso da Pós-graduação da ENSP. “Estamos cumprindo um papel relevante. Não é um trabalho intelectualmente desafiante, mas está sendo o trabalho mais importante das nossas vidas profissionais. Nos tornamos um time com muita responsabilidade para falar pela Fiocruz. Tem sido um imenso aprendizado esse trabalho coletivo”.

Carlos Machado concluiu. “Esse trabalho reflete o compromisso dessa instituição com a saúde, está no nosso DNA. Esse engajamento deve estar marcado na formação dos nossos alunos e nas nossas vidas. O país está passando por um momento muito difícil, e assumimos um compromisso de oferecer aquilo que sabemos e podemos fazer. A Fiocruz atua em várias frentes na pandemia, passando pelo INI, o Centro de Saúde, Bio-Manguinhos, as regionais, mas nossa participação também foi num tema central: informação e comunicação. Agradeço a todos aqueles que participam do cotidiano do Observatório e a toda equipe. Lembro também o apoio que o ex-diretor Antônio Ivo nos deu para a criação do Cepedes. Agradeço-o por enxergar a importância de um tema tão fundamental”.
Democracia é saúde, saúde é democracia
Na mesa de abertura, Lisâneo Macedo Moreira Melo, representante dos trabalhadores no Conselho Deliberativo da ENSP, lembrou as vítimas da Covid-19 e saudou toda a força de trabalho da Escola, em especial os trabalhadores da assistência do Cesteh, Centro de Saúde Escola Germano Silval Faria e Centro de Referência Professor Hélio Fraga pela luta contra o vírus. Parabenizou também os professores da instituição pela adaptação às aulas remotas e os profissionais da gestão, que trabalharam intensamente na pandemia para não comprometer o funcionamento da Escola.
Em seu discurso, falou sobre a missão da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. “O aniversário da Escola é uma oportunidade de reafirmar o compromisso da instituição com o país. Esta casa atuará sempre na defesa da saúde pública do Brasil e de um SUS mais fortalecido, público, universal e integral”.
A pesquisadora Gisela Cardoso, que representou o Conselho Deliberativo na mesa, destacou o momento oportuno de reflexão sobre os últimos meses de pandemia e enalteceu o CD como espaço seguro, de trocas, compartilhamentos e busca de soluções institucionais para a crise. “As atividades inseridas na programação do aniversário foram pontos de pauta no CD. É gratificante observar como as discussões ganharam amplitude e relevância. A pandemia fez com que tivéssemos que nos reinventar nas práticas pedagógicas e nas pesquisas. Alguns temas adquiriram grande importância como a vigilância, e destaco as vigilâncias articuladas com os territórios, que possibilitaram uma construção compartilhada do saber, para além do conhecimento cientifico”.
Marco Menezes, diretor da ENSP, relembrou os 80 anos de Sergio Arouca, a importância do seu legado para as discussões da atual conjuntura e a famosa frase “Saúde é democracia, democracia é saúde”, recuperada na 16ª Conferência Nacional de Saúde, para reforçar que o país caminha na contramão desse processo. O diretor solidarizou-se com as vítimas da Covid-19 e afirmou que a pandemia chegou num país de desigualdades estruturais, se agravou e revelou novas desigualdades. “Isso nos remete a uma discussão profunda sobre os impactos, que são grandes na população brasileira, mas são muito mais profundos nas populações em situação de vulnerabilidade. Vivemos na contramão do processo da Reforma Sanitária Brasileira”.

Menezes destacou a atuação da gestão anterior no enfrentamento à pandemia e a condução das atividades da ENSP. Além de reforçar o papel do CD ENSP, citou o início de um novo ciclo de gestão na Fiocruz a partir das eleições nas unidades. “Estamos no início de um novo ciclo de gestão, o que é muito importante para reafirmar o processo democrático e participativo desta instituição. E nosso CD é um ponto estratégico para pensar agendas e ações estratégicas. Reforço a importância dessa Escola a nível nacional, internacional e sul-sul. A defesa da saúde pública, do conhecimento científico e da democracia são três pontos indissociáveis na condução diária da ENSP".
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